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Temática familiar faz parte dos mais recentes projetos de Luis Lobianco

O ator comanda a série cômica, que apresenta personagens conectados pelo afeto

Publicado em: 18/08/2019 11:42 | Atualizado em: 18/08/2019 11:45

O ator atuou recentemente na novela Segundo Sol. Foto: Reprodução/Instagram.
Desde que estreou no ano passado na novela Segundo sol, o ator Luis Lobianco se jogou de vez em temáticas familiares. No folhetim, ele vivia Clóvis, irmão do protagonista Beto Falcão (Emilio Dantas), personagem em que os dramas, em sua maioria, envolviam a figura do irmão e do clã Falcão em geral. Ainda em 2018, o carioca apresentou ao Multishow um projeto em que o cerne familiar era novamente o centro. É a série Férias em família, que estreou na última segunda-feira no canal da tevê por assinatura, a qual é protagonista e um dos idealizadores.

“Eu acho que é uma consequência de uma reflexão que a gente está fazendo na sociedade brasileira. A gente está querendo falar de empatia, de amor, de respeito e de aceitação. Acho que a gente teve nos últimos anos momentos muito conturbados de muita polarização, de extremos, do avanço da extrema direita — o que é muito assustador —, e acho que, quando isso acontece, a tendência é a gente querer se reconectar com os nossos afetos”, justifica Luis Lobianco sobre o maior envolvimento dele em projetos que tenha a família como temática.

“A cultura sempre vai ser o termômetro do que a gente está sentindo e pensando. Eu fiz meus últimos trabalhos todos falando de família, mas sempre falando não de um jeito óbvio. Pelo viés do olho no olho, do amor real, que não é o virtual. O amor de verdade, das relações, do atravessamento e tudo mais. Então, na verdade, me dei muito bem nessa, porque gosto de falar disso. Adoro fazer humor, mas sempre gosto de ter uma camada de drama, de mais profundidade. O meu humor vai mais por aí. Eu me dei muito bem nessas famílias todas. Tomara que a gente fale mais sobre isso. Estou sempre disponível, podem me chamar”, completa, mostrando o desejo de permanecer a fazer produções com essa temática.

Foi assim que Luis Lobianco apresentou o projeto Férias em família para o Multishow, canal em que o ator trabalhava antes no humorístico Vai que cola, em que vive o personagem Reginel. “Queria fazer um programa que falasse de viagem, de família e de diversidade. Chamei a Tatiana Issa e Guto Barra, que são meus parceiros nesse projetos, e levamos uma ideia para o Multishow. O canal topou na hora e aí começamos a trabalhar juntos na elaboração dessa família, que sai de férias”, revela.

Dessa forma surgiu a série Férias em família, que acompanha uma viagem do clã encabeçado por Cafu (Luis Lobianco), um pai que educou a filha Bel (Clara Tiezzi) com ajuda da irmã Sandrão (Luciana Paes). Os dois foram criados pela tia Iracy (Cristina Pereira). A família tem ainda Duda (Sulivã Bispo), filho do marido de Iracy que morreu e logo se tornou parte desse ambiente. “Estamos fugindo de estereótipos, porque, se você parar para pensar, eles são impostos. Havia essa discussão há algum tempo, do que é a família tradicional brasileira: papai, mamãe, filhinho e filhinha. Quando, na verdade, você olha na rua e vê que a família brasileira é a família possível. É a família onde tem amor. Na maioria das famílias é uma mãe, ou uma avó, que segura a barra de todo mundo, e tem um sobrinho que é criado junto, tem um irmão que é de outro casamento, e assim as pessoas vão se organizando. Então, quando falei de diversidade era nesse sentido: como é a família brasileira que a gente quer retratar mais fielmente?”, explica, citando o questionamento que o levou a conceber a família protagonista da trama.

A primeira temporada de Férias em família tem 10 episódios que foram gravados em Portugal. O elenco rodou o país mostrando as aventuras e os desafios de uma viagem em grupo, a primeira da família para a Europa. Além do time principal, a série conta com participação de Fafá de Belém e Ricardo Pereira. A segunda temporada está garantida e, inclusive, foi filmada. Na nova leva de episódios, eles seguem para a Espanha. “A gente vai sentir com o público como que é (a receptividade). É a partir do público que a gente parte para as próximas. É óbvio que torço para que haja muita identificação e reconhecimento, porque é muito legal, é quase que um trabalho de trupe de ir para a estrada com uma equipe, ficar meses fora de casa. Então, torço que dê muito certo”, acrescenta.

