Além disso, o pleito foi oficializado em uma carta conjunta enviada à direção da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) e assinada pelos sindicatos dos produtores de álcool de Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e Bahia, além da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana). Os documentos defendem que, além de minimizar a escassez do biocombustível nas bombas, haverá redução no preço do litro do álcool, já que a logística de entrega será reduzida.
“No período de crise houve a constatação de que se deve eliminar questões antieconômicas. Com a venda direta haverá duas fontes de abastecimento onde a logística couber. Nosso objetivo é reduzir o passeio desnecessário do etanol para que haja uma maior racionalidade de custos com alternativa aos postos. O posto teria duas opções: a compra com o distribuidor ou com o produtor. É claro que as certificações de qualidade continuariam existindo. Toda usina para vender um etanol tem que anexar um certificado de qualidade. Essa medida não seria suspensa. O que buscamos é a eficiência no suprimento e o combate a uma política antieconômica”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), Renato Cunha.
De acordo com o presidente da Feplana, Alexandre Andrade Lima, a mudança pode, inclusive, melhorar o preço do produto ao consumidor. “Na hora que as unidades industriais tiverem opções de venda do produto, melhora o preço final do produto e também o valor da nossa cana. O valor da cana é decorrente do preço do etanol e do açúcar que as usinas vendem. Quanto melhor elas venderem, melhor para as usinas e para nós, fornecedores. Isso não significa que os distribuidores vão acabar. Esse modelo de venda direta funciona melhor para os postos que estão próximos das usinas porque reduz o frete. Mas as duas opções de venda são importantes”, pontua Andrade Lima.
Segundo Renato Cunha, Pernambuco, Goiás, Minas Gerais e São Paulo já estudam, inclusive, como seria essa forma alternativa de tributação. “Isso porque se sair uma determinação de ANP, eles já têm alternativas em análise”, diz.
Nordeste conta com 60 indústrias de álcool
“O consumo de etanol para fins veiculares é na faixa de 27 bilhões de litros, então há uma sobra de produto que é destinado à exportação e outros fins. A maior parte do etanol produzido em solo nacional é o chamado hidratado, que é justamente o que tem como destino os postos de combustíveis: são 16,7 bilhões de litros. Ou seja, a produção de hidratado equivale a 58% da produção nacional de etanol”, explica o presidente do Sindaçúcar/PE, Renato Cunha. Outro álcool produzido no país é o anidro. “Esse é utilizado na mistura para a gasolina e tem que ir para a base do distribuidor, que é onde é realizada a mistura. Isso reforça ainda o papel importante do distribuidor”, explica.
No Nordeste, a produção de álcool já chegou a 2,3 bilhões de litros. Mas as condições climáticas reduziram a plantação da matéria-prima e os números foram reduzidos. “Em Pernambuco, na safra 17/18 a produção já chega a 325 milhões de litros, sendo 232 milhões de litros de álcool hidratado. Esse volume é similar à safra passada”, estima. O estado conta com 13 usinas produtoras de etanol.