CONFLITO

Mortes são mais um capítulo da guerra entre facções no Amazonas

Publicado em: 30/10/2019 21:54

Corpos mortos pela PM sendo removidos pelo IML, em Manaus. (Foto: Reprodução/Rede Amazônica)
Corpos mortos pela PM sendo removidos pelo IML, em Manaus. (Foto: Reprodução/Rede Amazônica)
Os 17 homens mortos pela Polícia Militar em uma favela de Manaus fazem parte de uma sucessão de episódios sangrentos pelo controle do narcotráfico no Amazonas, o único estado fronteiriço com os dois maiores produtores mundiais de cocaína, Colômbia e Peru.

O bairro Betânia, onde ocorreram as mortes, é território do Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, mas cobiçado pela FDN (Família do Norte), fundada em Manaus. 

Na versão da PM, corroborada por moradores ouvidos pela reportagem, integrantes da FDN invadiram o local na noite de terça-feira (29), sem resistência da facção rival. Acionada, a PM matou parte dos invasores madrugada adentro.

No Ano-Novo de 2017, a FDN comandou uma onda de ataques ao CV nos presídios de Manaus que deixou 67 mortos, vários deles decapitados. O massacre desencadeou episódios semelhantes em Roraima, território do CV, e no Rio Grande do Norte.

Com o CV enfraquecido, a FDN passou por uma cisão interna. Em dezembro de 2017, seis homens foram mortos em um campo de futebol no bairro da Compensa, berço da facção.

O capítulo mais sangrento dessa guerra fratricida ocorreu em maio deste ano, com mais 55 mortos dentro dos presídios de Manaus durante dois dias.

O atual secretário de Segurança Pública, o coronel da PM Louismar Bonates, negociou em 2015 a ampliação do poder da FDN no sistema carcerário em troca de "paz nas cadeias", segundo investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

Bonates admitiu ter tido um encontro com "representantes da massa carcerária" naquele ano, quando era  secretário de Administração Penitenciária, mas negou qualquer acordo. Ele não responde a processo judicial sobre o episódio.

Além de importante mercado consumidor, Manaus é entreposto da cocaína que abastece o Norte o Nordeste do país. A droga é transportada principalmente pelo rio Solimões, que liga o Peru e a Colômbia ao Brasil e ao oceano Atlântico.
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