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Balatro: indie deliciosamente criativo e viciante faz jus ao sucesso
Game chegou quietinho e fez barulho até figurar no topoPublicado em: 29/11/2024 19:17 | Atualizado em: 01/12/2024 22:38
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Imagine que você está numa casa de jogos prestes a entrar numa mesa de pôquer. Só que o jogo é 'infinito', a cada rodada você ganha mais dinheiro para gastar na loja, cartas de tarô entram no meio e os curingas oferecem superpoderes.
Essa é, muito resumidamente, a proposta de Balatro. O jogo indie roguelike feito por uma pessoa só foi lançado timidamente no começo deste ano, mas chamou a atenção, chegou ao The Game Awards e disputará, entre outras categorias, a premiação principal de Game of the Year (GOTY).
A indicação gerou mais barulho ainda, com pessoas duvidando e desdenhando da ideia do jogo — e até o colocando como um mero ‘jogo de cartinhas’ —, o que foi seguido por um movimento de desculpas em massa que tomou as redes sociais. Não é para menos.
BALATRO
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À primeira vista, a premissa é muito simples: pontuar e ganhar as rodadas. Usando as mecânicas clássicas do pôquer, como pares, quadras, straights, flushes, entre outros, o jogador é desafiado a fazer cada vez mais pontos contra mesas simples e chefões. Como qualquer outro roguelike, a cada tentativa o jogador entende mais o game e cria estratégias e builds novas para ir cada vez mais longe.
Para isso, aqui estão diferentes tipos de carta: os curingas, que oferecem ‘poderes’ que facilitam as jogadas e aumentam as fichas; as de arcanos (ou de tarô), que customizam as cartas originais; as de planeta, que aumentam o nível das jogadas, multiplicando o número de pontos que o jogador pode fazer; e as espectrais, raras e com a capacidade de mudar a gameplay. Claro, existem inúmeras de cada tipo, cada uma com um visual, customização e poderes próprios, que tornam as rodadas imprevisíveis.
Como o caminho que o jogador vai percorrer é gerado aleatoriamente (por meio de seeds, que são copiáveis ao terminar a tentativa) é praticamente impossível que uma run seja igual a outra. Isso se deve, claro, além das cartas mencionadas, ao que a loja do jogo, aleatória e acessível entre as rodadas, vai oferecer ao jogador. Além disso, quanto mais você avança na tentativa, disputas maiores — os bosses — vão aparecendo para infernizar e dificultar a sua vida, com obstáculos que atrapalham a obtenção dos pontos.
E há quem diga que seja apenas um joguinho de cartas. É completamente compreensível que o game pareça difícil ao ser falado desse jeito, mas isso acaba sendo bom, já que ele é complexo e cheio de opções que fazem os fatores replay e 'vício' aqui sejam tão especiais.
O game te encoraja a evoluir e criar novas opções de jogo, combinando as cartas especiais e estratégias para fazer cada vez mais pontos. Como um bom roguelike, ele vai desbloqueando novas opções de baralhos e curingas novos, fazendo mais difícil a tarefa de largar as cartas e não tentar outra run.
A criatividade é de encher os olhos. A interface do jogo, mesmo que seja simples, intuitiva e fácil de usar, é linda, limpa e muito bem pensada. Assim como os efeitos de textura que as cartas podem ter, que simulam reflexo das luzes nos desenhos pixel art que formam os baralhos.
Esses visuais ilustram a gameplay rápida, que incita os jogadores a explorarem as possibilidades de combinação que o jogo oferece, misturando a sagacidade do pôquer com as estratégias de sobrevivência de um roguelike.
O game está disponível para todas as plataformas, inclusive mobile. Isso, somado à baixa barreira de entrada e ao preço, fazem do jogo bastante acessível, cada vez mais raro numa indústria que prioriza consoles potentes e lançamentos na casa das centenas. Balatro é a prova de que a teimosia dos desenvolvedores indies trazem cores e criatividade à uma indústria cada vez menos divertida.