A alta dos preços internacionais, principalmente de produtos básicos, contribuiu para o crescimento das exportações brasileiras e, consequentemente, para o superávit recorde de US$ 29 bilhões da balança comercial do período de janeiro a maio. O fator também influenciou o superávit de US$ 7,661 bilhões registrado no mês de maio, o maior saldo positivo mensal desde 1989.
“Uma publicação da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne países desenvolvidos], mostra que o Brasil foi o país do G20 [grupo das maiores economias do mundo] em que mais cresceram as exportações no primeiro trimestre. Estamos com demanda pelos produtos do Brasil, preços aquecidos e safra agrícola recorde”, disse o diretor de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Herlon Brandão.
De acordo com dados do ministério, de janeiro a maio de 2017, o preço dos produtos exportados pelo Brasil subiu 19,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Os produtos básicos puxaram a alta, com aumento de preço de 29,5%. Os principais responsáveis foram minério de ferro (alta de 94,1% nos preços ) e petróleo bruto (68%).
Os preços dos semimanufaturados aumentaram 19,9%, devido a ferro e aço (alta de 54%) e açúcar (elevação de 41,8%). Nos manufaturados, veículos de carga (5%) e automóveis de passageiros (1,8%) também tiveram aumentos de preço que influenciaram no valor das exportações. Além disso, com exceção do açúcar, todos esses itens registraram aumento nas quantidades exportadas.
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De acordo com Brandão, técnicos do governo preveem que o crescimento do preço continuará a ter influência sobre as exportações nos próximos meses, embora menor do que na primeira metade do ano. “Os preços estavam em um patamar muito baixo e começam a se recuperar. [Nos próximos meses] deverá haver uma contribuição positiva ainda, mas em menor medida”, afirmou.
O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços projeta superávit de mais de US$ 55 bilhões para 2017. Caso se confirme, o resultado será recorde anual, superando o de 2016. No ano passado, a balança terminou superavitária em US$ 47,692 bilhões.
Herlon Brandão comentou ainda a participação das exportações no resultado do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos em um país), que registrou crescimento de 1% no primeiro trimestre, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Brandão disse que as exportações de bens e serviços contribuíram para a alta do PIB com crescimento de 4,8%.
Importações
Com relação às importações, de janeiro a maio cresceram as compras brasileiras de combustíveis e lubrificantes (23,9%), bens intermediários (13%) e bens de consumo (4,8%). As importações de bens de capital caíram 19,4% na comparação com os primeiros cinco meses de 2016.
O governo tem avaliado a alta na aquisição de bens intermediários como um sinal de retomada da economia, já que a categoria abrange insumos usados na produção. No caso dos bens de capital, que são máquinas e equipamentos usados no parque industrial, Herlon Brandão admite que a queda nas importações reflete os investimentos ainda em baixa.
“[A queda nas importações de bens de capital] é um retrato do passado, não do futuro. Como você tem uma ociosidade da capacidade instalada [da indústria], não há novos investimentos, até que se atinja o nível desejado de ocupação”, analisou.
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