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Mulher acusa garçom de assédio: 'Enfiou os dedos dentro da minha roupa'

Funcionário de uma balada em BH, teria tocado os seios da vítima sob pretexto de procurar um cartão de consumação

Uma jovem de 22 anos acusou um garçom de tocar nos seios dela sob o pretexto de procurar um cartão de consumação, durante uma festa na madrugada do último sábado, em uma boate no Buritis, Região Oeste de Belo Horizonte. A denúncia de assédio, divulgada em redes sociais, rendeu o afastamento do garçom.

A vítima, que registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar, comemorava aniversário naquela noite. O post dela no Facebook, até a manhã desta segunda-feira, já havia engajado mais de duas mil pessoas, entre compartilhamentos e reações. Segundo relato de P.C.S à corporação e também compartilhado na internet, o assédio teria ocorrido por volta de 5h, quando ela foi ao bar do Night Market Rooftop buscar três garrafas de água mineral. 

Ao solicitar as bebidas ao garçom, o funcionário pediu que a jovem o entregasse o cartão de consumação. No entanto, a vítima se confundiu e entregou um cartão de crédito. O garçom, então, explicou que era preciso encontrar o cartão da casa: sem ele, não era permitida a entrada dos clientes.

Ainda de acordo com a Polícia Militar, a jovem alegou ao funcionário que o cartão estava com o irmão dela, que teria o usado para pegar duas vodkas, brinde da boate a P.C.S pela comemoração do aniversário. Segundo ela, “o homem falou para procurar direito que provavelmente estava na minha bolsa, ou então: 'aqui!' Foi o momento que esse infeliz enfiou dois dedos dentro da minha roupa tocando nos meus seios”,  relatou a jovem, que alega ter ficado sem reação após ter sido assediada. 

“Naquele momento por 10 segundos, congelei, não falei nada e virei as costas. Nessa fração de segundos, dei por mim do que havia acontecido! Fui assediada dentro de uma boate tão renomada em Belo Horizonte, o Night Market! Voltei e gritei com o garçom perguntando se ele tinha noção do que ele havia feito, e o mesmo apenas assustou e não me respondeu. Voltei a gritar e bater no balcão perguntando se ele seria homem de falar, e a única coisa que ouvi foi um: ‘não fiz nada’ em tom de total desespero!”

Quando a jovem começou a indagar o garçom, ela diz, segundo a PM, ter sido abordada por um homem que se identificou como o dono da boate. “Covarde e mercenário, não me deu suporte algum, pensando apenas na imagem do Night Market, alegando que a situação não aconteceu, me deixando exposta a um assédio sexual, logo uma situação gritante, grave e corriqueira que vem sendo tão debatida e pouco combatida.”

A jovem pediu ao responsável pela boate para que ele a levasse à sala em que ficam os registros das câmeras de segurança para que ela mostrasse o ocorrido e registrasse a ocorrência. Quando ela solicitou as imagens, o homem deixou o local e foi verificar os registros, mas retornou minutos depois e disse que os vídeos estavam “foscos” e que, por isso, não era possível enxergar o que ocorreu. 

Ainda conforme a denúncia da vítima, o homem mudou a versão quando percebeu que outros clientes se incomodaram com a situação e alegou “não ter visto nada nas câmeras que eram todas em HD”. De acordo com a vítima, seguranças da casa de show a orientaram a procurar uma delegacia. 

Ela denuncia que, enquanto conversava com os seguranças, outros funcionários tiraram o garçom do balcão e levaram o homem para lugar inacessível aos clientes. A Polícia Militar foi acionada e conversou com o suposto dono da boate e conseguiu localizar o garçom e conduzi-lo à delegacia. 

Todos os envolvidos foram encaminhados para o registro da ocorrência na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. 

Boate e garçom se defendem

Na versão do garçom W.F.C., de 24 anos, à polícia, a mulher se aproximou do balcão por volta das 5h para pedir as três garrafas de água. Foi o momento em que ela  lhe entregou o cartão de crédito e ele informou que precisava do cartão entregue pela casa para registrar o pedido. "W.F.C.  a orientou de que todos os clientes recebem o cartão e que talvez ela teria feito alguma confusão", consta no Boletim de Ocorrência. E, em seguida, afirmou que o cartão deveria estar em uma bolsa.

Ele alegou à PM que passou a atender outro cliente enquanto ela procurava o cartão. Após o distanciamento, de acordo com a versão dele, ela voltou para dizer "você tem noção do que fez?". O  namorado da vítima chegou e os dois gritaram e começaram a insultá-lo, ainda segundo W.F.C. O namorado teria cuspido no garçom. Foi então que ele se retirou do local. "Ele fala que não entrou em qualquer contato físico", afirma o BO.

As imagens das câmeras de segurança não confirmaram a versão da jovem, de acordo com o gerente da casa M.R.B, de 29, que também compareceu à delegacia. Ele contou que estava em uma área próxima à cliente, mas que não presenciou o momento do atendimento. Ele foi chamado depois que a "confusão" começou. Foi então que a vítima solicitou que as as imagens do circuito interno de segurança  fossem vistas.
 
Depois da repercussão do caso nas redes sociais, o Night Market Rooftop se posicionou, via Instagram. "Enfatizamos que repudiamos todo o tipo de violência, desrespeito e preconceito. Nossa história não condiz com nenhum ato de violência", informou.
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"Nossa cliente alega ter sido agredida por um colaborador, que nega as acusações. Todas as pessoas envolvidas direta e indiretamente foram ouvidas e o material de vídeo apresentado aos agentes competentes pela investigação (sic). O atendente do bar está afastado de suas atividades até que o caso seja elucidado," diz a nota. 
 
Inconformada, a jovem pede que, ao sofrerem assédio, as mulheres denunciem o crime: “Meninas, não se calem! Por mais maçante que seja o processo, a paz no coração de ter feito a nossa parte é a melhor recompensa. Estamos vivendo uma realidade assustadora onde um estabelecimento renomado não dá apoio algum a uma cliente que foi vítima de assédio sexual e tentam acobertar um criminoso,” desabafou.
 
A Polícia Civil foi procurada, mas ainda não se pronunciou sobre as investigações do caso. 

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
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