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TEATRO

Teatro do Parque está pronto e retomará atividades em dezembro deste ano

Publicado em: 24/11/2020 14:03 | Atualizado em: 24/11/2020 19:19

O equipamento reabre com uma programação artística de três dias, reunindo espetáculos, exibição de filmes e apresentações musicais (Foto: Leandro de Santana/DP FOTO)
O equipamento reabre com uma programação artística de três dias, reunindo espetáculos, exibição de filmes e apresentações musicais (Foto: Leandro de Santana/DP FOTO)

 

Após minucioso trabalho de restauro, o Teatro do Parque está pronto para reocupar a cena cultural do Recife. Localizado na Boa Vista, área central da cidade, o cine-teatro recebeu, na manhã desta terça-feira (24), a visita do prefeito Geraldo Julio, que anunciou a programação de reabertura. Serão três dias de atividades, entre 11 e 13 de dezembro, com concerto da Banda Sinfônica do Recife, espetáculo teatral infantil e mostra de filmes japoneses em película, em parceria com o Consulado do Japão no Recife. A sala de exibição contará com tela de projeção 4K e tecnologia 3D, três sistemas de som: para filmes, apresentações teatrais e eventos corporativos, e um novo sistema de climatização. Ainda dentro da agenda inaugural, a Prefeitura lança, nos próximos dias, o edital de ocupação artística do teatro.

Resgatando a ambiência da estrutura de 1929, da art déco, o Teatro do Parque, único teatro jardim centenário do Brasil, será entregue ao público com um novo projeto arquitetônico produzido a partir do restauro e da requalificação da estrutura física e de elementos decorativos, devolvendo ao equipamento as características originais do período. Serão três equipamentos culturais funcionando ao mesmo tempo, além de teatro, o espaço é também cinema e sede da Banda Sinfônica.

As obras foram iniciadas em 2010 e contaram com um trabalho detalhado de pesquisa histórica, recuperação de alicerces, sistema de drenagem do prédio e preservação da memória cultural da cidade. Ao todo, foram mais de R$ 20 milhões de investimento. O processo de restauro andou em paralelo com as obras civis, que realizaram a substituição de madeiramento, telhas, calhas e rufo do telhado. Tubulações e fiações das instalações elétricas também precisaram ser completamente refeitas, além das instalações hidrossanitárias e do sistema de drenagem.

Com a reabertura, a expectativa é que o Teatro volte a movimentar culturalmente o centro do Recife. De acordo com o presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, Diego Rocha, o equipamento tem a função de democratizar o acesso à cultura. "Estamos entregando o melhor teatro do Recife, para que todo o público possa assistir peças, concertos e filmes. O Teatro do Parque é democrático, com preços baixos para todo o público", salienta.

A inauguração do teatro impactará a dinâmica do bairro da Boa Vista e, para receber o público, serão realizadas melhorias de infraestrutura e controle urbano da região. "Sabemos que o teatro alavancará todo o entorno, então queremos que quem estiver nele se sinta seguro. Estamos dialogando com os comerciantes, vamos oferecer treinamentos e capacitações, além da fiscalização da Emlurb", explica Rocha. A manutenção do espaço também é uma preocupação do gestor. "Será feito um plano de regras de conservação e utilização do espaço, para assegurar a manutenção, preservando toda a estrutura por mais de 100 anos", frisa Diego.

A secretária de Cultura do Recife e atriz, Leda Alves, relembrou que a sua história é ligada ao teatro pernambucano. "Esse teatro é um patrimônio do Recife, aqui nos sentimos donos e aproveitadores da cultura. Eu ouvi dizer muita coisa dele e vivi muita coisa nele. Tudo isso me passa pela cabeça como um sonho: 'que casa é essa?' 'o que ela tem?' Porque as pessoas que passaram por aqui se tornam íntimas com o espaço e também não se esquecem umas das outras", analisa a gestora, de 89 anos. "Para mim, hoje é um dia que tem peso, porque tem histórias e vidas aqui dentro", completa.

