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'O desafio agora é continuar produzindo no Brasil', diz KMF em seminário no FIG

Publicado em: 19/07/2019 18:07 | Atualizado em: 19/07/2019 18:25

Foto: Felipe Augusto/Fundarpe
O cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho afirmou, nesta sexta-feira (20), que será "um desafio continuar produzindo no Brasil" nos próximos anos. "Temos que nos preocupar em manter a nossa liberdade de produzir e fazer um cinema com ponto de vista honesto", afirmou, durante participação do Seminário de Arte Contemporânea em Perspectiva, realizado dentro da programação formativa do Festival de Inverno de Garanhuns, no Agreste do estado. Montada em um auditório do Sesc Garanhuns, a mesa também contou a artista cênica e o gestora cultural Galiana Brasil.

O comentário do diretor de Bacurau, que recentemente venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes e também o de Melhor Filme no Festival de Berlim, vem logo após  uma mudança inédita no setor audiovisual por parte do governo federal: a transferência do Conselho Superior do Cinema da estrutura do Ministério da Cidadania para a Casa Civil. O presidente Jair Bolsonaro também manifestou intenção de mudar a sede da Agência Nacional do Cinema (Ancine) do Rio para Brasília. 

"Estamos acompanhando ao vivo novos passos em relação ao governo federal que eu francamente não acho que deveríamos nos preocupar em 2019. Achei que isso tinha sido deixado nos anos 1960 ou 1970", continuou o cineasta. "E isso vai mexer com muita gente que trabalha. Justamente quando Pernambuco, por exemplo, está sendo estudado acadêmicos e críticos do mundo todo", continuou Kleber, durante a discussão deu ênfase nos desafios da arte contemporânea na atualidade. 

Durante a cerimônia de 200 dias do governo, Bolsonaro também disse que não “poderia admitir que, com dinheiro público, se façam filmes como o da Bruna Surfistinha”. 

“Cada frase do presidente é muito midiatizada, tem capacidade de virar manchetes e memes nas redes sociais”, disse Mendonça, sobre esse episódio em específico. “Quando ele diz que os filmes precisam respeitar uma ‘família brasileira’, de quem ele está falando? Quando diz que temos de falar de heróis, seria Zumbi ou Marielle? É uma discussão sem fim justamente porque estamos vivendo algo que não deveríamos estar vivendo”. 

Kleber Mendonça também fez um breve panorama do cinema pernambucano da década de 1990 até a atualidade, relatando experiências recentes e atuais em sua carreira como cineasta, incluindo os prêmios internacionais. “Acredito que existe um mundo real, em que viajamos com o filme e somos valorizados. E existe o Brasil, com novos pensamentos em relação a arte e cultura. Isso foi fabricado por alguém em algum laboratório”.

A produtora e gestora cultural Galiana Brasil relatou suas experiências durante período trabalhando no Sesc Pernambuco e no Itaú Cultural, em São Paulo. "Vivemos uma situação 'difícil compartilhada'. Ser gestor não é necessariamente o papel do artista, mas também acaba sendo.  Mas do que nunca nosso meio de campo não esteve tão em cheque. Muita gente apanhou para chegar nesses lugares de aparentes consensos que alcançamos. O que eu posso fazer no lugar que eu estou, nos meios que eu tenho?", indagou a artista.

Os encontros de Seminário Arte Contemporânea em Perspectiva seguem neste sábado (20), com Ângelo Monteiro, Márcio Abre e Joana D'arc. Na segunda-feira (21), várias atividades formativas serão realizadas na Casa dos Saberes. O FIG segue com extensa programação até o dia 27 de julho.
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