Trabalho e luta

Paralelamente a Férias em família, Luis Lobianco estreou neste ano em Shippados, série feita exclusivamente para o Globoplay, que teve lançamento do primeiro episódio na televisão — os outros nove estão disponibilizados na plataforma de streaming. No seriado, ele interpreta Valdir, o melhor amigo do protagonista Enzo (Eduardo Sterblitch), em história que aborda os relacionamentos amorosos nos dias de hoje. “Acho muito legal participar desse momento de transição da tevê aberta ampliando para o streaming. Havia muito esse debate de que a tevê ia acabar, que tudo ia virar o streaming e a gente está vendo que não. Ano passado fiz a novela, que foi sucesso de audiência. Em seguida, veio Shippados, que estreia de maneira absolutamente nova, com todos os episódios na internet e também foi um sucesso. Acho que tem espaço para tudo. Isso abre mil possibilidades para todo mundo”, avalia Lobianco.

Além disso, o ator gravou o filme 10 horas para o Natal, em que interpreta Marcos Henrique (Luis Lobianco), pai de três crianças: Julia (Giulia Benite), Miguel (Pedro Miranda) e Bia (Lorena Queiroz), que bolam um plano para uni-lo a ex Bia (Lorena Queiroz), a mãe deles. Ao fim das gravações, Lobianco fez questão de compartilhar nas redes sociais a importância dos filmes para a indústria audiovisual brasileira e o Brasil, em geral, falando da criação de emprego e renda que impactam na economia do país. O discurso ocorre em meio as incertezas em relação ao fomento do audiovisual no Brasil após medidas anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro, que enxugam a Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Sobre o tema, Lobianco é enfático de que é necessário lutar e continuar produzindo. “Acho que o que a gente pode fazer agora é criar, porque não tem nada mais poderoso do que a força criativa. Conheço pessoas que ficam nos grupos de WhatsApp e nas redes sociais reclamando, chocadas com as declarações do governo, do presidente e tudo mais. Na real, é isso que ele quer.  O que eu falo é que a gente tem que parar de ser vítima e ficar submetido a esse discurso, e criar. Trabalho desde os 11 anos de idade. Tenho 37 anos e a maior parte da minha carreira trabalhei sem nenhum dinheiro, nenhum tipo de apoio, de verba, de patrocínio. Ter esse reconhecimento e chegar ao grande público é uma coisa muito recente, e eu nunca parei. Eu sempre fiz, sempre produzi e consegui hoje estar num outro lugar. Então, se a gente parar, aí que ferra tudo mesmo. Acho que a gente tem que ir para cima, para frente, tem que criar, colocar nosso bloco na rua e não deixar essa indústria parar”, analisa.

E ainda completa: “É uma mentira a ideia de que toda realização cultural e audiovisual é feita com dinheiro da população. Não é assim, isso não existe em lugar nenhum do mundo, é só você entender um pouco o mecanismo de funcionamento da lei, para você saber que o que cinema gera de empregos, de impostos, de valor de mercado é muito maior. O cálculo e o lucro é muito maior do que qualquer tipo de apoio. Então me parece mais maldade e retaliação, porque artistas e a cultura denunciam o que está errado, do que propriamente uma preocupação econômica. Mas é isso. A gente tem que produzir, ir para cima e não deixar que esses absurdos e esse tanto de maldade que sãos ditos tomem conta da nossa cabeça e da nossa força criativa”.

Cria do teatro, Luis Lobianco encerrou no ano passado a turnê do monólogo Gisberta, que passou por Brasília durante o festival Cena Contemporânea. A peça aborda a vida da brasileira vítima de uma tragédia impulsionada pela transfobia em Portugal, em 2006. “Estou parando agora um pouquinho para respirar e pensar para ver se consigo voltar esse ano ou se vai ser no ano que vem. Teatro é uma coisa que está sempre em minha vida, eu não vou deixar de fazer nunca. Mas, ao mesmo tempo, exige mais tempo. Você tem que estar ali, ir para as cidades, e isso exige um planejamento, além do financeiro. Está muito difícil fazer teatro. É muito caro. A gente, nesse momento, para o meu monólogo Gisberta não tem nenhuma empresa privada e nenhuma lei do governo. Então seria impossível estrear agora. É uma coisa que a gente precisa correr atrás para fazer com que a estrutura que tem que ser feita”, diz.
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