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MÚSICA

Em Marmota, Getúlio Abelha monta caldeirão pop com ritmos do Norte e Nordeste

Publicado em: 16/06/2021 11:45

 (Foto: Silas h./Divulgação)
Foto: Silas h./Divulgação


Getúlio Abelha nasceu em Teresina, mora há nove anos em Fortaleza e lança o álbum de estreia por um selo criado no Recife, o Rec-Beat, mesma marca do festival no qual ele realizou o primeiro show em Pernambuco, em 2019.  Esse itinerário entre cidades do Norte-Nordeste pode elucidar o caldeirão de sonoridades que compõe Marmota, lançado no último dia 8 de junho nas plataformas digitais. No álbum, forró eletrônico, brega romântico, tecnobrega e calypso são combinados sob uma ótica pop - prática que é um marco da música brasileira da atualidade.

Além da sonoridade criativa, as suas performances teatrais e seus visuais ousados integram uma persona da cultura pop que só poderia surgir no Brasil, mais especificamente nesse "meio Norte". Na capital piauiense, Getúlio cresceu ouvindo sucessos radiofônicos tanto do Norte como do Nordeste, numa época em que as bandas dos ritmos citados transitavam entre as duas regiões num intenso circuito de shows. O seu sobrenome artístico, por exemplo, é uma referência a Paulinha Abelha, da Calcinha Preta (SE).

"Eu nunca deixei de ouvir ou demonstrar o meu gosto por esses gêneros em nenhum momento. Existe aquela fase do adolescente que tem que fingir uma coisa, mas eu nunca disfarcei muito", diz Getúlio, 28, em entrevista ao Viver. "A minha questão é que eu descobri muito cedo que eu poderia produzir música em cima disso. Assim que eu decidi fazer música, não demorou para que percebesse que não precisava trabalhar com eletrônico ou rock, mesmo o eletrônico estando presente de alguma forma no trabalho".

 
O primeiro single do álbum, Laricado, foi lançado no final de 2017 e já mostrava um forró eletrônico nada convencional, fosse pela influência do pop-rock ou uma composição com trechos satíricos e sagazes que revelam a atitude do artista. Essas características se repetem no álbum, como em Voguebike, quando o salão de forró se transforma num ballroom da dança que marcou a comunidade LGBTQA+, ou em Vá se lascar, parceria com Brunoso, de forte pegada pop.

Também existe espaço para o forró romântico com ares de anos 1990: Tempestade e Sinal Fechado (que também é single e conta com mais de 300 mil reproduções no Spotify). São canções que lembrar sucessos da Mastruz com Leite (CE), Magníficos (PB) ou Forrozão Tropikália (CE), mas sempre com a identidade de Getúlio - no final de Sinal fechado, por exemplo, ele canta o refrão de Cry for you, sucesso da cantora sueca de eurodance September.

 
"A cultura pop nos permite explorar várias estéticas, seja ela qual for. Ela engloba qualquer tipo de estilo", diz Getúlio, ao ser questionado se busca inspiração no movimento punk em sua estética visual. "No meu caso, tem a ver mais com a minha influência no mundo pop. De fato, meus visuais são feitos com o que tem ao meu redor. Se eu tiver algo ao meu redor, isso pode virar o meu visual. Não busco nada muito de fora onde estou", explica.
 
Em seus dois shows realizados no Recife (o segundo foi durante uma festa no bairro de São José), Getúlio cantou Ânsia, sucesso do brega pernambucano em interpretação da banda Brega.com. "Eu conheci essa música por conta de outra versão que fez sucesso no Norte: a da Companhia do Calypso, do Pará. Inclusive, achava que era uma música do Norte, já que Teresina consome sucessos de ambas regiões. Eu percebi que é muito comum, no forró, no calypso e no brega, simplesmente existirem várias versões pelos estados. Eu não encontrei esse brega por um tipo de pesquisa, o que eu faço vem mais de cavar o lugar da minha história", diz, ressaltando que o brega romântico também influencia o disco.


Assim como essas canções que circulam entre diferentes bandas, a carreira do jovem também é marcada pela presença em diversos estados. "Fortaleza foi uma boa escolha para morar porque potencializou as referências que eu já tinha. É uma cidade que tem uma cultura parecida, mas, por ser maior, me permitiu explorar mais coisas enquanto artista. Com Recife, tenho essa relação de trabalho. Tenho algo forte com Belém, pois gravei parte do meu álbum lá e costumo visitar, e com São Luiz, onde gravei o clipe de Sinal Fechado. É uma relação que existe desde a infância", conta.

Enquanto a pandemia não dá trégua, o cantor pretende lançar alguns shows onlines - o primeiro já existe e foi gravado num bar chamado Madruguinha, em Fortaleza - e desenvolver novas músicas, além de parcerias nacionais. D"epois da pandemia, é show presencial", torce. "Felizmente o feedback do álbum tem sido muito positivo, pois as pessoas perceberam as referências. As pessoas compreenderam a construção e muita gente comenta que é um álbum que pode contar histórias por mais tempo. Eu concordo. É um álbum que pode fazer sentido por mais tempo", finaliza.
 
Assista ao clipe de Perigo, lançado junto ao álbum:
 
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