Brasil

Indigenista Bruno Pereira cursou jornalismo na UFPE e trabalhou no INSS em Recife

Bruno da Cunha Araújo Pereira, o indigenista pernambucano que acompanhava o jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, pelo Vale do Javari, foi estudante de jornalismo  na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 
 
O recifense não chegou a concluir o curso pois, segundo seu amigo há mais de 20 anos Leonardo Sette, seu interesse havia mudado. No entanto, ele era descrito pelos seus colegas como um aluno de extrema inteligência. 
 
Bruno também iria participar da produção de um filme, com o apoio da Funcultura, inspirado em seu trabalho de proteção dos povos indígenas isolados.
 
Ele também trabalhou no INSS no Recife, onde já nutria o sonho de lutar pela preservação da Amazônia e dos povos indígenas isolados. Foi então que ele conseguiu um trabalho no programa ambiental da hidrelétrica de Balbina, no Amazonas. 
 
Bruno Cunha, como era conhecido em sua infância, era uma pessoa alegre e extrovertida que se dava bem com todos. Segundo seus colegas de escola, desde criança ele já demonstrava espírito de liderança e visão ativa por mudanças. 
 
André Duarte, jornalista e colega de escola do indigenista, escreveu em suas redes sociais que "sua coragem, hoje conhecida internacionalmente, já se revelava nas entrelinhas daqueles anos felizes entre 1996 e 1998. Defendia os amigos e assumia a culpa por broncas alheias".
 
Trajetória na Amazônia
 
Bruno Pereira foi aprovado no concurso da Fundação Nacional do Índio (Funai) e escolheu ir para o Vale do Javari, mesmo local onde desapareceu no domingo (5)  pois é a região com maior concentração de populações indígenas isoladas do mundo.
 
O Vale do Javari, além de estar próximo à segunda maior terra indígena do Brasil, com uma população de 6.300 pessoas de 26 etnias, 19 das quais vivem completamente isoladas, também possui forte presença do narcotráfico, devido a sua localização remota e fronteiriça com o Peru e a Colômbia.
 
Sette, que junto  ao amigo, trabalhava também em produções audiovisuais na Amazônia, afirma que o indigenista começou a ter atitudes combativas com relação a crimes assim que ingressou na Funai de Atalaia do Norte,  e que por essa razão conseguiu rapidamente o cargo de coordenador.
 
Ameaças constantes
 
Por suas ações combativas ao tráfico e de defesa aos direitos dos povos indígenas, como acesso às urnas eletrônicas, levadas as aldeias através de helicópteros, e uma maior facilidade ao sistema de saúde. Bruno, sofria constantes ameaças de traficantes e pressões de setores ruralistas ligados ao presidente.
 
Um amigo do indigenista, que preferiu não se identificar, afirmou na sexta-feira (10) que ele foi ameaçado por um dos suspeitos presos um dia antes de desaparecer com o jornalista inglês Dom Phillips, no domingo (5).
 
Nesta quarta, dois dos suspeitos presos pela Polícia Federal, confessaram ter assassinado Bruno e o jornalista inglês Dom Phillips.
 
*Contêm informações retiradas do G1

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