Galvão, ex-diretor do Inpe, afirma que sistema privado de monitoramento é jogar dinheiro fora

Por: FolhaPress

Publicado em: 16/08/2019 22:19

Foto: Divulgação/Inpe
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Foto: Divulgação/Inpe (Foto: Divulgação/Inpe )
Ricardo Galvão, ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), diz que o sistema de monitoramento privado de desmate pretendido pelo ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) não tem serventia e só vai gerar mais gasto de recursos.

Galvão participou, nesta sexta (16), de uma palestra na USP intitulada Autonomia e Liberdade Científica.

Segundo o ex-diretor do Inpe, Salles se irritou com o cientista após a participação de ambos no programa Painel, da GloboNews.

"Eu falei: 'Ministro, não se mede a distância Rio-SP com uma régua de 10 cm", disse Galvão. "A copa de uma árvore da Amazônia tem diâmetro de 15 m, 20 m. Para que eu preciso de uma resolução de 2 m para um alerta de desmatamento? Eu preciso de uma resolução de 2 m se eu quiser pagar muito mais para um sistema com maior resolução e maior quantidade de dados."

O ex-diretor relembrou a redução da destruição alcançada em gestões anteriores, com auxílio do Inpe – o desmate caiu cerca de 3,7 vezes, de mais de 27 mil km² (2004) para 7.536 km² (2018).

Houve tentativas de explicar os dados do Inpe para Salles, mas o ministro, segundo Galvão, não entendeu.

GGalvão também disse que os cientistas do Inpe não tiveram acesso aos dados que supostamente mostrariam erros nas informações de desmate. Galvão afirmou que os dados foram requisitados, mas que Salles não os disponibilizou.

"Temos certeza que o Prodes vai mostrar um aumento imenso do desmatamento", afirmou Galvão.
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