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No Dia Internacional do Riso, palhaços e contadores de histórias animam idosos

Sentadas em um banco na entrada de um dos pavilhões do Abrigo do Cristo Redentor de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, idosas ouvem atentamente o palhaço Tuiuí, acompanhado do musico Leo Gonzaga, ao violão, tocar numa gaita Asa Branca, de Luiz Gonzaga. Motivadas pela música, algumas começam a cantar e a dançar.

Outros idosos vão se juntando ao grupo, animados com a chegada dos demais integrantes do coletivo Experimentalismo Brabo, que há um ano leva ao abrigo, instituição filantrópica que dá assistência a cerca de 200 idosos carentes, um cortejo de música, palhaçaria, brincação e contação de histórias. Neste domingo (18), Dia Internacional do Riso, Tuiuí, Leo, a palhaça Primeira Dama e as contadoras de histórias Cristina Pizzotti, Melissa Coelho e Camila Lima levaram alegria aos idosos há anos internados no asilo.

Enquanto Cristina contava para uma idosa a história Os Dois Cegos Briguentos, anedota popular do livro Armazém do Folclore, de Ricardo Azevedo, Tuiuí contava para a interna Judite, de quem ouviu histórias e recebeu uma proposta de casamento. Juran de Oliveira, “de mais de 60 anos”, foi o padre da “cerimônia”, encerrada com dança ao som de Asa Branca  e outras canções.

“A gente procura estimular o idoso a não apenas assistir às brincadeiras e ouvir as histórias, mas também a fazer parte do espetáculo, interagindo com as suas próprias vivências”, explica Leonardo Melo, o Salo – e também o palhaço Da Lapa – coordenador do Experimentalismo Brabo. O trabalho do grupo está em consonância com os benefícios já comprovados da terapia do riso, que, empregada em hospitais e asilos, tem conseguido amenizar a dor e melhorar o humor dos pacientes e internos.

“Os resultados não são imediatos, vão aparecendo com o tempo, ao longo das sucessivas visitas”, ressalta Melo. Um exemplo é a mineira Maria José, a Zezé, a mais animada do grupo. Estimulada pelo palhaço, com quem dançou e cantou, ela acabou contando suas vivências numa fazenda de Minas Gerais, onde “limpava as tetas das vacas e ajudava a carregar o leite”.

O cortejo percorre todos os pavilhões do Abrigo do Cristo Redentor e tem início pela ala feminina, onde ficam as idosas mais debilitadas fisicamente. “Aqui a interação é mais difícil”, revela Cristina Pizzotti, que se esforçava para atrair a atenção para a história do folclore que contava para dona Antonia Maria, de 55 anos, visivelmente mal-humorada e de poucas palavras.

Criado no complexo de favelas de Manguinhos, na zona norte do Rio, o coletivo Experimentalismo Brabo faz também em outros espaços intervenções artísticas voltadas para a reflexão sobre solidariedade, afeto, cultura de paz e cooperativismo. “Além do Abrigo do Cristo Redentor, atuamos em outras instituições para idosos e em favelas”, conta Leonardo Melo.

O grupo tem o apoio da Secretaria Estadual de Cultura e faz parte do Programa Pontos de Leitura, ambos do Rio de Janeiro.

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