REPATRIAÇÃO

Mais 17 brasileiros deportados pelo governo Trump chegam a Belo Horizonte

Publicado em: 19/02/2020 20:19

 (Foto: Leandro Couri/EM/DAPress)
Foto: Leandro Couri/EM/DAPress
O quarto voo do ano - o quinto desde outubro - vindo dos EUA com deportados brasileiros que tentaram entrar ilegalmente pelo México aterrissou nesta quarta-feira, 19, em Belo Horizonte, com 17 pessoas a bordo - 77 a menos do que o previsto. Inicialmente a Polícia Federal disse que 94 pessoas estavam a bordo, mas a BH Airport, concessionária do aeroporto de Confins, não soube explicar a discrepância.

O mecânico Ezequiel da Silva, de 38 anos, afirmou que os outros deportados não vieram “por maldade”. “Estavam todos prontos, como nós estávamos”, disse.

Ezequiel voltou ao Brasil com a mulher, Luciene Vargas Meira, de 37 anos, e as duas filhas, Evelyn, de 5, e Gabriela, de 12. A família, que é de São Francisco do Guaporé (RO), foi detida e levada para um centro de imigração em El Paso, no Texas, em 19 de janeiro.

De acordo com a BH Airport, 353 pessoas que tentaram entrar ilegalmente nos EUA já voltaram ao Brasil em cinco voos, incluindo o de ontem. O primeiro chegou a Confins em 26 de outubro com 70 pessoas. O segundo, em 24 de janeiro, trouxe 50. O terceiro, em 7 de fevereiro, veio com 130. O quarto, em 14 de fevereiro, tinha 86 deportados.

Estima-se que desde 29 de janeiro deste ano, cerca de 400 pessoas tenham sido repatriadas em voos fretados e também comerciais. “Entre 2018 e  2019 o número de brasileiros que migrou ilegalmente aos Estados Unidos passou para 21 mil, um aumento de 600%”, disse Pannell. “Os Estados Unidos reforçaram a fiscalização migratória na fronteira Sul e, ao mesmo tempo, aprimorou a cooperação com o Brasil”, disse ele. Advertindo aqueles que têm intenção de tentar o ingresso ilegalmente naquele país, Pannell frisou: “Não tentem”.

Pannell acrescentou: “Nossa mensagem para as famílias que estão considerando ir e cruzar a nossa fronteira ilegalmente é essa. Nós sinceramente pedimos para não fazê-lo. Não vale a pena correr o risco. Coiotes e redes de contrabando de imigrantes são perigosos, são bons para tomar o seu dinheiro e rápidos em colocá-los em situações perigosas, e deixá-los sem proteção, comida ou água”. Pannell prosseguiu em seu recado a eventuais imigrantes ilegais, contudo, estimulando aqueles que requerem vistos para viajar legalmente: “É importante saber que em lugar de correr esse risco e perder dinheiro seria melhor investir no futuro de suas famílias no seu próprio país, no Brasil. Mas ao mesmo tempo queremos destacar que damos as boas vindas aos brasileiros que buscam viagem legítima aos Estados e incentivamos aos viajantes a solicitar um visto apropriado para o tipo de viagem”.

Além da cooperação do Brasil para a repatriação dos imigrantes ilegais – sem autorização do governo brasileiro os voos fretados não podem aterrissar e, em solo nacional, a Polícia Federal tem recebido os cidadãos repatriados – Pannell apontou outras mudanças na abordagem da imigração ilegal de brasileiros. A solicitação de asilos, é outra delas. Se antes, ao solicitar asilo o indivíduo aguardava em solo americano a audiência com juiz e o andamento do processo, agora isso não ocorre mais. “Solicitar asilo na fronteira sul dos Estados Unidos não permite mais que os migrantes entrem automaticamente e permaneçam nos Estados Unidos. O requerente de asilo terá de esperar fora dos Estados Unidos, num terceiro país, até a conclusão do processo judicial”.

Os brasileiros adultos deportados, que não estão cuidando de menores e não têm problemas de saúde são algemados nos voos para a repatriação, disse Pannell. Ele alegou a necessidade de tal medida por motivo de segurança do voo. “A política do Departamento de Segurança Interna é que os voos têm de ter segurança. As pessoas em princípio são algemadas, mas há exceções para crianças, mães que estão com crianças e pessoas com certas condições médicas”, afirmou.

As denúncias de brasileiros de terem sido maltratados  durante o período de detenção nos Estados Unidos também foram rebatidas por Pannell.”Estamos cientes das declarações das pessoas, estamos tentando diminuir qualquer situação não agradável durante a detenção das pessoas e tentando diminuir o tempo de espera. Mas acho importante reconhecer que as pessoas que estão nas mãos dos coiotes e contrabandistas, estão em situação  bem mais perigosa  e de risco do que qualquer situação dentro dos Estados Unidos”, afirmou. Pannel disse que no ano passado, o tempo médio de espera antes da repatriação era de 17,7 dias, o que, neste ano, com o fretamento de voos, tem se reduzido bastante. “A nossa intenção é diminuir o tempo de espera na detenção, antes de serem repatriados”, considerou.


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