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Coaching Quando a mudança profissional recupera sua felicidade É importante buscar saídas para deixar de sofrer no trabalho. Seja se aperfeiçoando profissionalmente, arrumando um novo emprego, ou mudando de carreira

Por: Aline Moura - Diario de Pernambuco

Por: Kauê Diniz

Publicado em: 14/07/2017 22:52 Atualizado em: 14/07/2017 23:49

Segundo Adriana Cavalcanti Cruz, o melhor processo de transição de carreira é aquele que a gente constrói uma ponte para o futuro. Crédito: Nando Chiappetta
Segundo Adriana Cavalcanti Cruz, o melhor processo de transição de carreira é aquele que a gente constrói uma ponte para o futuro. Crédito: Nando Chiappetta


Felicidade importa na carreira profissional? Para a coaching Adriana Cavalcanti Cruz, hoje sócia da Portela & Cavalcanti, uma consultoria de gestão comportamental, a resposta é sim, com letras maiúsculas. Formada em administração de empresas, com MBA em gestão de pessoas pela Fundação Getúlio Vargas, Adriana deixou o emprego de oito anos, onde desenvolvia projetos em Recursos Humanos e ganhava um alto salário para apostar num novo caminho. Hoje, ela e a sócia, Vânia Portela, transmitem aos clientes o legado do homem considerado pai do coaching, Timothy Gallwey, autor dos best-sellers “The Inner Game of  Tennis” e “The Inner Game” (O Jogo Interior).

Adriana atuava numa indústria diretamente atingida pela crise da Petrobras, em Pernambuco, e não conseguiu lidar com demissões e desmonte de tudo o que havia ajudado a construir em quase uma década de trabalho, incluindo o resgate da motivação dos trabalhadores. Ela sofreu, chorou, mas não jogou tudo para o alto de uma vez só, como alguns profissionais fazem em momentos de tristeza e desmotivação. Na época, Adriana procurou uma profissional de coaching - coincidentemente a própria Vânia, que a chamaria para ser sócia posteriormente - para fazer uma transição de carreira. Hoje, sua consultoria reflete, no estado, um retrato do que prega Tim Gallwey. Após virar treinador de tênis, na década de 1970, Tim percebeu que antes de perder um jogo na quadra, o atleta perdia o jogo na mente. O mesmo acontece com qualquer pessoa.

Timothy vem ao Recife no próximo dia 17 de agosto e a consultoria Portela & Cavalcanti, que já usa o método de forma individual para ajudar pessoas a serem felizes e atingirem uma alta performance profissional, quer expandi-lo para grupos, com um preço pouco mais acessível, em 20 de outubro. Esse é um antigo sonho do idealizador que assessorou empresas como a Apple e a Coca-Cola, revolucionando carreiras de executivos. Adriana e Vânia serão anfitriãs de Tim no evento da capital, que acontece no RioMar Shopping. E serão multiplicadoras da filosofia para outros grupos.

O coaching criado por Timothy estimula o profissional a descobrir seus talentos - muitas vezes sabotados pela autocrítica - aliando o aprendizado à felicidade; ajuda quem está querendo dar uma reviravolta na carreira, a ser reinserido no mercado de trabalho ou até mesmo quem não tem noção do que deseja fazer. E Adriana e a sócia têm bebido na fonte, diretamente com os ensinamentos de Timothy. O método disseminado por ele serve para estimular todas as áreas da vida. Segundo Adriana, especialmente num momento de crise econômica, é importante construir pontes para chegar ao destino desejado. “Trabalho é fonte de dignidade, não pode ser fonte de sofrimento”. (Veja entrevista e serviço abaixo)


Adriana, você mudou de carreira por considerar difícil coordenar projetos que reduzem a motivação das pessoas?
Sim, eu tinha uma posição muito boa na empresa onde eu trabalhava, um diretor que apoiava muito meus projetos, um bom salário, mas eu estava completamente infeliz. Foi quando eu procurei uma profissional de coaching.  O processo ajuda a ampliar o modelo de consciência, entender seu potencial e todas as limitações. Você realmente começa a buscar um caminho diferente para a sua mobilidade (trocar de carreira), a pensar no que você quer, no que você gosta, mas, na época, foi difícil. Foi através desse momento meu que eu tirei forças para ser uma coaching de carreiras. Está muito claro para mim qual é a minha missão de vida. Está muito claro porque eu estou aqui: eu quero ajudar as pessoas que sofrem com o trabalho. Trabalho é fonte de dignidade, não pode ser fonte de sofrimento. Eu não fiz isso sozinha e não aconselho que ninguém faça. Nesse processo, resolvi procurar uma coaching, não sabia nem exatamente o que era coaching mas eu estava com vontade de jogar tudo para o alto.

