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Pernambuco no centro dos investimentos da UnitedHealth Group Brasil

Publicado em: 28/04/2019 10:00 | Atualizado em: 26/04/2019 15:59

 (Foto: UnitedHealth Group Brasil/Divulg)
Foto: UnitedHealth Group Brasil/Divulg
No comando do Complexo Hospitalar Santa Joana Recife desde 2015, o UnitedHealth Group Brasil está ampliando os serviços oferecidos na unidade e na excelência do produto oferecido na unidade, que está completando 40 anos. Com investimento previsto de R$ 140 milhões na construção de uma nova torre no hospital, Pernambuco passa a ocupar o centro dos investimentos do grupo no Nordeste. Em passagem pela capital pernambucana, onde esteve visitando a unidade hospitalar, o presidente do  UnitedHealth Group Brasil, Claudio Lottenberg, conversou com exclusividade com o Diario de Pernambuco. Na entrevista, o executivo fala da crise que assola o setor e a importância de novos modelos de atendimento, que foquem no paciente e ofereçam tecnologia na medida certa.

Sabemos que os maiores investimentos do grupo estão concentrados no Nordeste. De quanto é o montante disponibilizado para os próximos anos e porque investir na região?

O Santa Joana Recife é o maior investimento que estamos fazendo no Nordeste. Serão investidos R$ 140 milhões na construção de uma nova torre que irá ampliar significativamente o complexo hospitalar Santa Joana Recife. A fundação já está totalmente finalizada. Ali, dobraremos o número de leitos, para mais de 300; somaremos 15 novos andares dedicados à assistência; e ofereceremos um centro cirúrgico com mais dez salas equipadas com toda tecnologia, para intervenções em Cardiologia, Neurologia, Ortopedia, Robótica e demais especialidades cirúrgica;. Medicina de excelência circundada por dois mil metros quadrados de área verde, trazendo mais conforto para pacientes e acompanhantes.

Em 2015, em meio à crise econômica, o complexo hospitalar Santa Joana Recife passou a integrar o UnitedHealth Group Brasil, porque focar em Pernambuco naquele momento?
A aquisição do hospital Santa Joana Recife pelo UnitedHealth Group Brasil se deveu à excelente reputação da instituição e o desejo da empresa de ampliar nossa atuação no Nordeste. Naquele momento, em 2015, o Santa Joana Recife já se destacava no cenário hospitalar brasileiro. No auge dos seus 40 anos, continua expandindo suas boas práticas médicas e aplicando medicina de qualidade para seus pacientes, além de continuar sendo referência em pioneirismo no estado de Pernambuco, sendo, inclusive, um dos primeiros hospitais do país a adotar padrões internacionais de qualidade.

O Santa Joana Recife se prepara para receber o Americas Oncologia, serviço que já é referência nacional na especialidade. Esta é uma área estratégica para os próximos anos? O que seria um diferencial para a unidade pernambucana?
O Americas Oncologia é o primeiro centro de excelência que estamos aportando no hospital, que, aliás, já tem uma excelente equipe. Estamos contratando novas equipes, ampliando a capacidade de atendimento e trazendo novidades como o coaching para pacientes. O diferencial do Americas Oncologia é oferecer uma linha completa e integrada de cuidado, do diagnóstico ao tratamento, baseado em acolhimento, agilidade, atenção individualizada e tecnologia avançada.

Hoje qual o cenário que Pernambuco representa para o grupo?
Trata-se de uma região importante para a Americas Serviços Médicos, que quer ter unidades de referência nas principais capitais brasileiras onde estão os beneficiários de planos de saúde; as empresas contratantes de serviços da saúde suplementar; as instituições médicas de relevância; além de universidades e escolas técnicas formando profissionais de alta capacitação técnica. Tradicionalmente e desde sempre Pernambuco formou excelentes médicos. Continuaremos o nosso investimento em infraestrutura, em tecnologia, em padronização de processos e na experiência do paciente para assegurarmos uma medicina hospitalar de excelência no estado. Queremos buscar excelência em todo nosso sistema de assistência.

Como o setor de saúde suplementar vem reagindo ao comportamento da economia e o alto índice de desempregados no país?
O setor está estagnado. Para crescer, depende de uma economia vibrante. Neste momento, ela está travada, em razão das reformas que precisam acontecer em nosso país. Se superarmos esse momento, alcançando estabilidade de natureza política e sobretudo de ordem jurídica, todo o resto será uma consequência muito simples de acontecer. Temos problemas restritos à nossa área, a começar pela regulação. O setor precisa rever as mecânicas moderadoras, reorganizar as práticas assistenciais da saúde dentro dos melhores protocolos e, sobretudo, entrar de forma acelerada no mundo digital. Esse último movimento é aquele que pode nos preparar para os desafios das próximas décadas, quando os problemas do envelhecimento e da sustentabilidade se acentuarão.

