Com uma série de mortes causadas por casos de desnutrição severa e malária, a taxa de mortalidade na Terra Indígena (TI) Yanomami ficou em 10,7 óbitos para cada mil habitantes em 2020, a maior nos últimos cinco anos. É o que mostra um relatório do Ministério da Saúde divulgado pela pasta na terça-feira (7/2). O índice é mais de três pontos acima da taxa nacional (7,4 por cada mil habitantes) se comparado ao mesmo período — primeiro ano da pandemia da covid-19. O relatório "Missão Yanomami" detalha a visita das equipes da Saúde em Boa Vista e na Terra Indígena entre os dias 15 e 25 de janeiro.
A mortalidade de crianças Yanomami abaixo de um ano foi de 136,7 a cada mil nascidos, em 2020. A taxa é superior ao índice de mortalidade infantil em Serra Leoa (78,2 a cada mil nascidos), a maior do mundo, segundo a Organização das Nações Unidas.
Em março de 2020, a taxa de mortalidade do Brasil passou a ser afetada pelo coronavírus. Entretanto, o garimpo ilegal foi uma das principais causas que ajudaram a elevar os registros na TI.
A atividade garimpeira é a grande causadora da degradação e desequilíbrio ambiental na região. No ranking de mortalidade, que incluiu dados dos últimos cinco anos, 2020 ocupa o primeiro lugar com o maior número de mortes, 332. Nesse período, foram mortos 211 crianças e adolescentes e 121 adultos e idosos.
Ainda segundo o estudo, as principais causas de óbitos são por "agravos preveníveis", sendo o principal agravante a desnutrição, problema antigo na região. O garimpo ilegal do ouro contamina os rios, matando peixe e animais de caça, o que impacta na disponibilidade de alimentos. O quadro também está associado à maior mortalidade e à recorrência de doenças infecciosas, além de causar prejuízos no desenvolvimento psicomotor da criança. A Terra Yanomami enfrenta uma das piores crises sanitárias da história em três décadas.
Em números absolutos e considerando todas as faixas etárias ao longo dos quatro anos, a faixa mais atingida é a de crianças com menos de um ano: 505 óbitos. Seguido de crianças com idades entre 1 e 4 anos, com 178 mortes, e de idosos entre 60 a 79 anos, com 150.
Malária
Em relação ao diagnóstico de doenças, os casos de malária, tuberculose, desnutrição grave, síndrome gripal, síndrome respiratória aguda grave e diarreia aguda foram os que mais se destacaram.
Entre 2018 e 2022 foram registrados pelo Dsei Yanomami 103 casos de tuberculose, o que representa uma incidência de 332,1 para cada 100 mil habitantes. Desses casos, 53 (51,5%) foram em indígenas do sexo masculino e 50 (48,5%) em indígenas do sexo feminino.
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