Não houve uma ruptura do antigo para a nova experiência?
Não. O melhor processo de transição de carreira é aquele que a gente constrói uma ponte para o futuro, onde a gente planeja uma ponte para onde quer chegar. A gente tem que ter propósito e autoconhecimento. Se eu não me conheço, eu não consigo definir onde eu vou chegar porque eu estou com muitos medos. A minha ponte foi construída em um ano e três meses. Às vezes, a gente não tem certo o tempo, mas a gente começa a caminhar e o universo começa a conspirar a nosso favor. Albert Einstein dizia que a mente que se abre para o novo nunca mais volta ao tamanho original. É um caminhar que você precisa ter equilíbrio, maturidade e algumas reservas financeiras. Você precisa pular da montanha da sua forma e não da forma do outro. Muitas vezes vai aparecer gente que vai dizer assim: ‘pula, pula, é agora...” Nos nossos processos de coaching, a gente fala: “quer pular da montanha? Como você quer pular dessa montanha? Você quer que o instrutor pule dez vezes para saber como se pula?” Ele vai pular na forma dele, não da minha. Como eu vivi isso na pele, isso foi maravilhoso para mim e digo sempre assim: agradeço muito o que eu vivi. Tudo que doeu, tudo que vivi foi para compreender e ter empatia com os meus clientes. Você não se submete a um processo de coaching se não tiver com muita inquietação de carreira, de vida. Então, a gente tem que empatizar e entender. O problema do outro pode ser menor do que o teu, mas é o problema do outro e tem o tamanho que o outro não está conseguindo carregar. Então, esse trabalho tem sido uma fonte de inspiração para minha vida, eu sou muito feliz com o que eu faço.

O que você tem visto diariamente nesse processo?
Eu vejo pessoas resgatarem sua autoestima. Meu trabalho é fundamentado em duas grandes metodologias: o DISC e o Inner Game (O Jogo Interior), que foi quando apareceu o Timothy na minha vida. Estamos trazendo ele para o Recife. O Timothy era um tenista de Harvard que compreendeu que a forma de ensinar não permitia que as pessoas usassem o seu melhor. Ele começou a perceber que a gente poderia interferir menos no processo de aprendizagem. Eu fiz uma primeira formação em coaching nacional, comecei a ver como o processo ajudava as pessoas a crescerem, mas, para ser um bom profissional, você tem que mergulhar e estudar. Eu digo isso de coração: eu tenho uma mestre junto de mim, minha parceira Vânia, uma pessoa com muita sabedoria.

O coaching ajuda pessoas que estão perdidas dentro do seu trabalho, mas que amam esse trabalho?
Se eu dissesse a vocês que eu passei oito anos numa empresa e não podia jogar fora aquilo tudo? Passei cinco anos maravilhoso e três difíceis. O que foi difícil não foi aquela empresa como o todo, foi a ruptura dos processos. Eu já sei que não sou uma pessoa que tem talento e naturalidade para desconstruir. Tem gente que faz isso numa boa porque já está pensando em construir de outra forma. Eu não faço isso bem, não quero viver o momento de desconstrução. Eu não preciso provar para o mundo que eu sou boa na construção e na desconstrução. Isso não significa que desconstruir seja pior do que construir. Às vezes, a gente precisa desconstruir algumas coisas para construir o novo, mas eu eu tenho muita afinidade com pessoas. Para mim, era muito importante ter a satisfação das pessoas. Isso foi aprendizagem. Alguns clientes também chegam achando que aquela empresa é a pior do mundo, mas depois que vivem o processo, acreditam que não, eles estavam incomodados com pequenas coisas. Outras vezes, aquele ciclo fechou para você e você não está percebendo, aquilo não tem mais sentido, mas você está ali, sofrendo. E quando você sai, você sai doente, estressado, com úlcera, gastrite, e ai precisa voltar para o mercado, a autoconfiança  está baixa e se pergunta: como é que eu volto? O equilíbrio emocional é a chave para a retomada.

Com que tipos de nichos de carreiras você trabalha?
Eu trabalho com quatro nichos de carreiras. O primeiro é a escolha de profissão, de acordo com o seu talento, é fantástico. E o jovem às vezes precisa de uma experiência dessas porque eles estão sendo direcionados pelos pais e pela sociedade para escolherem algo que vai dar um futuro financeiramente mais promissor, mas nós temos convicção de que um futuro promissor de uma pessoa vem se ela estiver trabalhando com o que ela gosta.

