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ARTE

Pernambucano Mozart Santos explora relação com a cidade em mostra no MAC-USP

Publicado em: 14/06/2021 19:02 | Atualizado em: 14/06/2021 19:10

O Projetemos representa o Brasil na exposição "Além de 2020. Arte italiana na pandemia", em cartaz até o dia 22 de agosto no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (Fotos: Bia Ferrer/Divulgação e Divulgação)
O Projetemos representa o Brasil na exposição "Além de 2020. Arte italiana na pandemia", em cartaz até o dia 22 de agosto no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (Fotos: Bia Ferrer/Divulgação e Divulgação)

“Iluminar pessoas iluminando paredes”, esse é o intuito do Projetemos, projeto co-criado pelo multiartista pernambucano Mozart Santos que está representando o Brasil em uma exposição inédita no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC-USP). As suas obras integram Trans Lu(z)cidez, conjunto de nove intervenções, desenvolvidas a partir de vídeos, imagens, traquitanas, objetos projetáveis, performances e vídeo mapping. Intitulada Além de 2020. Arte italiana na pandemia, a exposição fica em cartaz até o dia 22 de agosto e traz também obras de mais de 40 artistas. Para visitar, é necessário fazer um agendamento prévio, gratuito através do site.

O Projetemos se define como uma rede que expõe uma forma de se relacionar com a cidade, a política, a comunicação e a arte, com a possibilidade de agregar muitas vozes e saberes. De acordo com designer pernambucano Mozart Santos, o seu trabalho dialoga intimamente com a exposição Além de 2020, que surge em rede a partir de vários dispositivos brilhantes, refletivos ou translúcidos que possibilitem um pensamento crítico e a lucidez da narrativa, assim como o Projetemos, coletivo formado por ele, Felipe Spencer e Brunna Rosa.

“Quando pensamos o Projetemos, foi com o pensamento na democratização da projeção e da livre expressão da palavra. Desde dentro de sua casa até em paredes de uma cidade. Convidamos vários projecionistas para ter a palavra e mostrar como é a atuação deles no grupo. Cada um deles fez um vídeo que é mini projetado em uma maquete de um prédio. E a apresentação de uma ferramenta de projeção feita com uma lanterna e uma lupa”, conta.

O Projetemos nasceu no início da pandemia como uma rede afetiva de informações. “Nós trabalhamos no intuito de projetar a necessidade do povo e o pedido de vacina no braço de todos. Cada um de nós tem uma participação importante pela natureza de nossas competências. Debatemos, criamos, compartilhamos a voz da população”, conta Mozart.

Para esta montagem, Mozart convidou a curadora Mamé Shimabukuro para ajudar na construção e criação dessa narrativa poética. “Seguimos o pensamento do Projetemos de rede e participação ativa do outro. Desde dezembro de 2020 que fomos convidados e pensamos em como ocupar os espaços possíveis. Agora temos uma sala de 80m quadrados e uma projeção na potente fachada do MAC USP.”

Uma das obras mais importantes da mostra em cartaz no MAC é uma escultura, uma pilha de livros que “sustentam” um projetor. “A ciência é nossa base. Desse projetor saem 3 vídeos: um da cantora Maria Gadu que traz uma fala indígena e sobre a proteção do meio ambiente. Raquel Diógenes tem um vídeo que traz o movimento feminista como lastro principal para debates e Achiles Luciano que gravou pinturas que ele fez de importantes personalidades como Marielle Franco, Pichinguinha, Abdias do Nascimento e Mãe Meninas do Gantois”, destaca o designer.

Mozart Santos e Felipe Spencer, co-criador do Projetemos (Foto: Divulgação)
Mozart Santos e Felipe Spencer, co-criador do Projetemos (Foto: Divulgação)

Além destes, nesta obra-manifesto tem mais de 10 artistas falando de suas lutas por vídeo-arte. A coleção de vídeos também conta com obras de Denise Lopes, professora doutora em cinema da PUC - RJ, Luciana Moherdaui, Gisele Beiguelman, Ana Magalhães, Celso Lembi, Demetrio Portugal, Gabriel Furtado, Luciana Marçal e Renan Inquerito.

A mostra conta, ainda, com instalações com lanternas poéticas que projetam palavras no chão da galeria. “Estas palavras foram extraídas de um livro específico, que traz uma narrativa, mas essa narrativa pode ser reconstruída com a leitura espontânea do visitante da sala. As palavras estão soltas para você organizar e criar seu próprio roteiro”, descreve. Esta é uma das peças que podem ser vistas na sala, onde também é ensinado a como fazer a montagem da lanterna. Inquieto e com a cabeça fervendo com novas ideias, o multiartista Mozart Santos já tem um novo projeto em vista.

“O meu projeto mais novo está no campo da intervenção urbana com foco ambiental e já tem nome. Chama-se “Céu aberto, o distanciamento entre o ser humano e a natureza”, adianta. O projeto consiste em uma exposição de arte contemporânea onde artistas plásticos são convidados a criarem uma obra de videoarte que discuta a relação do ser humano com o meio ambiente. “Arte-ambiental, este é meu foco. Já estamos preparando a próxima edição. Com artistas de diversas mídias desafiados a criar um vídeo para ser mostrado em escala monumental em diversos estados do Brasil”, completa.

Mozart cresceu entre desenhos, pinturas digitais, live painting e arte interativa, e deixou que a arte florescesse a ponto de se tornar sua carreira profissional. “Trabalho com arte desde sempre. E tudo começou com o Eletrobike, um projeto bem importante que rodou bastante nas ruas do Recife, projetando imagens com pintura digital ao vivo e tocando músicas enquanto pedalo”, relembra. A Eletrobike consiste em um triciclo equipado com projetores, caixas de som, computadores e baterias de energia que interagem com a cidade e as pessoas, levando cores, dança e música, para as ruas por onde passa, com projeções interativas que brincam com o público através de vídeo manipulados em tempo real.
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