Com a concorrência crescendo também de olho na mesma fatia desse mercado promissor, Bastos garante que não se preocupa com os “vizinhos”. Segundo ele, a proposta do Mundo Pet difere das demais, sobretudo quando se pensa em pet shops. A rede aposta em um amplo espaço de convivência, com cenografia composta por árvores naturais e artificiais, atrações frequentes, como shows de adestramento, agility e desfile de moda, que motive o lazer em família e, consequentemente, o consumo de produtos e serviços das lojas. É tanto que, em Fortaleza, o grupo ganhou o apelido de a Disney dos pets, mas sem esquecer do social, já que atua em parcerias com ONGs em um trabalho de estímulo à adoção de animais abandonados.
“Nosso maior desafio é descaracterizar o pet como um espaço de compras de ração, banho e serviços veterinários. Temos tudo isso, mas gostamos de atrair as crianças e pessoas em geral pelo que oferecemos, com eventos e festas semanais, um minizoológico doméstico e café, ou seja, é um local para relacionamento, onde as pessoas se encontram para se divertir, bater um papo ou fazer uma reunião”, explica Bastos, que tem como maior fatia do seu faturamento, 78%, o varejo.
A Mundo Pet entra no perfil de negócio das chamadas pet superstores - grandes lojas voltadas aos animais de estimação -, que, segundo a empresa global de pesquisa de mercado Euromonitor Internacional, é uma tendência nesse segmento. Esse modelo já representa 7,4% das vendas de pet care no país e movimentou, somente em 2017 com produtos, R$ 1,3 bilhão.
Apesar dos pet shops ainda representarem 44% do total das vendas, graças a uma maior penetração em áreas menos urbanizadas, de acordo com a Euromonitor, essa fatia tende a diminuir com a chegada, mais robusta, das grandes cadeias de lojas do segmento, que agregam no mesmo espaço um número variado de serviços, produtos e entretenimento.
Quando o destino bate à porta e muda o futuro
A porta de entrada de Bastos no mundo pet foi como handler, profissional especializado em treinar e apresentar cães nas exposições caninas. O passo adiante veio ao abrir um pet shop em Fortaleza, há cerca de 23 anos: o Faro Fino. Mas o empresário tinha o sonho de um dia ter uma megaloja, ao estilo da Mundo Pet. “Comecei com uma loja de 48 metros quadrados. Depois de um tempo, um cliente me chamou:. ‘André, vem olhar minha agência de viagem no bairro do Meirelles!’ Quando cheguei lá, falou: ‘Monte uma Faro Fino aqui, no lugar dela, e te dou um ano de carência’. Hoje, o meu filho administra as três unidades que criei”.
Depois, começaram a me procurar para tentar franquear a marca. Mas não queria. Preferia dar o suporte e montar a loja do clientes e ter um concorrente que gostava de mim. Nessa época também ministrava palestras sobre empreendedorismo.
Após quase duas décadas, o sonho de Bastos já havia se perdido na memória, acomodado com o que já havia conquistado. Foi aí que, há cerca de cinco anos, o destino bateu em sua porta. “Estava na zona de conforto. Já pensava mais em outros planos longe da loja. Três caras de terno entraram na minha sala e começaram a perguntar sobre o mercado de pet. Pensei que eles queriam comprar minhas lojas, algo que já estava pensando, ou ser meu concorrente. Como nunca tive medo de concorrência, falei de tudo: do mercado europeu, asiático...”, conta Bastos. “Eles foram para a Europa e me ligavam sempre tirando dúvidas. Quando voltaram, cerca de um mês depois, disseram que tinham uma proposta e perguntaram se eu toparia ir a São Paulo. Quando cheguei lá, perguntaram se eu estava disposto a realizar meu sonho”, acrescenta o empresário.
Os homens de terno eram investidores e estavam dispostos a transformar o sonho de André Bastos em realidade em troca de um retorno financeiro com o sucesso do negócio. “Fui na Cobasi (gigante do setor, que abriu sua primeira loja no Nordeste, quinta-feira passada, no Shopping Recife), e passei dois dias dentro da loja anotando tudo sobre preço para apresentar um business plan”.
Cara de um, focinho do outro!
“Essa é uma tendência que não tem volta. As pessoas querem que seus animais de estimação consumam igual a elas. Então, temos vinho e cerveja para pets. Na nossa seção na padaria, temos petiscos 100% orgânicos. Somente a gente no Nordeste tem alimentos com selo livre de transgênico”, conta Bastos, reforçando que muitos dos produtos são importados dos EUA, China, Alemanha e Coreia.
Outra exclusividade no Brasil que a Mundo Pet vai apresentar, segundo Bastos, é a coleira com chip de localização, para os donos localizarem seus animais em caso de perda ou, até mesmo, roubo. Outro produto que o empresário aposta é o babá dog, a babá eletrônica para cachorro. O dono, com o seu celular, pode do trabalho estar acompanhando seu animal em casa. Através de um trabalho de parceria com concessionárias, o Mundo Pet também vai “casar” a venda de kits de segurança de animais nos veículos.