"A Secretaria Estadual de Cultura e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) lamentam profundamente a morte do cantor e compositor Guitinho de Xambá, líder e vocalista do Grupo Bongar. Ele estava internado há cerca de uma semana no Hospital Esperança para realizar um procedimento cirúrgico, mas acabou tendo um acidente vascular cerebral, que o levou à UTI. Familiares e amigos chegaram a realizar uma campanha para doação de sangue, mas ele acabou não resistindo. A notícia da morte do artista foi confirmada nesta quarta-feira (17/2) à noite.
Segundo o presidente da Fundarpe, Marcelo Canuto, essa é uma perda muito sentida para o Estado. “Apesar da pouca idade, Guitinho sempre foi uma referência na cultura popular pernambucana e na defesa e no registro de nossa ancestralidade africana. Destaco não apenas seu trabalho no Grupo Bongar, mas também sua participação atuante na luta por uma política pública de Cultura para o setor. Deixo minhas condolências aos familiares e a todos que fazem a Nação Xambá”, declarou Canuto.
Para o secretário de Cultura, Gilberto Freyre Neto, ficará sempre na memória o talento e a energia que emanavam de Guitinho. “Será sempre lembrado pela grande contribuição que deu na retomada do Terreiro de Xambá. Foi uma liderança jovem, com um talento incrível para a música. Está marcado para sempre na cultura de Pernambuco. Desejo muita força à família e aos que integram o Grupo Bongar e a Nação Xambá nesse momento de dor. Que ele siga seu caminho de luz”, disse o secretário.
- SECRETARIA DE CULTURA DO RECIFE
O secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello, e o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, José Manoel Sobrinho, lamentam a morte do músico e criador do grupo Bongar, Guitinho de Xambá, que se confirmou desde muito cedo símbolo de resistência, força e futuro para as tradições culturais populares e de matriz africana em todo o estado de Pernambuco. Parte da comunidade tradicional quilombola Nação Xambá, Guitinho foi guardião e defensor de saberes culturais ancestrais, mas também empreendeu revoluções a partir da arte e das lutas que herdou.
Reescreveu a história de toda uma comunidade, sendo o primeiro integrante do terreiro a conseguir trilhar os caminhos institucionais de formação de conhecimento: estudou música no Conservatório Pernambucano e Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambucano. Sem jamais deixar de celebrar o povo que era e se orgulhava de ser, fundou, em 2001, o grupo Bongar, reunindo ogãs do Terreiro de Xambá para difundir a música, a celebração e a fé que o forjaram como cidadão, artista e ativista.
“Uma perda que entristece profundamente, um lugar vazio na nossa cultura. O conforto possível, no lamento, para família e uma legião formada por amizades, parcerias e tantos admiradores, é o legado de Guitinho. Ficam a arte, a luta, o exemplo de humanidade que tanto agregou, ensinou e abriu caminhos. Ele fez ecoar muito alto sons de liberdade. Que, mais do que nunca, precisam continuar a ser tocados e ouvidos”, lamenta o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello.
"Recife perde um homem da luta e da defesa dos direitos do povo afro-brasileiro. Um artista que fez do seu trabalho de criação um ato de resistência e de educação. Um poeta dos tambores e dos cantos libertários. Nós, da Fundação de Cultura Cidade do Recife, estamos solidários com a Comunidade do Xambá e com a família de Guitinho, um parceiro, um guardião, um homem de profundos afetos. Seus ideais permanecerão no sentimento do povo do Recife”, acrescenta o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, José Manoel Sobrinho.
BongarUm dos mais importantes grupos de cultura popular e religiosa de matriz africana, o grupo Bongar foi formado em 2001 e é integrado por seis ogãs do terreiro de Xambá, Quilombo do Portão do Gelo, em Olinda. A banda propaga a cultura do Coco de Xambá, festa realizada no dia 29 de junho há mais de 40 anos".
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