Diante deste cenário, como o setor hospitalar pode reagir?
Existem diversos caminhos para reação, um deles é o aperfeiçoamento contínuo para obter os melhores resultados para os pacientes. A intensificação da medicina baseada em evidências; a adoção de modelos de remuneração que privilegiem o desfecho clínico; e a tecnologia não apenas no tratamento mas na previsibilidade da evolução das doenças levarão cada vez mais qualidade e segurança para pacientes de hospitais. Nesse sentido, a tecnologia que possibilita a digitalização, a análise de dados e o cruzamento de informações de forma rápida e eficiente é o fundamento de um hospital de qualidade.

Para o senhor, o que é medicina de qualidade?
Medicina de qualidade é aquela que busca entregar o que é mais adequado e necessário para o paciente. Ou seja, o cuidado certo para ele, de forma integral, com uma atenção médica próxima e coordenada, para que o doente não se perca pelo sistema de saúde quando busca a solução para a sua doença. A medicina de qualidade coloca o paciente no centro de tudo, valorizando a experiência do paciente e de seu familiar.

É possível imaginar alternativas para que os planos de saúde custem menos?
Sim, é possível. No nosso grupo, investimos consistentemente para ampliar as competências da organização em gestão de assistência médica, em serviços médico-hospitalares e em insights clínicos baseados em alta tecnologia. Essas competências são nossos fundamentos para aumentar o acesso à saúde suplementar, reduzindo custos desnecessários e aperfeiçoando os resultados em saúde para as pessoas às quais servimos. No Brasil, os gastos desnecessários na saúde atingem números alarmantes. Segundo análise feita pelo Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), 19,1% das despesas assistenciais no país em 2017 foram frutos de desperdícios e fraudes, que totalizam R$ 27,78 bilhões. Verba altíssima que, se aplicada de forma correta, melhoraria muito a qualidade dos atendimentos e diminuiria os custos médico-hospitalares. Zerar um valor tão alto de desperdícios não será tarefa fácil.

Como, na sua visão, este problema deve ser enfrentado?
Em conjunto. Os planos de saúde, por exemplo, precisam aumentar cada vez mais o uso de modelos de remuneração com indicadores de resultados que avaliem o desfecho clínico para o paciente em detrimento do fee for service(pagamento por serviço), que ainda prevalece no mercado brasileiro e valoriza mais a quantidade do que a qualidade dos procedimentos médicos. Os prestadores de serviços e os hospitais, em particular, devem dar maior transparência a dados que não são só de produtividade, mas também de desfechos, performances e até inconformidades. Em relação aos profissionais de saúde, a valorização dos generalistas, como os médicos de família, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) podem resolver 85% dos problemas dos pacientes, desafogará os especialistas para que se dediquem a casos de alta complexidade. E até mesmo os pacientes podem ajudar, com atitudes simples, como guardar seus exames mais recentes (fisicamente ou digitalmente) e levá-los em consultas posteriores para evitar repetições desnecessárias.

Hoje o uso de tecnologias é cada vez mais frequente nos hospitais (e o Santa Joana é um exemplo). Por outro lado, os críticos falam da desumanização do atendimento. Qual a sua opinião sobre o assunto?
Não queremos nem podemos abdicar do olhar do profissional, que valorizamos muito na nossa organização. É por meio das pessoas que conseguimos oferecer um atendimento qualificado e acolhedor, tornando a experiência delas cada vez melhor. Não deve haver ruptura entre humanização e tecnologia. O fato é que o mundo analógico está dando lugar para o mundo digital e a saúde ainda tem um descompasso muito grande com esta velocidade. Prontuários eletrônicos, telemedicina, inteligência artificial. Sou a favor da aplicação correta dessas novas práticas, que permitirão um salto na qualidade e na quantidade dos atendimentos médicos no Brasil. A questão é buscar a forma mais segura de se fazer isso. O ponto de partida é o da qualidade do atendimento, elemento central da prática assistencial. O mundo digital consegue aproximar “universos” que antes não se falavam, acelera relações até então inexistentes e propõe respostas para quem nunca as teve.
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