“Identificada a anormalidade, a imagem é marcada e enviada já com o resultado para o biomédico que será responsável por conferir e confirmar o diagnóstico. Isso tudo ocorre em menos de 10 minutos, com praticamente chance 0 de erros, o que representa um ganho de produtividade para os laboratórios de até 50%”, explica o CEO, Paulo Melo. Segundo ele, com esse processo, é possível realizar desde contagens simples de hemácias num hemograma até a identificação de células cancerígenas. “O nosso produto permite a customização dos exames. Podemos identificar qualquer aspecto que seja procurado pelo olho humano através do microscópio. Já recebemos algumas propostas para desenvolvermos, inclusive, produtos voltados para a agricultura ou o mercado pet, porém queremos continuar focando nos exames para humanos porque sabemos que existe um impacto social nisso”, revela.
Buscando disponibilizar seus produtos para grandes redes e pequenos laboratórios, a Pickcells deve começar a comercializar os pacotes de exames em janeiro de 2019 e já está recebendo investimentos privados para aprimorar tal objetivo. “Os exames são essenciais para diagnósticos corretos e para a medicina preventiva. Sabemos que quase 70% da população brasileira não tem acesso aos planos de saúde então queremos levar os diagnósticos até os laboratórios de bairro e, para isso, estamos recebendo apoio da rede Sabin de Medicina, cuja primeira startup a ser investida pela venture que eles criaram este ano foi a Pickcells”, reforça Melo. Nesta semana, inclusive, a startup também foi aprovada pelo Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e receberá cerca de R$ 150 mil de investimento numa seleção de nove empresas entre 70 projetos inscritos de todo o Brasil.
“Recebemos propostas de empresários portugueses que têm interesse de levar essa solução para a Europa, África e China. Queremos em 2019 comercializar o nosso produto dentro e fora do Brasil”, completa. E, em alguns anos, a visão de Paulo Melo para o negócio iniciado em 2015 é ainda mais ousada. Ele quer vender os kits de diagnósticos para os consumidores finais, ou seja, para a população em geral. “A gente poderia usar a tecnologia para ficar milionário mas porque não ajudar a nossa sociedade com algo que pode salvar vidas e baratear o custo da saúde no Brasil? Tem exames de citogenética (que estuda os cromossomos) que a gente consegue fazer as duas partes manuais em minutos e por um valor bem abaixo dos R$ 5 mil que hoje é cobrado. O exame rápido de tuberculose leva, em média, duas horas, e a gente consegue fazer em dois minutos. Queremos deixar essa contribuição social.”