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| O cineasta Glauber Rocha, nome consagrado do Cinema Novo, é um dos primeiros a receber mostra (Foto: Divulgação) |
Promover um cinema fiel à pluralidade brasileira. Esse é o objetivo apontado pelo Itaú Cultural ao criar uma plataforma de streaming gratuita exclusivamente voltada à produções nacionais, sejam filmes, documentários, séries ou palestras. O lançamento da Itaú Cultural Play, como será chamada, foi marcado especialmente para este sábado (19), quando se comemora o Dia do Cinema Brasileiro. A expectativa é que até setembro o aplicativo também chegue para todos os aparelhos Smart e incrementado com as estreias da iniciativa Itaú Cinema.
Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, contou em coletiva sobre os principais desafios ao longo do desenvolvimento do projeto. “Foram dois anos de duas grandes reflexões: primeiro sobre o conteúdo que iríamos trazer, quais seriam as curadorias, quem estaria conosco. E o segundo, por qual instrumento tecnológico, com quais parceiros trilharíamos esse caminho”, relembra.
Para o diretor da instituição, mesmo com o uso de algoritmos, o processo de curadoria é fundamental. “Não há um filme na plataforma que não faça parte de uma curadoria, seja de diretor ou de tema”, explica. O streaming faz sua estreia com 135 produções, dentre elas 56 longas e 50 curtas-metragens, revelando a atenção às obras independentes. A cada 15 dias, novas produções serão adicionadas ao serviço.
Duas mostras especiais marcam a chegada da plataforma. A primeira é voltada para o cineasta Glauber Rocha, com títulos consagrados como Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe. Já a segunda homenageia a longa carreira do diretor, roteirista e produtor Luiz Carlos Barreto, mas através de suas obras que relacionam o cinema ao futebol, como Isto é Pelé e Garrincha, Alegria do Povo.
Como explicado por Claudiney Ferreira, gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural, a equipe decidiu que lançaria a plataforma contemplando ao menos 1 filme ou diretor de cada um dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. O representante pernambucano é o documentário Câmara de Espelhos (2016), de Dea Ferraz, obra que faz um estudo da visão e do universo masculino.
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| O documentário Câmara de Espelhos, da pernambucana Dea Ferraz, é o representante inicial do estado (Foto: Reprodução) |
Para cumprir essa representação fidedigna da pluralidade nacional, a curadoria apostou no enfoque para filmes feitos por mulheres, negros e indígenas; todos com carroseis permanentes no streaming. Um dos destaques é o documentário A Negação do Brasil, de Joel Zito Araújo, que traça o histórico da representação preconceituosa dos negros nas telenovelas brasileiras.
O serviço também chega com a proposta de ser um hub de outras instituições culturais com produção audiovisual variada. Um dos parceiros iniciais é o Instituto CPFL, que traz a série Café Filosófico com palestras de pensadores como Leandro Karnal. Já a colaboração com Festivais como o IN-Edit Brasil e o É Tudo Verdade angaria para o catálogo títulos que venceram as mostras competitivas de anos anteriores.
Com uma plataforma ainda composta por um número modesto de filmes catálogo e independentes, a Itaú Cultural Play tenta se inserir como uma ferramenta gratuita de qualidade curatorial e potencial educativo. “Nós vimos a necessidade de fazer uma transição entre conteúdos. Então ao ver um filme de um certo tema, a gente oferece no fim um material adicional através de link, que pode levar a nossa enciclopédia, a um podcast, etc”, explica Saron. Além disso, cada título traz consigo não apenas a sinopse, mas o “por que ver”, localizando a obra e sua importância na rica história do cinema nacional.
