VAZAMENTO

Óleo chega a Mucuri, no sul da Bahia, e fica mais perto de atingir o Sudeste

Publicado em: 05/11/2019 21:10

Nos últimos dias, novas manchas foram identificadas em praias de três cidades do sul da Bahia: Caravelas (onde atingiu o Parque Nacional de Abrolhos no último sábado), Nova Viçosa e Mucuri (Foto: Divulgação/Prefeitura de Mucuri)
Nos últimos dias, novas manchas foram identificadas em praias de três cidades do sul da Bahia: Caravelas (onde atingiu o Parque Nacional de Abrolhos no último sábado), Nova Viçosa e Mucuri (Foto: Divulgação/Prefeitura de Mucuri)
Os primeiros vestígios de óleo chegaram nesta terça-feira (5) a Mucuri (905 km de Salvador), cidade litorânea mais ao sul da região Nordeste. A praia atingida fica a cerca de 40 km da divisa da Bahia com o Espírito Santo, ampliando a expectativa de que as primeiras manchas de óleo cheguem ao Sudeste nos próximos dias.

Por envolver uma série de fatores como correntes marítimas, ventos, maré e a quantidade de óleo que ainda está no oceano, especialistas apontam que não é possível precisar quando as manchas chegarão ao litoral do Sudeste.

Na última sexta-feira (1), contudo, o Inpe (Instituto de Nacional de Pesquisas Espaciais) informou que é provável que o óleo chegue ao Espírito Santo e ao Rio de Janeiro.

O órgão foi acionado pelo governo federal para detectar movimentação das manchas na costa brasileira e trabalha com a hipótese de que exista ainda mais óleo no oceano.

Nos últimos dias, novas manchas foram identificadas em praias de três cidades do sul da Bahia: Caravelas (onde atingiu o Parque Nacional de Abrolhos no último sábado), Nova Viçosa e Mucuri.

Nas duas últimas, a quantidade de óleo encontrada ainda é pequena. Em Nova Viçosa, foram recolhidos cerca de três quilos de óleo desde o último domingo (5). Em Mucuri, a quantidade de óleo achada ainda não chega a 100 gramas, informou a prefeitura.

Apesar da pequena quantidade, a presença do petróleo acendeu o alerta da comunidade nas duas cidades, que já mobilizam servidores e voluntários.

No Espírito Santo, um comitê com entes federais, estaduais e municipais foi criado há cerca de 30 dias para instituir um plano para remoção e armazenamento do óleo caso ele chegue ao litoral capixaba. Servidores de prefeituras e voluntários de sete municípios foram capacitados.

De acordo com superintendente do Ibama no Espírito Santo, Diego Libardi,  estão sendo realizadas vistorias nos estuários dos principais rios do litoral para verificar a possibilidade de instalar barreiras de contenção.

"A nossa maior preocupação não são as praias, mas, sim, os estuários dos rios. São locais de onde seria mais difícil retirar o óleo", afirma Libardi.

A capital Vitória e outras seis cidades do litoral capixaba – Linhares, Aracruz, Conceição da Barra, São Mateus, Jaguaré e Fundão – já começaram a receber treinamento para uma provável chegada do óleo.

Em Conceição da Barra, cidade de 30 mil habitantes que fica na divisa com a Bahia, a prefeitura iniciou ações diárias de monitoramento dos cerca de 30 quilômetros de litoral . Por enquanto, ainda não há vestígios de óleo, mas a comunidade já se prepara para o pior.

"Pela forma como as coisas estão evoluindo, é provável que nossa cidade seja a primeira do Sudeste a receber o óleo, mas já há um plano de ação emergencial para enfrentar o problema", afirma o coordenador municipal de Proteção e Defesa Civil de Conceição da Barra, Jalmas Ferreira Greis.

A prefeitura vem cadastrando e treinando voluntários e servidores municipais, além de ter adquirido equipamentos de proteção individual para proteger as pessoas que forem atuar no recolhimento do óleo.

A imprevisibilidade é o principal desafio enfrentado pelos estados cujos litorais possam ser poluídos pelo óleo. De acordo com Ícaro Moreira, professor do Departamento de Engenharia Ambiental da UFBA (Universidade Federal da Bahia), não é possível estimar com precisão a a trajetória do óleo na costa brasileira.

"No oceano, são diversas variáveis. Não é como um rio que segue nas mesmas direção e velocidade", explica. Ele ressalta que as correntes marítimas e os ventos tendem fazer com que o óleo siga na direção sul nesta época do ano.

No domingo (3), o ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva afirmou que "não tem bola de cristal" para estimar o volume e a dinâmica do vazamento do óleo que atingiu as praias do litoral nordestino.

"É um óleo difícil que vem a meia água. O radar não pega, o sonar não pega, o satélite não pega. A gente tem uma visualização dele quando chega na água. É difícil, a gente não tem uma bola de cristal em relação a isso", afirmou.

As manchas de óleo começaram a atingir o litoral nordestino no dia 30 de agosto. Desde então, são ao menos 321 locais de pelo menos 125 municípios em nove estados foram atingidos pelas manchas de óleo. Ao todo, 112 animais foram achados oleados, sendo que 83 deles morreram.
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL