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LITERATURA

Pernambucano Hugo Monteiro Ferreira retrata dores e anseios femininos em novo livro

A Costureira da Rua Quinze, que será lançado nesta sexta-feira (11), com live

Publicado em: 11/06/2021 08:46 | Atualizado em: 11/06/2021 08:48

 (Foto: Confraria do Vento/Divulgação)
Foto: Confraria do Vento/Divulgação

Escrever para o público juvenil é uma tarefa desafiadora, em razão da carga educacional exigida. A missão é encarada de frente há alguns anos pelo escritor pernambucano Hugo Monteiro Ferreira, que lança nesta sexta-feira (11) o livro A costureira da Rua Quinze (252 páginas, Editora Confraria do Vento), com o intuito de transmitir as dores e os anseios das mulheres dentro do contexto de repressão enfrentado em uma sociedade machista. O título será lançado em um evento virtual, às 19h30, no canal do autor no YouTube.

A programação contará com abertura de Daniele Lima (PE) e um papo entre o autor, Karla Melo (RJ) e Heloise Garcia (MG). Às 20h, a roda de diálogo A mulher, a vida, os desafios e a loucura reúne Eliana Yunes (RJ), Ywanoska Gama (PE), Kiusam de Oliveira (SP), Cibele Rodrigues (PE), Heloise Garcia (MG) e Karla Melo (RJ).

"Teremos a participação de muitas mulheres importantes para mim. Falaremos sobre os desafios que a vida impõe e propõe às mulheres e como elas atravessam essa caminhada com força, resiliência e empoderamento", adianta Hugo, que é autor de Os anjos estão de volta (2015), Indira (2017) e Emílio - Ou quando se nasce com um vulcão ao lado, com o qual foi finalista do Prêmio Jabuti em 2014.


O novo romance acompanha a trajetória de três mulheres que precisam chegar até Elvira, a costureira da Rua 15, e conta com ilustrações da psiquiatra francesa Héloïse Delavenne Garcia. Escrito em 2013, o livro só foi publicado agora, mas se mantém atual. "Poderia estar desatualizado, mas infelizmente, temas como machismo, misoginia e feminicídio estão mais presentes do que nunca em nossa sociedade", argumenta o autor.

Na Rua Quinze, mora Elvira, uma costureira capaz de fazer roupas mágicas, exclusivamente para mulheres, que uma vez usadas podem resolver problemas e propor soluções. "Chegar à Rua Quinze, no entanto, é complicado e transversal. Todas as mulheres, de alguma maneira, buscam a Rua Quinze, buscam a costureira, e em razão disso, lidam com os mais diversos desafios e obstáculos", avalia.

"No mundo, as mulheres sofrem violação de direitos dos mais diversos. No Brasil, as mulheres pretas, indígenas e ciganas sofrem violações de direitos por serem mulheres e por pertencerem a étnicas minoritárias socialmente. Também matam muitas mulheres trans e travestis. Muitas meninas são diuturnamente abusadas sexualmente e nós não podemos e nem devemos aceitar mais isso. Não sou mulher, mas me uno à causa das mulheres e as reverencio por meio da minha literatura. A Rua Quinze é refúgio para que as mulheres respirem e sigam. Acho que minha mãe foi muito à Rua Quinze", reflete Hugo.

As personagens, assim como em seus outros livros, vivem à beira do abismo. Angélica, Dona Carmem, Esmeralda, Tininha, Elvira... todas estão sob a tensão de viver e sob a alegria de continuar vivendo. "Eu construí mulheres que são fictícias, nenhuma é real e todas são reais, porque são verossímeis, estão no cotidiano, podem ser encontradas em nossa família, em nossa rua, nosso trabalho", explica o autor.

Estão presentes questões como a violência doméstica, a idealização paterna, a desilusão com os casamentos, a doação à maternidade e à vida dos filhos, a escolha de não casar, de não ter filhos, a sororidade, a coragem, a resiliência, o cansaço, a luta, a tomada de posição, a loucura.

"No caso da Costureira, trago a luta das mulheres e a loucura como temas centrais. Se o público mais jovem não aprender que mulheres e homens, embora diferentes, têm os mesmos direitos sociais, o mundo não consegue avançar e ainda teremos muita dor e sofrimento, por causa da chaga chamada machismo", afirma Hugo, defendendo que a discussão seja prioritária nas escolas, famílias e em todo processo de formação.

O gosto pela literatura juvenil acompanha Hugo há muitos anos. "Eu sempre quis escrever literatura e sempre quis falar com crianças, adolescentes e jovens. Tenho que pensar em como transformar em linguagem temas que surgem em minha cabeça", afirma. "Como me comunicar com meninas e meninos, como dizer para eles e elas coisas que eu acho que eles e elas precisam ouvir e como fazer isso sem ser chato, sem ser maçante, sem ser professoral, sem fazer livro didático, sem fazer um manual de ensino, sem correr o risco de trair meu leitor e a minha leitora."

SERVIÇO
Costureira da Rua Quinze, de Hugo Monteiro Ferreira (252 páginas, Editora Confraria do Vento)
Preço: R$ 53, à venda no site da Confraria do Vento
Live de lançamento: 11 de junho, às 19h30, no YouTube
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