O jardim abriga um café, banheiros e salão para apresentações ao ar livre, e dá acesso ao prédio administrativo, camarins e sala acústica  (Foto: Leandro de Santana/DP FOTO)
O jardim abriga um café, banheiros e salão para apresentações ao ar livre, e dá acesso ao prédio administrativo, camarins e sala acústica (Foto: Leandro de Santana/DP FOTO)


História
Entrar no Teatro é como reverenciar o início da história iniciada há quase 105 anos. Na época, o Teatro fazia parte do complexo formado pelo Hotel do Parque, Salão de Bilhar (uma espécie de cassino) e um cinema. Em 1929, foi arrendado pelo grupo Severiano Ribeiro, sofrendo a sua primeira grande alteração, passando a funcionar exclusivamente como cinema, o que demandou reformas estéticas e estruturais para se adequar à tecnologia da época.

Na década de 1950, foi desapropriado, passou por uma reforma e voltou funcionar também como teatro, assumindo a posição de cine-teatro.

Nos anos 1960, foi submetido a uma nova reforma, agora de maior porte, com o intuito de modernizar, com isso, sofreu uma descaracterização grande e seguiu com o mesmo perfil até a década de 1980. No período, passou por uma outra reforma onde começou a ensaiar os primeiros sinais de restauro, com a introdução de algumas características de art nouveau. Depois de uma sequência de interferências, a última obra se deu em 2000, quando foi realizada a instalação de sistema de climatização.


Restauro

"Temos aqui um teatro que nasceu em 1915, período da art nouveau, mas com restauro da ambiência do período de 1929, de art déco. Vamos trazer para o espaço o clima da época. Isso vai ficar em evidência através da paleta de cor, na decoração, na iluminação, que dá uma sobriedade ao equipamento", explica Simone Ozias, coordenadora geral de restauro do Teatro do Parque. A escolha de reproduzir o período de 1929, estrutura que tomou forma após a primeira grande obra, 14 anos após a inauguração, quando o Parque ganhou o título de cine-teatro, foi guiada pelas possibilidades diante da estrutura física e do acervo documental.

 (Foto: Leandro de Santana/DP FOTO)
Foto: Leandro de Santana/DP FOTO


A escolha de reproduzir o período de 1929, estrutura que tomou forma após a primeira grande obra, 14 anos após a inauguração, quando o Parque ganhou o título de cine-teatro, foi guiada pelas possibilidades diante da estrutura física e do acervo documental. "O foyer, a bilheteria e a escadaria monumental também datam desse período. Criar a ambientação de 1929 foi a escolha mais certa, diante das circunstâncias, e segura pelas normas e conceitos de restauro", pontua.

Ao longo do processo de restauro, Simone conta que o teatro foi integralmente "descascado com bisturi", confrontado as prospecções da estrutura física do teatro com acervo fotográfico, matérias de jornais e documentais do período. Todo o piso da entrada foi substituído, recriando os ladrilhos hidráulicos da entrada original do prédio usados no fim da década de 1920, experienciando pigmentação e textura similares a do período. "Resgatamos o piso através de fotografias e umas poucas peças originais que tínhamos na estrutura", destaca.

Estrutura
Na parte interna do equipamento, a caixa cênica e estrutura mecânica do palco foram substituídas por equipamentos modernos e eletrônicos. Os painéis de Mário Nunes e Álvaro Amorim, datados 1929, estão sendo restaurados no mural boca de cena. Com a ampliação dos corredores, seguindo critérios de segurança, a plateia teve capacidade reduzida de 900 para 800 pessoas. A obra devolve o conceito de teatro-jardim com um café e salão para apresentações ao ar livre, além de camarins e sala acústica destinada aos ensaios da Banda Sinfônica do Recife.

Nas paredes, uma técnica criando uma similaridade com a pedra do período. Os espelhos afixados nas paredes também serão mantidos. As colunas, os capitéis, adornos, mármores e granitos e demais recursos decorativos do período foram resgatados. O que não pode ser restaurado, como telhados, venezianas, foram reproduzidas com rigor histórico e sóbrio, mantendo colorações em tons de cinza e café. As catracas e os gradis foram retirados para dar mais conforto e segurança aos visitantes, ampliando o uso dos espaços comuns.

 (Foto: Leandro de Santana/DP FOTO)
Foto: Leandro de Santana/DP FOTO

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