Economia

As memórias afetivas dos moradores da Várzea

Uma nasceu no bairro, os outros dois chegaram depois. Mas eles são só adjetivos para a região

Responsável por reunir alguns dos principais pontos turísticos do Recife, o bairro da Várzea também é cenário para diversas lembranças para quem nasceu e foi criado no local. Com diversos pontos de diversão e cultura, não é de se admirar que o bairro seja tão querido pelos moradores e visitantes. Um dos nomes de destaque da região é Betão Pessoa, um dos produtores do Festival de Inverno da Várzea, o autônomo que fincou raízes no local há 47 anos e hoje é conhecido por toda a comunidade. Já Cynthia Medeiros, 26, é turismóloga e utilizou o bairro da Várzea como objeto de estudo para o seu trabalho de conclusão de curso. Com o artista plástico Genezio Barbosa, a paixão pela Várzea chegou nos anos 1990, quando se mudou para o Recife e para o bairro. Foi com eles que o Diario de Pernambuco conversou para saber um pouco mais sobre os pontos positivos e negativos da região.

Quando chega algum turista ou visitante na Várzea, quais são os locais que você o leva para conhecer e por quê?

A infância de Cynthia Medeiros foi marcada pelo bairro da Várzea. Foto: Arquivo Pessoal

Betão - O Pátio da Igreja Matriz é o primeiro lugar que levo as pessoas, já que é um centro histórico dentro do bairro. Durante a visita, costumo contar a história da fundação da Várzea, como os holandeses foram expulsos daqui e a cultura que eles deixaram. Reza a lenda que Felipe Camarão foi enterrado na igreja, mas não existe nenhuma confirmação oficial.

Genezio - Sempre indico o Instituto Ricardo Brennand. Pela sua infraestrutura, o bom acervo de materiais históricos, além de ser um ótimo passeio turístico, já que conta com monitores e diversas informações. Acho um espaço bom para visitas.

Quais são as suas principais lembranças da infância na Várzea?

Cynthia - A praça na frente da minha casa é a primeira coisa que eu lembro da minha infância. Ela se chama Praça Anexa João Francisco Lisboa, mas gosto de chamar da Praça do Bom Gosto (nome antigo da rua). Tenho várias memórias ali. Passei minha vida toda brincando naquela praça, conhecendo pessoas, vivendo histórias. Normalmente quem ia me visitar sempre parava em um dos bancos de lá.

Betão gosta de contar as histórias do bairro para os visitantes. Foto: Arquivo Pessoal

Genezio - A minha primeira lembrança do bairro são os trilhos dos bondes na Praça da Várzea. Eles despertaram meu interesse em pesquisar mais sobre isso e me questionar porque esse tipo de transporte não existe mais.

Se você pudesse mudar alguma coisa no bairro da Várzea, o que seria?

Cynthia - Por ser o local da minha infância, me preocupo muito com a praça em frente à minha casa. Se pudesse mudar alguma coisa, gostaria que ela fosse melhor iluminada e cuidada.

Betão - O número de empreendimentos no local está crescendo muito. Se eu pudesse, daria uma freada nisso. Está parecendo uma invasão de grandes construtoras. A Várzea é um dos poucos bairros do Recife que ainda possui um grande espaço de mata pesada e o avanço das construções acaba limitando esse espaço, que é tão importante.

Genezio considera a Várzea um bairro bucólico com histórias embaixo dos asfaltos. Foto: Arquivo Pessoal

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