Economia

Apesar da crise, número de milionários no Brasil continua crescendo

Número de milionários no país alcançou 117,4 mil em dezembro de 2017

As aplicações dos brasileiros em produtos financeiros atingiram R$ 2,7 trilhões no ano passado, o que indica aumento de 11,8% na comparação com 2016. Os resultados fazem parte de relatório da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que consolida os investimentos das 73,7 milhões de contas dos segmentos de varejo e de private banking das instituições do país. Neste último canal criado pelos bancos para atender clientes de alta renda e somando-se a esse universo aqueles com ao menos R$ 1 milhão aplicados, o país contabilizou no ano passado 117.421 milionários.

De costas para a crise da economia, que afeta 13 milhões de desempregados, esses aplicadores especiais encerraram 2017 com recursos de R$ 964 bilhões ao todo, representando 36% de toda a carteira de investimentos analisada no estudo pela Anbima. O grupo de milionários cresceu 4,8%, avaliado do ponto de vista do acréscimo superior a 5 mil contas ante o resultado de 2016. Naquele ano, era 112.036 brasileiros com mais de R$ 1 milhão aplicados e um total de R$ 831,6 bilhões mantidos nas duas linhas de aplicações de alta renda.

Com a taxa básica de juros pela primeira vez em 6,75% ao ano, a tendência é de busca por investimentos de maior risco, visto que os produtos de renda fixa perderam parte do apelo com a Selic (que remunera os títulos do governo no mercado financeiro e serve de referência para as operações nos bancos e no comércio) mais baixa.

Considerando-se apenas o segmento de varejo, do recurso global de R$ 1,69 trilhão ao final do ano passado, acréscimo de 9,5% frente ao período anterior, R$ 664,2 bilhões estavam na poupança, o que significa aumento de 8,8% ante 2016. Enquanto isso, a proporção de títulos e valores mobiliários caiu 7,4%, para R$ 492,1 bilhões.

A maior expansão de recursos foi observada na fatia dos fundos de investimento, de 32,8% de um ano para o outro, a R$ 538 bilhões no final de 2017. Segundo o presidente do comitê de varejo da Anbima, José Rocha, o aumento do ritmo da queda de juros já vem sendo demonstrado pelo avanço dos investimentos em fundos.

Segundo ele, há maior procura nos fundos ativos, como multimercados e de renda variável. “Isso já mostra mais maturidade do investidor do varejo e deve continuar”, disse, em teleconferência com jornalistas.

Rocha destaca que o aumento dos volumes direcionados para a poupança também demonstra melhora da economia. “A poupança é muito forte no varejo tradicional. É o seu porto seguro e grande parte não vai abrir mão, mesmo com rentabilidade menor”, diz.

Carro-chefe O presidente do comitê de private banking da entidade, João Albino, aponta que para este ano a projeção é de otimismo no setor. Os investimentos em previdência aberta, destaque no segmento private em 2016 e 2017 – houve crescimento de 27,6% no ano passado –, deverão seguir como carro-chefe. “Hoje, a performance de Previdência melhorou muito com a flexibilização de regras. A oferta de produtos é grande e existe o apelo fiscal e tributário”, afirma o executivo, destacando que enxerga muito espaço para crescimento.

Ainda no segmento private, uma tendência é o alongamento da carteira de investimentos. Para isso, o cliente deverá abrir mão de parte da liquidez de seu portfólio. Albino destaca que, entre esses clientes, outra mudança foi o aumento do crédito tomado, que subiu 11,8% no ano passado. O executivo frisou que os juros em níveis baixos têm atraído os clientes a preservarem sua liquidez e buscarem crédito a taxas atrativas junto aos bancos. Albino avalia que o crescimento do crédito deve se concentrar em fiança e no imobiliário.

Reinado mantido 

As aplicações na tradicional caderneta de poupança, depois de cair 1% dois anos atrás, deram uma reviravolta no ano passado, com expressivo crescimento de 9% e montante no valor de R$ 665,7 bilhões.Em 2016, o volume de captações tinha aumentado apenas 1%. Foi o segundo tipo de investimento mais procurado pelos brasileiros, segundo o relatório divulgado ontem pela Anbima.

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