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MÚSICA

Xande de Pilares traz Caetano para o Baile da Macuca 2025

Premiado na categoria de Melhor Álbum do Grammy Latino, sambista reencontra Recife, palco de momentos inesquecíveis da sua carreira

Publicado em: 23/01/2025 18:12 | Atualizado em: 23/01/2025 18:43

 (Crédito: Fernando Young)
Crédito: Fernando Young
Uma das estrelas do Baile da Macuca, nesta sexta-feira, a partir das 20h, no Parador, Xande de Pilares retorna ao Recife, onde viveu uma das experiências mais marcantes — e curiosas — de sua carreira. Durante a Copa do Mundo de 2018, ele se apresentou no Fifa Fan Fest, no Cais da Alfândega, logo após a eliminação do Brasil pela Bélgica. Apesar do clima de tristeza, entrou para a lista dos melhores que já fez. Na avaliação de Xande, o show serviu para extravasar a sensação de derrota.
 
Supersticioso, naquela época ele relutou em embarcar para o Recife, por temer que, ao alterar o local onde assistia aos jogos, pudesse trazer má sorte na partida. “Estava com aquela sensação: ‘Não, gente, o Brasil vai ganhar. Deixa eu aqui’. Mas viajei para o Recife e o Brasil perdeu para a Bélgica”, relembra em conversa exclusiva com o Diario de Pernambuco. 
 
Mesmo com a eliminação, o show não foi cancelado. Milhares de pessoas cabisbaixas esperavam por Xande, que se perguntava como poderia animar o público em um dia que parecia destinado ao esquecimento. O cantor lembra que, ainda assim, conseguiu transformar a melancolia em festa. “Respirei fundo e fui para o palco. Foi incrível”.
 
Ele deseja repetir o feito no Baile da Macuca, onde traz o repertório do aclamado Xande Canta Caetano, que lhe rendeu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode. Xande ressalta que o ritmo será mais cadenciado, bem diferente da energia dos hits que marcam seu show habitual, Esse Menino Sou Eu. ”Este é um espetáculo para se prestar atenção, especialmente para quem me conhece do Revelação, para ver se consigo transmitir no palco o que fiz no disco. Para mim, tem sido educativo”.
 
 (Crédito: Fernando Young)
Crédito: Fernando Young
 
Nesse processo, Xande se redescobriu como intérprete, depois de evitar rótulos ao longo da sua carreira. “Eu estou me sentindo mais artista, de verdade. Sempre fui um pouco radical com essa ideia de ser artista, nunca me aceitei totalmente, nem como cantor, nem como músico. Mas esse disco tem me mostrado a importância de valorizar mais a mim mesmo, de prestar mais atenção na minha postura como cantor e no meu comportamento no palco. Esse show tem me ensinado muitas coisas que, antes, eu não dava tanta importância”.
 
Além da nova mentalidade, Xande mudou os preparativos para entrar no palco, visando adequar sua voz ao repertório de Caetano. “Não é o mesmo tipo de show, onde canto minhas músicas de forma mais natural. Agora, estou cantando a obra de um grande compositor, seja o Caetano ou qualquer um da geração dele, e isso exige um certo respeito. Então, faço esse cuidado, por respeito à oportunidade que me foi dada e para me fazer merecedor dela”.
 
Entre as faixas do álbum, Força Estranha captura de maneira precisa o momento profissional de Xande, como pode ser observado no trecho “Por isso uma força me leva a cantar”, um sentimento que vinha desde a infância. “Foi uma chance única de revisitar a obra dele, que eu já escutava aos sete ou oito anos de idade. E, quase 50 anos depois, aqui estou, como minha avó dizia: 'Não tenha medo dos 50, você vai renascer para tentar chegar aos 100'. Agora, depois de meio século, canto Caetano, conquistei prêmios no Grammy Latino e continuo ganhando públicos que eu nunca imaginei conquistar". Revelações que o cantor conta com orgulho.