COLUNA

Deepfake: não acredite em tudo que vê

A celeridade de julgamentos pode dar origem a situações de risco, além de cancelamentos que podem acarretar inúmeras consequências, algumas delas irrevogáveis

Publicado em: 04/10/2023 10:26 | Atualizado em: 04/10/2023 10:33

 (Foto: Freepik)
Foto: Freepik
O tema é realmente preocupante, mas é indispensável entendê-lo e conhecê-lo para que não haja nenhum tipo de prejuízo em virtude do desconhecimento. Vivemos em uma sociedade informacional, onde a quantidade e a velocidade da informação dificultam muitas vezes o próprio entendimento do cenário. A necessidade de se posicionar que o ser humano atualmente possui, também é um fenômeno contemporâneo. A celeridade de julgamentos pode dar origem a situações de risco, além de cancelamentos que podem acarretar inúmeras consequências, algumas delas irrevogáveis. 

Não são poucos os casos em que a opinião pública acaba por interferir diretamente na vida de alguém, seja pressionando por uma demissão, por perda de contratos, seja boicotando pessoas e empresas, e até pressionando decisões judiciais, mas pode acontecer de depois de ter passado por toda situação caótica, se descubra que a situação não era como parecia ser.
 
Visando não cometer injustiças e não se deixar envolver em situações duvidosas, é imprescindível conhecer o fenômeno chamado deepfake.  

De maneira simples, trata-se de uma manipulação usando a inteligência artificial (IA) para criar vídeos e imagens de pessoas que não condizem com suas condutas na vida real. Isso ocorre através de sincronização de movimentos labiais, expressões e outros ajustes como a sobreposição do rosto, ajustes do maxilar, muitas vezes com resultado surpreendente e convincente.

Esse tipo de criação, normalmente, é utilizado para ataques políticos, golpes, sátiras e agressões às mulheres, afinal a maioria dos casos de deepfake envolvendo vídeos pornográficos, infelizmente, são com mulheres.

Para exemplificar, pode-se verificar um vídeo publicado onde Barack Obama, aparece xingando Donald Trump, além das inúmeras montagens pornográficas podemos citar as atrizes Gal Gadot e Emma Watson. Em 2022, um vídeo de Elon Musk criado artificialmente, prometia grande retorno de um investimento em criptomoeda, causando prejuízos a quem investiu. No Brasil, em 2018 foi muito comentado o vídeo de João Dória em uma cena pornô, que logo foi apontado como deepfake por ele e por alguns especialistas. Independentemente da finalidade, os prejuízos tanto podem ser financeiros quanto reputacionais.

Celebridades, influencers, políticos e executivos de grandes empresas, têm mais facilidade de serem alvos, mas isso não elimina a possibilidade de uma pessoa comum ser vítima, muitas vezes com intuito de retaliação e vingança. 

Quando esse fenômeno começou a ser exposto, quem manipulava esses vídeos precisava ter conhecimento avançado sobre IA, ter um bom processador gráfico, mas atualmente existem aplicativos disponíveis capazes de fazer o mesmo em poucos cliques. Pessoas desavisadas e desinformadas tendem a acreditar no que estão vendo sem questionar.

Não acredite em tudo que vê! Questione, avalie, aguarde, não emita opinião, não se deixe manipular. E se você foi vítima de uma montagem como essa, procure um profissional de sua confiança especialista em Direito Digital para ajudá-lo a desmascarar a farsa o quanto antes.

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