VAZAMENTO NO NE

Governo pedirá ajuda de outros países para investigar navio grego

Publicado em: 05/11/2019 08:31 | Atualizado em: 05/11/2019 08:35

Foto: Leandro de Santana/Esp.DP
O governo federal vai pedir ajuda de outros países, entre eles, Grécia e Cingapura, na investigação sobre o navio grego que transportava o óleo que atingiu a costa do Nordeste. A Interpol também deverá ajudar. O delegado da Polícia Federal e chefe de Serviço de Geointeligência da corporação, Franco Perazzoni demonstra otimismo no andamento da apuração, que contou com o auxílio de imagens de satélites e simulações.

O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, afirmou que o prejuízo do Brasil será na casa dos bilhões. A multa máxima por danos ambientais aplicada pelo Ibama é de R$ 50 milhões. Mas é possível haver mais de uma penalização, explicou.

Embora a quantidade de manchas tenha diminuído por toda a costa, como o produto está, em grande parte, submerso, é de difícil visualização. Por isso, segundo o coordenador da Operação Amazônia Azul e comandante de operações navais da Marinha, almirante Leonardo Puntel, não é possível descartar que correntes marítimas tragam quantidades ainda maiores do óleo para as praias brasileiras.

Puntel foi obrigado a explicar a incerteza da situação após o presidente da República, Jair Bolsonaro, ter afirmado, no omingo, que “o pior está por vir”. A boa notícia é que, ao menos por enquanto, o petróleo está chegando em menores quantidades em estados como Bahia e Sergipe. Não houve novos registros no santuário baiano de Abrolhos, e em parte da costa pernambucana o produto não voltou a aparecer. O Ministério da Defesa iniciará, agora, uma nova fase da operação. Militares do Exército e da Marinha atuarão na limpeza de regiões de mangues, estuários e arrecifes do Nordeste.

A empresa suspeita é a Delta Tankers, dona do navio Bouboulina, que teria derramado o petróleo, embarcado na Venezuela, ao passar ao largo da costa brasileira. A companhia, porém, afirma que descarregou todo o óleo na Malásia. Ao todo, o produto atingiu nove estados, 110 municípios e 314 localidades. As operações de limpeza da costa brasileira contam com 10.180 pessoas. Voluntários, funcionários dos governos federal, estadual e municipal, além de militares, já retiraram quatro mil toneladas de resíduos tóxicos da areia e da água do mar. O Executivo federal já disponibilizou mais de 21 mil equipamentos de segurança e entregará outros 36 mil. As informações foram divulgadas pelo Ministério da Defesa.

Crime transnacional

Perazzoni comentou a complexidade das investigações em um incidente que envolve outras nações. “O prejuízo no turismo é um problema. Os danos ambientais são estratosféricos. Quando se trata de crimes transnacionais, dependemos da diplomacia, da cooperação jurídica internacional, da cooperação policial. O crime foi no Brasil. A jurisdição é brasileira. Os efeitos se deram aqui. Mas precisamos de outros países para concluir a investigação. O descarte de óleo no oceano também é crime na Grécia, o que facilita. O que buscamos é ajuda na produção de provas. Já fizemos o pedido de cooperação policial e, agora, faremos pela via judicial”, explicou.

Puntel, por sua vez, falou sobre as peculiaridades do desastre na costa brasileira. “Todo acidente inédito leva a várias ideias e muitas possibilidades. Nesse caso, não podemos descartar nenhuma possibilidade, e precisamos tomar medidas de mitigação. Como é óleo submerso, não sabemos se existe muita coisa ou pouca coisa. Não há uma maneira precisa para monitorar essas manchas. Temos que estar atentos”, afirmou. 
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