Economia

Empresas "mimam" funcionários para obter maior produtividade

Cresce a aposta em ambientes onde o funcionário sinta-se bem para produzir mais, com maior retorno, em regime de cobrança equilibrada

Na hora do almoço, manicure para fazer as unhas e relaxar. Foto: Julio Jacobina/DP/D.A Press

Parece difícil, mas a atual realidade do mercado de trabalho, que requer mudanças corporativas e adaptações para um melhor rendimento e qualidade de vida dos funcionários, começa a ganhar força, também, em companhias pernambucanas. Não se trata da ausência de exigências e cumprimento de metas, mas sim de algo que está associado ao equilíbrio e à satisfação na sua carreira profissional: produtividade. 

A analista de marketing Daniele Coutinho, 25, trocou, há cerca de três meses, um emprego em uma agência de eventos corporativos por outro em uma do ramo de tecnologia da informação. Buscava mais valorização e prazer na carreira. O desejo veio após uma temporada de dois anos na Irlanda, onde trabalhou em uma startup do setor de petróleo e gás. Aderiu, conta ela, ao perfil “cobrança com equilíbrio”. 

“A metodologia melhora a produção diária e otimiza o tempo de expediente. Posso malhar cedinho e chegar ao trabalho às 9h, sem comprometer a produtividade”, explica Daniele. A Suati, a empresa onde Daniele trabalha, tem mais que uma boa alimentação e cuidados com a estética. Os cerca de 80 funcionários têm à disposição instrumentos musicais para fazer um sonzinho no expediente e duas salas bem concorridas, uma para descanso, e outra que é alvo certo após o almoço, ainda mais para os desenvolvedores: a do videogame, com um Playstation 4 instalado onde os campeonatos rolam diariamente. 

Sem controle
[SAIBAMAIS] O gestor de negócios da Suati, Deaulas Neto, explica que não existe controle de tempo fora do trabalho. A regra é oferecer estímulos. Por serem profissionais visados no mercado, a seleção é criteriosa. “O que há é a conscientização de não prejudicar o ambiente de trabalho. As pessoas estão cada vez mais interessadas em ter prazer no que fazem, fugindo do modelo tradicional que muitas vezes gera insatisfação”, pontua. 

Muito desse fenômeno se deve à “geração millenium”, onde o principal expoente são as companhias de TI instaladas no Vale do Silício, na Califórnia, a exemplo da Google. “Quando se trata de estímulo para esta geração, o último ponto avaliado pelo candidato é o salário. As empresas se adaptam ao time para que o crescimento ocorra não apenas no trabalho, mas na vida pessoal”, atesta Edgar Andrade, diretor da Hub Criativo. 

Nos grandes centros urbanos brasileiros, a implantação desse tipo de modelo de trabalho ainda é lenta e vai além da relação produtividade versus rendimento. Na opinião de Andrade, o cenário atual, onde as pessoas trabalharam multiconectadas, requer debates mais técnicos sobre viver o modelo de trabalho. “A própria legislação trabalhista, que é muito antiga, terá de se adaptar ao padrão atual”, completa.

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