Economia

Brasileiro corta supérfluos e se prepara para reduzir mais gastos

Orientação para quem tem algum dinheiro é investir e esperar


Desde janeiro, essa tem sido a realidade de Sandra Sena, 47 anos. Com a crise econômica, o escritório de advocacia no qual era auxiliar perdeu contratos e precisou dispensar empregados para reduzir despesas. O salário fixo de R$ 3,5 mil, com carteira assinada e recolhimento de contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), encolheu para uma renda média mensal de R$ 1 mil, que ela consegue, a muito custo, com a venda de pães de mel e doces caseiros.

Sandra recebeu duas propostas de emprego, mas com rendimento bem abaixo do que ganhava. Preferiu investir no negócio próprio. As duas filhas, Bárbara, 21 anos, e Maria Eduarda, 15, ajudam a família e vão às ruas com cestas de bombons. Mas, nos últimos meses, têm encontrado dificuldade de voltar para casa com as caixas vazias. O marido, Izael Vaz, 37, é vendedor de tecidos, e as comissões que ganha têm encolhido a cada mês. "Todo o dinheiro vai para pagar contas. Não estamos em condições, por exemplo, de comprar roupas. Não vamos mais ao cinema. Os programas são todos caseiros", comenta Bárbara.

O péssimo momento econômico e a falta de perspectivas de melhora colocaram os brasileiros em alerta. Pesquisa da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) aponta que 84% dos consumidores pretendem economizar mais, em 2015, e não estão propensos a fazer dívidas. Entre as mudanças no orçamento, os entrevistados sinalizaram que vão reduzir despesas com lazer, vestuário, alimentação e transporte. O temor da maioria é perder o emprego em um momento de inflação descontrolada. A cada 100 pessoas, 86 temem ser demitidas. Os entrevistados responsabilizam o governo, deputados e senadores pela situação do país. Para piorar, tanto os agentes econômicos quanto as famílias não acreditam que a crise passará antes de 2017, relata o economista-chefe da Acrefi, Nicola Tingas. "Mesmo quem tem dinheiro para consumir e não é afetado pelo momento econômico está cauteloso. As pessoas olham para o futuro e não veem uma luz no fim do túnel", destaca.

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