Economia

Anúncio da Standard & Poor's aumenta risco de rebaixamento por outras agências dizem analistas

Especialistas alertam para que o País perca o grau de investimento e para que as outras duas importantes agências de classificação de risco tomem decisão semelhante em breve

Analistas ouvidos ontem pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, afirmaram que o anúncio da piora da perspectiva do rating brasileiro feito pela agência Standard & Poor’s abre caminho para que o País perca o grau de investimento e para que as outras duas importantes agências de classificação de risco tomem decisão semelhante em breve.

[SAIBAMAIS]Para o economista do BBVA Research, Enestor dos Santos, que avalia o Brasil, a decisão da S&P é uma "resposta clara à nova meta fiscal anunciada na semana passada pelo governo". "Não dá para dizer que essa é uma grande surpresa. Mas certamente não estava totalmente precificada nos ativos", disse o economista, em Madri.

Para Santos, a agência de classificação revelou a insatisfação com a nova meta fiscal do governo brasileiro que indica um ajuste nas contas públicas mais gradual do que o prometido inicialmente. "Acho que eles preferiram inverter o ônus da prova. Eles davam um voto de confiança de que o governo conseguiria melhorar a situação. Mas agora, depois da nova meta, mudaram de posição e querem ver resultado."

Plano de voo

Já a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, disse que o Brasil precisa apresentar um plano de voo para a economia para não perder o seu grau de investimento. Para Zeina, a S&P é, entre as agências, a que tem uma visão mais global. "Ela não olhou só para a redução da meta de superávit primário, mas para o entorno, para toda a economia", disse Zeina.

A S&P, segundo a chefe do Departamento Econômico da XP Investimentos, demorou um ano e quatro meses para revisar a nota do Brasil. Rebaixou em março do ano passado e manteve em março deste ano. Ocorre, de acordo com Zeina, que de março de 2014 para hoje as variáveis econômicas pioraram muito. "A crise política está dificultando o ajuste fiscal e a economia não está crescendo", disse.

A meta de superávit primário foi revista para baixo, disse Zeina mas até agora nenhuma medida que assegure a economia de 0,7% do PIB no ano que vem foi anunciada. "Se o Brasil não mostrar alguma reação à essa mudança da perspectiva, poderemos perder o grau de investimento", disse Zeina.

PIB baixo

A decisão da S&P reforça a possibilidade de perda do grau de investimento em 2016, algo que já era levado em conta nas projeções do Banco Fibra, segundo o economista-chefe Cristiano Oliveira. Para ele, ainda é possível evitar esse rebaixamento para o nível especulativo, mas seria "muito difícil". O banco havia rebaixado na segunda-feira, 27, suas projeções de crescimento para o Brasil e agora prevê uma contração de 3,1% este ano, com nova queda de 1,0% em 2016.

Para Oliveira, dizer que o rating do Brasil está sendo afetado pela revisão nas metas de superávit primário anunciada na semana passada pelo governo é uma visão míope.

"Nos últimos anos, a gestão macroeconômica deixou muito a desejar e o preço está sendo cobrado agora." Oliveira disse que as agências de rating estão olhando três fatores básicos: crescimento, resultado primário e nível da dívida pública.

Além disso, a S&P também deu destaque na decisão de terça-feira, 28, para a crise política: "A incerteza política é bastante grande e gera problemas para o lado econômico."

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