BADIM

Corpos de 10 vítimas de incêndio em hospital no RJ são identificados

Publicado em: 13/09/2019 13:31 | Atualizado em: 13/09/2019 14:27

Foto: AFP
Após o incêndio que atingiu o hospital particular Badim na noite de quinta-feira (12) na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, familiares compareceram ao IML (Instituto Médico Legal) na manhã desta sexta (13) para o reconhecimento de 10 corpos. Segundo exames preliminares, a maioria das vítimas estava no CTI do hospital e morreu asfixiada com a fumaça, sem queimaduras graves.

 
Até o momento, 10 vítimas foram reconhecidas: Alayde Henrique Barbieri; Ana Almeida do Nascimento, 90 anos; Berta dos Santos, 93 anos; Darcy da Rocha Dias, 88 anos; Irene Freiras de Brito, 84 anos; José Costa de Andrade; Luzia dos Santos Melo, 88 anos; Maria Alice Teixeira da Costa, 76 anos; Marlene Menezes Fraga, 85 anos; Virgílio Claudino da Silva, 66 anos.

Na madrugada desta sexta, a Defesa Civil informou que havia 11 mortos. No início da tarde, no entanto, a Polícia Civil afirmou que eram 10 corpos no Instituto Médico Legal (IML).

Inquérito

O inquérito para investigar o incêndio está sendo conduzido pela 18ª delegacia de polícia.
O delegado Roberto Ramos afirmou que os peritos da Polícia Civil continuam com dificuldades para realizar a perícia em função da água que restou no prédio após o trabalho dos bombeiros. A polícia está garantindo que a energia elétrica está desativada para evitar acidentes.
 
O delegado também disse que brigadistas e pessoas que estavam no hospital nesta quinta-feira já foram chamados para prestar depoimento nesta sexta. Um perito da Polícia Civil deixou o prédio com um aparelho que, segundo ele, contém as imagens das câmeras do hospital. O Corpo de Bombeiros diz que o Badim tinha o Certificado de Aprovação, que comprova o cumprimento da legislação contra incêndio e pânico. A prefeitura também diz que o local possui alvará de funcionamento.
 
Técnicos da vigilância sanitária inspecionaram o hospital Badim em julho deste ano. De acordo com o órgão, foram identificadas necessidades de adequação em nove áreas do local. Porém, nada que impedisse o funcionamento do estabelecimento. 
 
"O processo de licenciamento sanitário do estabelecimento está em andamento, aguardando essas adequações (dentro do prazo concedido para serem realizadas) e nova inspeção", disse a vigilância sanitária.
 
A representante comercial Renata Schmid, 40, teve sua casa, vizinha ao hospital, parcialmente interditada por risco de curto circuito. A reportagem entrou na residência, que fica em uma vila. O ambiente da cozinha estava muito quente, vidros da sala se quebraram, o reboco da parede caiu e havia rachaduras na parede. O cheiro de queimado também era forte.
 
Na quinta, a Defesa Civil orientou que Renata deixasse a casa por precaução. Os demais moradores da vila também. decidiram dormir em outros locais. Uma mulher que mora em uma das casas inalou muita fumaça e acabou internada.
 
Os corpos encaminhados ao IML foram periciados e identificados por papiloscopistas, por meio das impressões digitais, e uma equipe especializada em atendimento de tragédias em massa presta atendimento psicológico aos familiares. 
 
Consternado, Emanuel Melo, filho da vítima Luzia, disse que acompanhou a mãe junto com a equipe do hospital.
 
"Procurei tranquilizar minha mãe. Arrumei a maca e colocamos ela pra ela sair. Eu só falava 'mãe, por favor, não tira essa máscara [de oxigênio]'. Disse 'mãe, não fala nada, deixa pra falar depois'. E agora não vou mais poder falar com ela", conta Emanuel.
 
O carioca afirma que houve negligência do hospital, truculência do Corpo de Bombeiros e que a morte poderia ter sido evitada.
 
"Foi um assassinato. Só faleceram os que estavam no G1 e no primeiro andar, os idosos, que deveriam ser prioridade", afirma.
 
Luzia era maranhense e morava há décadas em Cascadura, na zona norte do Rio. Estava internada para tratar uma pneumonia.
 
Seu sepultamento será neste sábado (14), no cemitério São Francisco Xavier, na Tijuca. 
Emanuel afirma que houve uma queda de luz, quando ele e outros presentes no CTI perceberam fumaça por volta de 17h15 e alertaram a equipe do hospital. Foram informados que se tratava de manutenção interna. 
 
"Aí, quando houve a explosão, a fumaça tomou conta de tudo, era um cheiro insuportável", lembra.
 
O hospital faz parte da rede D'Or São Luiz. Havia 103 pacientes e 226 funcionários no local quando o incêndio começou. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 17h50 e enviou no total 12 viaturas e agentes de quatro quartéis ao edifício, que foi tomado por uma fumaça preta e espessa, como mostram imagens gravadas por quem passava pela região.
 
Pessoas internadas nos centros de terapia intensiva (CTI), muitas delas idosas e em estado grave, foram retiradas ainda nas macas. Com colchões e lençóis, funcionários improvisaram leitos em ruas próximas, que foram bloqueadas.
 
Segundo a direção do hospital, ao que tudo indica, o incêndio foi provocado por um curto-circuito em um gerador no subsolo do prédio mais antigo do Badim, que tem dois edifícios, um inaugurado em 2000 e o outro, em 2018. A fumaça do incêndio subiu para todos os andares. O prédio abriga leitos e um CTI.
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