A extensão universitária, prática que em Pernambuco foi iniciada por Paulo Freire nos anos 1960, é necessária para que essas instituições dialoguem com a sociedade de igual para igual, sobretudo em um momento político que vilanizou esses espaços do saber. O webdocumentário em série Pós em ação, que integra o projeto de extensão Ciência UFPE, mostrará o cotidiano das pesquisas científicas realizadas dentro da universidade pernambucana, com vídeos de sete minutos publicados nas plataformas da iniciativa (
YouTube e
Instagram).
A direção é do cineasta carioca Jorge Farjalla, convidado pelo idealizador do projeto, Jeymesson Vieira, professor do Departamento de Histologia e Embriologia da UFPE. A estreia será hoje, com novos episódios no dia 1º de cada mês deste ano, totalizando dez capítulos. O projeto também é composto por Luciana Benitez (filmagens) e pelos alunos do curso de cinema Antônio Santos (montagem) e William Diogo (trilha-sonora).
O diretor explica que os vídeos devem ser objetivos, didáticos e interessantes, sendo feitos para despertar a atenção e a curiosidade de pessoas de fora da "bolha" acadêmica. “Falar da ciência na academia é uma coisa complicada, tudo é muito verborrágico e não é palatável. Esse webdoc série tem uma pegada documental, para atingirmos a maior parte da população”, diz Farjalla, que deu entrevista ao Viver por telefone enquanto chegava em uma comunidade de palafitas do Recife para gravações de um episódio sobre esquistossomose.
 | |
| Jeymesson Vieira e Jorge Farjalla (Foto: Luciana Benitez/Divulgação) |
"Eu estive muito dentro do Hospital das Clínicas (HC) para filmagens sobre os sintomas da pós-Covid, que é o tema do episódio da estreia. Fomos para a UTI e falamos com médicos. Também tem um episódio sobre membranas da pele, com Elaine Revoredo. O que vem a ser uma pós-graduação de ensino? Fomos para as ruas perguntar o que é ciência. Precisamos encontrar um caminho para a sociedade entender melhor os próprios significados”, diz o diretor, conhecido pelo documentário O cravo e a rosa (2017), sobre as carreiras de Rosamaria Murtinho e Mauro Mendonça.
"Sou goiano, moro no Rio de Janeiro e amo o Recife. Vim para cá em 2016, com a peça teatral Dorotéia, com Letícia Spiller e Rosamaria Murtinho, que teve uma temporada no Teatro RioMar. Pernambuco é muito rico em ciência, a UFPE está aí para provar isso. O Nordeste tem uma riqueza muito singular. O Brasil precisa conhecer mais a região", continua. "A maior parte das pessoas que entrevistei trouxeram um pesar muito grande em relação ao governo federal, que não olha tanto para a ciência. Eu fiquei passado ao ver o estado do HC, que serve à população. É um problema social, econômico e cultural", finaliza.
Jeymesson Vieira, responsável pelo projeto de extensão Ciência UFPE, ressalta que outros projetos estão sendo desenvolvidos além do Pós em ação. Um deles é o Bebê em foco, que mostrará a importância da amamentação no combate às doenças congênitas, enquanto o outro se chama Discente 90 segundos, onde pesquisadores vão contar, em 90 segundos, os desafios do cotidiano de trabalho, na maioria das vezes repleto de desafios e sem bolsa.
"Existem vários projetos dentro da universidade envolvendo tecnologia e inovação. Isso precisa ser divulgado para a população, porque ficamos dentro da universidade e muitas vezes as pessoas não sabem o que fazemos dentro. Parece que ela fica em acima dos demais, porém fazemos pesquisas para um fim comum", finaliza Jeymesson.