Ai a gente fala muito do modelo do Timothy Gallwey. Ele diz que não existe alta perfomance se você não tiver aprendizado e prazer no seu trabalho. Em todo o processo, você tem que tirar o julgamento. Não dá para afirmar: fulano tem perfil para médico. As pessoas distorcem. O ser humano é um enigma para si e para o outro. Como é que eu posso dizer: você não tem talento para ser jornalista. Todos nós temos talento.

O segundo nicho é transição de carreira. São as pessoas que estão infelizes com o trabalho, sabem que não dão o seu melhor ali, mas nem sempre tem coragem de fazer a sua mudança, a sua mobilidade. O coaching ajuda na construção desta mudança para que ela seja prazerosa e confortável, para que não seja de uma forma irresponsável para que não machuque mais do que a gente já está machucado.

O terceiro nicho é o de melhoria de performance. Você precisa se desenvolver para melhorar a performance porque tua função tem outras demandas de complexidade e responsabilidade. Você tem uma operação menor e ela vai se tornar bem maior. Nós também temos o quarto nicho, o coaching de recolocação profissional, que hoje tem sido muito atrativo em função da demanda que estamos vivendo no país. É um coaching preparatório para recolocação no mercado de trabalho. Esse é um momento que, através do autoconhecimento, elas compreendem se têm perfil para empreender ou não. Muitas pessoas às vezes pegam o valor de uma rescisão, uma economia de uma vida de trabalho e, quando elas fazem isso na empolgação, elas abrem uma empresa e perdem tudo porque não têm perfil empreendedor, não tem talento para correr riscos e um negócio envolve correr riscos. O coaching tomou essa proporção toda, porque ensina a tirar o julgamento, a resposta tem que vir de dentro da pessoa.

Mas a psicologia também fala sobre isso…
O coaching é fundamentado na psicologia positiva, na programação neurolinguística e nas ferramentas da qualidade. Na verdade, você não chega em algum lugar se você não tiver um bom planejamento. O DISC é uma metodologia desenvolvida na década de 1920, em Harvard, por um mestre em psicologia e advogado chamado William Moulton Marston, criador do polígrafo e da Mulher Maravilha (ele também era escritor de quadrinhos). Ele quis entender como funcionava a mente das pessoas normais, que não tinham patologias e esse estudo resultou no mapeamento da predominância cerebral, um entendimento das emoções das pessoas, dos seus comportamentos. Baseado nessa metodologia, a gente consegue identificar o talento das pessoas, suas potencialidades e suas limitações. Digamos que o cérebro é um quadrante, com quatro espaços, e cada quadrante desses tem características que são inerentes à nossa essência e características opostas à nossa essência. Então, o DISC nos ajuda a entender quais as nossas potencialidades e nossas limitações para a gente fazer as melhores escolhas na nossa vida, principalmente as escolhas de carreiras. A gente consegue mapear facilmente as profissões que tem mais aderência ao nosso estilo comportamental, aquelas que a gente faz com mais naturalidade e prazer e aquelas que a gente não gosta de fazer e faz por obrigação e por dinheiro e que não se sustenta.

O DISC trouxe uma grande contribuição para a área de gestão de pessoas. Mais de 60 países trabalham com o DISC, porque as empresas compreenderam que entender a natureza humana seria mais fácil para selecionar as pessoas para o local correto e também para desenvolver o potencial que a pessoa precisaria entendendo a sua fisiologia. Hoje, o DISC é uma base importantíssima para o nosso trabalho coaching.

O que significa cada quadrante deste DISC?
São quatro: D, I, S, C . O D são de perfis dominantes, pessoas mais independentes, ousadas, que correm riscos onde outras morreriam de medo; O I são as mais influentes, comunicativas, entusiasmadas, persuasivas. O S é o símbolo da estabilidade. São pessoas mais pacientes, persistentes, organizadas, estruturadas. O C são pessoas mais estratégicas, planejadoras, detalhistas. Elas gostam mais da conformidade, de regras e procedimentos. Cada quadrante desse tem um conjunto de características que nos ajuda a tomar decisões de acordo com o que a gente gosta na nossa vida.

Então, o ser humano não utiliza o cérebro por completo. Inclusive a gente diz que isso é uma sabedoria divina, porque o Senhor não nos deu os quatro quadrantes justamente para a gente poder se complementar com o outro. Quando a gente não se conhece, a maioria das vezes a gente não se complementa, a gente se atrita, porque eu acho o outro diferente de mim. Em vez de me complementar, eu acabo entrando em choque. Mas, quando a gente tem esses quatro fatores em equilíbrio e aceita que não tem todos, é diferente. Outra coisa que a gente aprende com a metodologia é que não existe fator desse bom ou ruim. Os quatro são muito bons, desde que estejam em equilíbrio.

