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Filme brasileiro denuncia transfobia no Festival de San Sebastián

Por: Diego Urdaneta

Por: AFP

Publicado em: 22/09/2021 11:31

O longa compete na seção Horizontes de cinema latino-americano (Foto: Divulgação)
O longa compete na seção Horizontes de cinema latino-americano (Foto: Divulgação)
O diretor brasileiro Madiano Marcheti tem levado em seu filme Madalena uma mensagem contra a transfobia a diversos festivais do mundo. Em entrevista à AFP, o diretor denunciou que a situação da comunidade LGBTQIA+ no país sob o atual governo “está muito pior” do que antes. A obra de Marcheti entrou nesta semana na disputa para conseguir o prêmio de melhor filme latino-americano no Festival de Cinema de San Sebastián, que entrega seus vencedores no sábado (25).
 
O filme narra a história do desaparecimento da transexual Madalena em uma região conservadora do país, assim como as reações das pessoas que a conhecem, que vão desde a indiferença até a presunção de que ela está morta, por esta ser uma "hipótese natural" para as pessoas transexuais, explica Marcheti.
 
"Infelizmente, a expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 35 anos e, para essas pessoas, acaba sendo uma hipótese natural: se desaparecem é porque podem ter sido assassinadas'', diz o diretor na entrevista.
 
Além disso, Madalena também é uma história que ele precisava contar. "Queria falar sobre meu lugar de origem no Brasil, o estado do Mato Grosso (...), região muito conhecida e importante no país pelo agronegócio. Queria falar sobre os impactos do agronegócio na natureza e na vida das pessoas", explica.
 
"Por outro lado, também quis falar sobre as minhas experiências. Cresci nessa região muito conservadora, cresci sendo gay e foi difícil, me sentia parte e, ao mesmo tempo, não me sentia parte desse lugar, então quis falar dessa sensação", destaca. Ele também buscou chamar a atenção para "a transfobia porque, na população LGBTQIA , as pessoas trans são as que mais sofrem violência", acrescenta.
 
Ataques normalizados
O diretor afirma que, embora o filme "tenha nascido cinco anos atrás", hoje em dia "tem mais sentido", já que, se naquele momento as coisas já não eram boas para a comunidade LGBTQIA , "estão piores" agora sob a presidência de Jair Bolsonaro.
 
"O nível de violência aumentou, não só a violência concretamente física, mas a violência verbal. Agora no Brasil estão normalizados os ataques verbais e as ofensas, o discurso de ódio", lamenta.
 
"Um presidente falar abertamente as coisas que fala é um incentivo para que qualquer um que antes tinha um preconceito guardado, agora fale ou escreva na internet", acrescenta.
 
O presidente também trouxe uma falta de apoio do governo ao cinema, afirma Marcheti. "As instituições de apoio e incentivo ao cinema existem, mas estão paralisadas, nada acontece. O cinema teoricamente existe, mas sem força alguma".
 
No Festival de San Sebastián, Madalena compete na seção Horizontes de cinema latino-americano com outras nove produções ou co-produções da Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Panamá e Uruguai.

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