A festa de aniversário que sua avó, sua mãe, suas tias faziam está na moda, quem diria? Os álbuns de fotografia mostram bolos e mesas decoradas com ajuda dos familiares e amigos. A memória guarda as cenas da cozinha cheia de gente enrolando os brigadeiros, o cheiro do chocolate tomando conta da casa, da festa divertida que começava com os preparativos, no mínimo um dia antes do "parabéns". Hoje, apesar do sucesso das casas de festas que cobram “fortunas” para realizar “grandes eventos infantis”, cresce na mesma proporção o número de famílias que optam por resgatar esse jeito íntimo e econômico de comemorar, no quintal ou parques públicos, fazendo em casa o bolo, os docinhos, a decoração. Além do apelo emocional e participativo, as festas ao estilo DIY - Do it yourself , termo de origem inglesa que no Brasil traduzido como “faça você mesmo”, ganhou charme e personalização.
Com um espírito anticonsumista, é dada preferência às coisas que são feitas sem a necessidade de contratação profissional. De bônus, ganha-se a participação das crianças que passam não só a escolher o tema da festa, mas a atuar diretamente e de forma lúdica, na produção de lembrancinhas, enfeites que ganham a cara do aniversariante, seus brinquedos, personagens, brincadeiras favoritas.
É assim na casa de Claudia Bettini. Mãe de Lis (7 anos) e Theo (4 anos), a jornalista põe a mão na massa e, principalmente, coloca muita criatividade nessa receita. Objetos da casa, brinquedos, lembranças de viagens da família são garimpados com carinho para "vestir" a casa no dia da festa, afinal de contas, os motivos para a celebração vivem naquele lugar, todos os dias do ano. "É legal que a criança participe de tudo, desde a escolha do tema. Mas a decoração não precisa ficar presa ao personagem, por exemplo. Se não, vai ser preciso fazer tudo de novo em cada aniversário. É possível usar elementos que envolvem o tema, mas que também participem do cotidiano, como os brinquedos. Às vezes, a própria criança quer ser o personagem, então não é precisa colocá-lo em outro lugar".
Uma preocupação a menos. Lis já se vestiu de Clarilu e Theo, de Homem Aranha, encarnando, duplamente, os verdadeiros donos da festa. Definido o tema, o segundo passo é escolher as cores, no máximo três. Claudia ensina que algumas são cores-chave. O branco, que pode aparecer na louça da casa e combina com qualquer decoração, e o vermelho, que serve para meninas e meninos. "Se for fazer um painel ou quadro para a parede, é bom evitar nome ou idade, para poder reutilizar na decoração do quarto, ou mesmo na festa de um primo, um amigo", acrescenta, em mais uma dica sustentável.
As festas produzidas por Claudia fizeram tanto sucesso que a jornalista virou uma espécie de consultora oficial de parentes e mães dos coleguinhas dos filhos na escola. Várias vezes acompanha as compras no centro da cidade, pechincha junto, diverte-se. Resolveu dividir essa curtição com mais pessoas e passou a publicar fotos e ideias no blog Corujices, criado por ela para pessoas interessadas em viver e acompanhar a infância com leveza. Um post com o aniversário de Theo e o tema "Mickey e seus amigos", foi tão acessado (cerca de 50 mil visualizações), que ganhou um vídeo tutorial no YouTube, assistido por quase seis mil pessoas. Quase 200 delas ainda entraram em contato, pedindo dicas, moldes.
[VIDEO1]
Para exemplificar esse jeito charmoso e econômico de festejar, Claudia montou especialmente para o Diario uma mesa base para duas festas infantis, uma de menino e outra de menina. Uma dica para as famílias que têm filhos de sexos diferentes e que podem sim, aproveitar a mesma estrutura para fazer decorações completamente diferentes e originais. "Optar por mesas menores facilita. Para arrumar, não precisa colocar muita coisa. É só para pontuar e fazer uma foto legal. Na verdade, só se mexe na mesa depois do parabéns, então se você coloca muitos doces, pode sobrar aquilo tudo. Basta quatro qualidades de docinhos e alguns cupcakes. O destaque é para o bolo, a peça principal. As outras coisas são só para ornamentar. Você também pode enfeitar com as lembrancinhas, tubetes ou algo lúdico, para as crianças levarem depois", sugere.
DIY até nas grandes produções
Apesar do apelo anti-consumista, nem sempre as pessoas optam pelo estilo "faça você mesmo" por motivos econômicos. Famílias que investem em festas de maior porte, realizadas em buffets infantis, muitas vezes também fazem questão de participar dos preparativos. Para festejar o primeiro ano de vida do filho Davi, a consultora de negócios Ingridy Batista desembolsou R$18 mil e, mesmo com pouco tempo livre, não abriu mão de confeccionar, um a um, quinhentos brindes personalisados, setenta convites e setenta e seis lembrancinhas. "Acho que tem que ter a minha cara. Gosto de pôr a mão na massa. Contrato só o que não consigo fazer. Gosto de me envolver. Pode não ficar perfeito, mas você coloca o seu amor. Então, você faz o melhor que pode fazer", atesta.
A produção caseira, iniciada em fevereiro, custou R$1.200 em matéria
prima e segundo Ingridy, representou uma economia de cerca de 30% em relação aos preços do mercado. O apartamento da família, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, virou um verdadeiro picadeiro, com roupinhas de palhaço, cartolas, caixinhas, cones, tudo para ilustrar o tema "circo", escolhido para decorar o aniversário. Satisfeita com o resultado, Ingridy lembra que todas as noites esperava o filho dormir para começar os trabalhos. "Agora, restam apenas os cupcakes que vou fazer na véspera," tranquiliza-se.
Não é de hoje que a mamãe prepara tudo para esta data. "Desde que ele nasceu economizo todo mês um pouquinho", garante. Durante a gravidez, no chá de fraldas, toda a decoração, doces e brindes foram feitos por ela. "Só não fiz o bolo porque não sei mexer com pasta americana", aponta. Não basta ser mãe, o bom mesmo é participar.
Serviço:
Workshop Como Planejar o aniverário do seu filho
Quando: 04 de julho de 2015
Onde e inscrioções: Buffet Amarelinha
Rua Guimarães Peixoto, 64, Tamarineira, Recife
Contato: 30824446/ 86003542/97440905/91022199
Leia a notícia no Diario de Pernambuco