Pernambuco.com
Pernambuco.com
Notícia de Divirta-se

ARTES

Recifense Clara Moreira inaugura sua primeira exposição individual

Publicado em: 18/06/2021 17:02 | Atualizado em: 18/06/2021 17:17

 (Fotos: Clara Moreira/Divulgação)
Fotos: Clara Moreira/Divulgação

Mulheres pássaros, corpos que realizam movimentos, ações e gestos, fitas de cetim e lágrimas. Os elementos estão dentro da experimentação de uma comunicação poética com a arte e das reflexões sobre o próprio processo criativo e da prática do desenho que guiam a exposição Ato-desato. A mostra marca a estreia em exibição individual da desenhista e artista visual recifense Clara Moreira.

Os trabalhos inéditos entram em cartaz nesta sexta-feira (18) nos corredores virtuais e físicos da Galeria Amparo 60 (Rua Artur Muniz, 82, Boa Viagem). A mostra faz parte do projeto Mirada, idealizado pela galerista Lúcia Costa Santos em parceria com a SpotArt. Para realizar a visita presencial é necessário agendar através do número (81) 99986-0016. No site, o tour virtual segue até o dia 16 de julho.

“É uma emoção muito grande inaugurar esse espaço de encontro entre o público e a arte. Nós, artistas, estamos há um ano e meio mostrando nossos trabalhos através da internet, uma linguagem eficaz para estabelecer diálogos de poesia e de arte, e agora tenho a oportunidade de oferecer um encontro presencial, principalmente em um cenário de escassez do processo de produção artística e do acesso à cultura”, celebra. A recifense foi listada, em 2020, como uma das 20 artistas de destaque no Brasil em editorial da SP-Arte. No mesmo ano, foi selecionada pelo programa Convida, do Instituto Moreira Salles.



Com 18 desenhos em diversos formatos, incluindo um autorretrato em tamanho natural e uma serigrafia, a exposição faz uma síntese da natureza poética da artista. Ato-desato é uma busca por afirmação e reconhecimento de interesse na arte através da comunicação poética com o público. “Utilizo o desenho para estabelecer recursos de comunicação com o público, mediadas por imagens. Na oportunidade de fazer esta mostra, trago trabalhos exclusivamente meus e enfatizo, até mesmo pra mim, essa característica dentro do meu processo artístico. Eu quero dialogar.”

O trabalho curatorial de Sofia Lucchesi é, segundo Clara, um reencontro para continuar uma conversa que já começou há algum tempo. “Ela traz essa estrutura do tempo, de base histórica e afetiva, sobre experienciar a arte, que já dialogamos em outras oportunidades. Foi uma troca muito especial e permeada por diálogos anteriores.” O trabalho é inspirado em uma pesquisa desenvolvida pela desenhista nos últimos seis meses, intitulada Ensaio para um poema sem palavras, que resultou em um conjunto de 30 desenhos, poemas e arquivos variados.

A chance de passar um tempo mergulhada na relação entre poesia e imagem a fez olhar de volta para o seu trabalho e perceber a sua gramática poética se desenvolvendo. “Me faz refletir sobre o que é desenho. Eu vejo que o desenho é misterioso, é um procedimento físico de corpo resultando em imagem e objeto. É uma inquietação”, destaca. “Ato-desato fala sobre o desenho em si, a prática de estar sempre desenhando. Clara tem um desenho realista, mas sem compromisso com a realidade pragmática, e com uma imensa liberdade gestual e poética”, diz a curadora.

O uso minucioso do lápis de cor pelas mãos de Clara, permeando a delicadeza e a força, a precisão técnica e a liberdade artística, a acompanha desde a infância. "Eu aprendi a desenhar com meu pai e fui bastante estimulada por minha mãe, que tem um jeito poético de ver a vida. A relação com a natureza e com a cidade do Recife também faz parte da minha formação e forjou a minha formação artística", define a desenhista. Para ela, ser artista não é fácil. "É uma descoberta de si.. Eu sou artista desde sempre, e sigo sendo mesmo diante das dificuldades e dos desafios imensos. E ainda tá valendo a pena, eu sinto a coragem pulsando em mim", celebra. Diante do cenário pandêmico, ela segue na guerrilha, retratando os reflexos da crise sanitária em suas obras. "Faz parte do meu processo. Eu produzo quase como uma cronista, reagindo aos momentos, como uma sensação que eu quero transmitir. Mesmo sem fazer diálogo direto sobre a pandemia, os trabalhos carregam essa sensação. A dor no peito, a busca pelo sentido das minhas lágrimas, aparecem como formas de se relacionar com o tempo presente", explica. E define: "um trabalho de arte é filho do seu próprio instante. E segue adiante do tempo sendo uma cápsula daquele momento. É um compromisso do artista".

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Consulado da RPCh no Recife tem nova cônsul-geral
Mergulho no Brasil é uma possibilidade para os turistas chineses
Cenas da China aparecem em meio ao barroco brasileiro e intrigam pesquisadores
Ao vivo no Marco Zero 09/02 - Carnaval do Recife 2024
Grupo Diario de Pernambuco