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Poeta pernambucana Ágnes Souza fala do cotidiano em livro com temática LGBT

Publicado em: 19/05/2020 09:38 | Atualizado em: 19/05/2020 09:42

 (Foto: Divulgação)
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O cotidiano talvez seja o assunto mais desafiante para se traduzir em escritos. Transformar a conversa do bar, os olhares trocados na rua, encontros, sentimentos e atividades corriqueiras é como se desnudar frente a uma obra artística e abrir uma janela indiscreta da sua rotina. Essa foi a aposta da poeta pernambucana Ágnes Souza para o seu segundo livro, Pouso, editado pela Moinhos. A publicação será lançada nesta terça-feira (19), às 19h, em evento virtual no Instagram (@editoramoinhos) com participação de Ágnes e do editor da Moinhos, Nathan Magalhães. O livro custa R$ 36, à venda no site da editora

“Esse livro teve pelo menos cinco nomes. Eu lembro de ter visto uma fotografia de libélula pousando e pensei sobre a beleza do pouso. Depois, fui pesquisando e percebendo, em conversas com amigos, que pouso também tem significados importantes para a aviação e agricultura. O descanso, o estar e os seus riscos”, conta a autora. Ágnes explora o conceito de infraordinário, neologismo presente na obra da poeta carioca Marília Garcia. “É tão fácil escrever sobre coisas extraordinárias, a gente escrever sobre guerra, eventos marcantes e adversos, mas é difícil escrever o dia a dia, o cotidiano, as nuances e os detalhes, que até esquecemos que essas ações, ‘infraordinárias’, também são passíveis de poesia”, ressalta.

 (Foto: Divulgação)
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Os mais de 60 textos que compõem a obra foram produzidos ao longo de 4 anos. “Desde o processo de edição do meu primeiro livro, em 2016, eu entrei em um surto de escrita muito intenso. Eu não tenho um processo de escrita muito ordenado, respeito muito quando o texto vem. Então fui seguindo nesse ritmo, produzindo quando sentia necessidade. No início de 2018, percebi que já tinha uma enorme quantidade de textos e que a maioria se comunicava de alguma forma.” De forma enfática e segura de sua sexualidade, a autora apresenta, logo no poema inaugural, versos firmes: “Quantas vidas me couber, amar uma mulher”.

A nova obra se diferencia do primeiro trabalho, Re-cordis (2016), principalmente pela narrativa e estética. Em Pouso, Ágnes dá cara e gênero aos personagens, apresentando-se como uma mulher lésbica. “Re-cordis é muito neutro, não tem gênero definido. Pouso reúne poesias bem autobiográficas, fiz questão de colocar relações entre mulheres, em alguns poemas dou rostos e em outros dou gênero. Tem muito de mim, minha relação com amigos, família e amorosa.” O segundo livro também vem acompanhado de mais segurança.

“Eu senti que tinha muita insegurança, escrevia com timidez. Quando escrevi os poemas de Re-cordis, tinha 22 anos e estava no início de algumas questões pessoais. Quase seis anos depois, apresento esse que traz um amadurecimento pessoal e artístico.” O livro é dedicado às mulheres lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis. “Mesmo em 2020, tendo conquistado políticas públicas, essas comunidades ainda são invisibilizadas. É importante colocar o nome, dedicar, falar sobre o amor entre mulheres, tirá-las de uma vida à margem”, pontua a artista, almejando que poemas sobre relacionamentos homoafetivos se tornem mais universais.
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