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'Fukushima biológica', diz neurocientista Miguel Nicolelis sobre Covid-19 no Brasil
Por: Correio Braziliense
Por: Jéssica Gotlib
Publicado em: 07/05/2021 19:45 | Atualizado em: 07/05/2021 20:20
Foto: Michael Dantas/AFP |
O neurocientista usou a metáfora "Fukushima biológica", em referência ao acidente nuclear que ocorreu no Japão em 2011, para falar do caos vivido no Brasil ao longo do primeiro semestre deste ano. O texto descreve como a situação do país pirou drasticamente em abril deste ano, chegando ao número recorde de 4.211 mortes em um único dia.
"Um tsunami tão constante de pacientes gravemente doentes levou a um colapso sem precedentes de todo o sistema de saúde do país e ao estabelecimento de mais um par de registros mundiais em termos de profissionais de saúde infectados e falecidos", afirmou o pesquisador.
Nicolelis falou ainda dos desafios que o país enfrenta ao ter que lidar com a variante P.1 do coronavírus, identificada pela primeira vez em Manaus. "Pelo menos 2,5 vezes mais transmissível que o vírus original, a variante P.1 deu o empurrão final para transformar a segunda onda em um verdadeiro tsunami que colocou o país inteiro de joelhos e desencadeou a maior e mais devastadora crise humanitária da história brasileira", relatou.
O cientista lembrou que novas variantes podem surgir e que prever os danos que elas causarão %u2014 tanto para o Brasil, quanto para os países vizinhos %u2014 é difícil. "E com um número tão explosivo de mutações ocorrendo em todo o Brasil, a oportunidade de fabricar todo tipo de variantes do vírus, incluindo as mais infecciosas e ainda mais letais, continua", escreveu.
Ele terminou argumentando que o governo brasileiro precisa ser advertido diante das atitudes que vem adotando durante a pandemia. "O governo brasileiro deveria ser severamente advertido que a falta de cooperação neste esforço global para controlar a pandemia poderia levar a um maior isolamento do país da comunidade internacional e até mesmo à imposição de duras sanções econômicas. Por mais que me custe escrever estas linhas sobre o país que tanto amo, não vejo outra maneira de lidar com um presidente e um governo que voluntariamente levou o Brasil à maior crise humanitária de toda a história do país, ignorando totalmente o enorme sofrimento que esta tragédia já impôs ao povo brasileiro. A mensagem de e para a comunidade internacional deve ser clara e forte: ou saímos disto juntos, ou não sairemos de forma alguma%u201D, concluiu.
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