Diario Mulher

Sofomania: transtorno de quem acha que sabe tudo

Comportamento obsessivo para demonstrar ter mais sabedoria que qualquer outra pessoa pode ser um distúrbio psicológico, o que desencadeia uma série de impulsos irracionais

A sofomania é uma necessidade compulsiva de parecer sábio(a), quando, na realidade, não há nenhum conhecimento técnico sobre o assunto que tenta mostrar saber. E mais, quem a possui não aceita ser contrariado(a), até mesmo por quem tem expertise no assunto. É uma pessoa insegura, que não gosta de demonstrar fragilidade, temendo ser considerada ignorante ou incompetente. 

Como mania é um hábito repetitivo e extravagante, o comportamento obsessivo para demonstrar ter mais sabedoria que qualquer outra pessoa, com conhecimentos superiores aos reais, pode ser um distúrbio psicológico, o que desencadeia uma série de impulsos irracionais. 

Contudo, as manias apenas são consideradas transtornos mentais, quando passam a atrapalhar algum aspecto da vida da pessoa. No geral, os maníacos possuem as seguintes características: 

  • aumento na euforia;  
  • alta irritabilidade; 
  • hiperatividade;
  • autoestima e autoconfiança exagerados.

Quem tem sofomania, confia exclusivamente nas suas intuições, observações e vivências pessoais. Se não foi visto pelo sofomaníaco, então não existe. Acha que suas observações pessoais e experiências tem mais validade que estudos e pesquisas científicas, que, inclusive, caso sejam contra seu posicionamento, não são aceitas e o sofomaníaco contesta veementemente. 

A necessidade de demonstrar tamanho falso conhecimento, caracteriza-se pelo complexo de inferioridade, sentimentos de insegurança ou inadequação, busca de autoaprovação, baixa autoestima e medo de ser julgado pelos outros. Desta forma, sente mais segurança quando está no meio de outras pessoas, desenvolvendo comportamentos obsessivos para parecer mais inteligente do que realmente é. 

A sofomania se diferencia do efeito Dunning-Krueger, onde a pessoa teve acesso, ainda que ínfimo, aos fundamentos do conhecimento sob o qual julga ser um especialista. Pode ter feito uma breve leitura sobre um assunto ou pode ter criado uma ilusão em sua mente, de que pode se posicionar como autoridade no assunto. 

Já na sofomania, o indivíduo sequer  pesquisou sobre o assunto, baseando-se nas próprias  percepções individuais, não aceitando opiniões contrárias às suas, indo até as últimas consequências para impor seu posicionamento, ao ponto de vencer o outro pelo cansaço.

Dificilmente se consegue mudar o comportamento de uma pessoa com sofomania. A necessidade de mudança  deve partir unicamente dela, pois diante da característica de irredutibilidade, dificilmente aceitará algum conselho para tratamento.  


Claudia Goldin é a ganhadora do Prêmio Nobel de Economia de 2023, por ter feito avançar a compreensão dos resultados da participação das mulheres no mercado de trabalho, explicando porque persistem grandes desigualdades. Ela apresentou o primeiro estudo abrangente sobre os rendimentos das mulheres e a participação no mercado de trabalho ao longo dos séculos. A sua investigação revela as causas da mudança, bem como as principais fontes de disparidades de gênero.

São mais de 200 anos de dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, onde Claudia é professora na Universidade de Havard, apontando as diferenças de gênero nos rendimentos e nas taxas de emprego ao longo do tempo. Aborda a força de trabalho feminina, os rendimentos dos gêneros, desigualdade de rendimentos, mudança tecnológica, educação, imigração e diferenças de remuneração entre homens e mulheres e entre mulheres em diferentes fases da vida. 

Observa, por exemplo, que disparidades aumentam com o trabalho árduo, que exige cada vez mais horas dedicadas. No seu último trabalho publicado em 2021 nos Estados Unidos, "Career and family: women's century-long journey towards equity" (Carreira e família: a jornada centenária das mulheres rumo à equidade, em português), ela explica a persistência destas disparidades e como elas se alimentam através deste “trabalho voraz”. 


A campanha Outubro Rosa alerta a sociedade sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. Recentemente, a iniciativa também incluiu o câncer do colo do útero em suas ações. Segundo o INCA, Instituto Nacional de Câncer, 40% dos cânceres em mulheres são ginecológicos. 

O mais comum entre esses é o câncer de mama (29,7%), seguido dos de colo do útero (7,5%), ovário (3%) e corpo do útero (2,9%). Contudo, enquanto as doenças de mama, ovário e corpo do útero são mais comuns entre mulheres acima de 50 anos, o câncer do colo do útero é mais frequente entre as mulheres jovens, mas também é possível de ser prevenido. 

O colo do útero é a parte mais baixa e estreita do útero, localizada no fim do canal vaginal. O câncer nessa região é causado por infecções não tratadas, a maior parte provocada por alguns tipos de Papilomavírus Humano – HPV.

Estima-se que existam mais de 200 tipos de HPV. Apesar de serem sexualmente transmissíveis, o preservativo protege apenas parcialmente, pois a transmissão dos HPVs também acontece pelo contato pele a pele de vulva, períneo e bolsa escrotal. No entanto, existe vacina contra o HPV, que protege contra os tipos 6 e 11, que causam verrugas genitais, e os 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero, por isso, é chamada de quadrivalente ou tetravalente.

Desde 2014, a vacina contra o HPV está disponível no sistema público de saúde para meninas entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. A vacina é mais indicada para essa faixa etária, pois induz melhor resposta quando comparada a adultos jovens e porque as jovens vacinadas sem contato prévio com HPV têm maiores chances de proteção contra lesões que podem provocar o câncer uterino. Em casos de transplantados, portadores de HIV ou pessoas em tratamentos de câncer, o prazo é prolongado até 26 anos, mas requer prescrição médica. 

Outras faixas etárias podem se vacinar no sistema privado, caso seja recomendado pelo médico. Lembrando que a vacina tetravalente é liberada pela Anvisa para o sexo feminino, dos 9 aos 45 anos, e masculino, dos 9 aos 26. E a bivalente, para o sexo feminino dos 9 aos 26 anos. A eficácia é maior entre os mais jovens que ainda não iniciaram a vida sexual e não foram expostos aos tipos virais presentes nas vacinas. 

A vacina não evita pelo menos 30% das infecções oncogênicas (que podem causar câncer). Aí entra a importância do exame citopatológico preventivo do câncer do colo do útero (Papanicolau), mesmo para mulheres vacinadas. É um exame simples e rápido, que colhe células do colo do útero para análise em laboratório. Ele é a principal forma de ter o diagnóstico precoce da doença ou detectar lesões iniciais antes que evoluam para o câncer. 

O exame é recomendado para mulheres entre 25 e 64 anos de idade, que têm ou já tiveram vida sexual. O Ministério da Saúde orienta que o Papanicolau seja anual apenas nos dois primeiros anos e, não havendo alterações, seja repetido a cada três anos.

O câncer do colo do útero pode não apresentar sintomas na fase inicial. Alguns sinais de alerta, que não significam necessariamente câncer, mas demonstram a necessidade de uma consulta médica para avaliação:

  • Sangramento vaginal
  • Corrimento ou secreção
  • Dor vaginal após relações sexuais
  • Dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais

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