 

Tim Gallwey vem ao Recife no próximo dia 17 de agosto para participar de seminário no Cinemarkl do Shopping RioMar. Ele é autor de dois best-seller "The Inner Game of Tennis%u201D e %u201CThe Inner Game". Crédito: Facebook/Tim
Tim Gallwey vem ao Recife no próximo dia 17 de agosto para participar de seminário no Cinemarkl do Shopping RioMar. Ele é autor de dois best-seller "The Inner Game of Tennis%u201D e %u201CThe Inner Game". Crédito: Facebook/Tim

E como funciona o Inner Game?
O Tim era tenista em Harvard e ele percebeu que a forma de aprendizagem tinha muitas interferências. E ele começou a interferir menos e permitir que os alunos aprendessem usando sua maneira mais natural. Jogando tênis, ele percebeu que existia um jogo interior que acontece na nossa mente e que antes de perder o jogo na vida, a gente perde esse jogo interior, Esse jogo é alimentado por duas vozes, que é um eu nosso que é mais crítico, mais julgador, sempre com medo, sempre nos criticando, que nos torna menor ou maior do que somos na realidade. Mas existe um outro eu que é a nossa essência que está sempre ali falando de forma mais natural. E o Tim  diz o seguinte, ganha esse jogo quem calar mais um pouco essa voz do eu crítico e deixar essa voz da essência falar mais alto. Então, o Tim começou a aplicar isso e virou um fenômeno.

A gente aprende que é importante ser autocrítico. Mas quando exagera demais, termina se boicotando?
Vamos partir para um modelo mais natural. Digamos que dentro de você há uma conversa interior de duas vozes. Se a voz natural está dizendo assim: corrige mais um pouco, o que você acha? E tem uma outra voz dizendo: está bom não, entrega de qualquer jeito, não vão gostar mesmo… Qual das duas é a voz interior que você tem que ouvir? É a voz natural.

Como você faz para descobrir qual é a voz que vale a pena escutar?
Parece o diabinho e o anjinho falando. (risos) Olhem eles ali (mostra um boneco com duas faces, um anjo e um diabinho). A voz que te julga, que te diminui, que te faz sentir medo, angústia, aflição com certeza é a voz do Self 1, o eu crítico julgador. Ele nos torna menor ou maior do que realmente somos. A voz da tua essência é mais suave. Ela está dizendo que você tem condições de fazer este trabalho, que ele está bem feito, que você pode corrigir dentro da normalidade do que você sabe fazer. Essa voz te fala te dando força, aumentando a tua estima. Este jogo está o tempo todo dentro da gente. Essa voz natural às vezes está tão mascaradinha que a gente vai ter que observar, praticar. O Timothy, no Jogo Interior, ensina ferramentas para distrair esta voz do Self1.

O coaching poderia ser mais acessível?
Acho que esse é o grande legado do Timothy. Tem sempre alguém do teu lado gritando por socorro, a ponto de uma depressão ou de um suicídio, porque ele está perdendo este jogo interior. Timothy acredita que tem uma forma que você possa socializar melhor o coaching, você pode ajudar mais pessoas. O Timothy está com 80 anos. Hoje, o que ele quer?  A partir de outubro, vamos tentar socializar o coaching. O Timothy está montando uma equipe de pessoas no Brasil para multiplicar o legado dele, serão trainers da essência da metodologia dele. Hoje, já se tem escolas nos Estados Unidos e algumas na Europa, mas a escola do Brasil é uma das mais estruturada, foi a primeira e pegou o momento bom do país. Temos um executivo em São Paulo, o Renato Ricci, que adotou a filosofia e está sendo, junto com o Timothy, o grande coadjuvante. Nesse primeiro grupo de pessoas que vão ser trainers da metodologia, vamos fazer coaching Inner Game em grupo e vamos ajudar o Timothy com o legado dele, porque o custo é infinitamente menor do que um processo individual. Temos uma turma para iniciar em 20 de outubro, estamos fazendo a inscrição.


Serviços
Palestra: A essência da liderança e do aprendizado por excelência.
Local: Cinemark, RioMar Shopping
Dia: 17 de agosto
Hora: Das 10h às 12h
Valor do ingresso: R$ 250,00
Telefone: (81) 3125-0600
Inscrições: https://www.sympla.com.br/aprendizado-e-performance-com-o-pai-do-coaching-tim-gallway__155853

O quê? Seminário Essential Portela & Cavalcanti
Data: 20 de outubro
Inscrições: 3125-0600
Valor: R$ 680 por pessoa (preço tabelado)
Duração: 8 horas
Local: Ainda a definir



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