A sala de aula tradicional tem se reinventado para abraçar os novos desafios traçados pela tecnologia. Muito além do domínio da matemática e da língua portuguesa, é preciso criatividade para alcançar solidez em tempos de crise. Agora, a palavra de ordem é engenhosidade. Ser inventivo, habilidoso e ter soluções rápidas passou a ser o diferencial para quem quer ter dinheiro no bolso. E aprender a como conquistar tais adjetivos tem se tornado uma necessidade cada vez mais cedo. Em consonância com a nova realidade do mercado e preocupado com o preparo da nova geração, o Colégio Souza Leão, em Candeias, Jaboatão dos Guararapes, aposta em um projeto inovador para mudar a forma de pensar o futuro dos alunos da 8ª série.
"Existe muito além de advocacia, engenharia e medicina. As aulas de economia criativa conseguem abrir a nossa mente para essas novas ideias e oportunidades para empreender", ponderou o estudante Leonardo Freitas Coutinho, de apenas 14 anos, um dos alunos da turma. O pensamento do adolescente é reflexo do projeto aplicado pela instituição. "Nós sabemos que a escola precisa se adaptar às mudanças. Insistir em um modelo de ensino que se distancia da realidade é se omitir de uma importante função social", defendeu a diretora Maria Dulce Souza Leão. Na instituição, os estudantes receberam aulas de Mídias Sociais e agora se dedicam à Economia Criativa no contraturno das aulas regulares.
Com auditório cheio e olhos atentos ao talk com youtubers em mais uma aula especial, não resta dúvida de que o modelo foi aprovado. "Eu disse ao meu pai que quero trabalhar com cinema e a primeira coisa que ouvi foi que morreria de fome, mas sei que não é bem assim. Hoje, estamos com as portas abertas para as novas profissões e com o acesso a novas tecnologias, precisamos aprender", lembrou Alice Santos Raposo Figueiredo, 13. Ao lado dela, Brenda Fernanda de Lima Silva, 13, admite que não tinha ideia da revolução cultural que cresce deliberadamente na pós-modernidade. "É muito interessante porque nossas aulas não falam apenas sobre as profissões, mas possibilitam o contato com os profissionais para que a gente possa tirar as dúvidas e seguir o mesmo caminho se tiver vontade".
Para o professor da disciplina, Iran Pontes, a estratégia da escola, que beneficia 75 alunos nesta fase inicial, já é um sucesso. "Temos três turmas no projeto piloto e eles ficam muito envolvidos com as aulas. A ideia é que, por meio da criatividade e inovação, eles aprendam a gerar negócios. Todos eles estão cercados por games, acessam o YouTube, têm domínio dessas ferramentas e tecnologias. É preciso que tenham olhos para ver nisso tudo possibilidades de carreiras. Esses são alguns dos meios mais promissores do segmento", detalhou o docente.
ECONOMIA CRIATIVA
A economia criativa é um setor produtivo que abraça, essencialmente, quatro segmentos do mercado: consumo, cultura, mídias e tecnologia. O conceito base é transformar ideias em produtos que geram valor econômico apostando em inovação. A indústria criativa estimula a geração de renda, cria empregos e produz receitas de exportação, enquanto promove a diversidade cultural e o desenvolvimento humano. De acordo com o Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, publicado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) em dezembro de 2016, o segmento gerou uma riqueza de R$ 155,6 bilhões para a economia em 2015. Na época, a participação do PIB Criativo estimado no PIB brasileiro foi de 2,64%.
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