Neymar, fora

Luiz Otavio Cavalcanti
Ex-secretário de Planejamento e Urbanismo da Prefeitura do Recife, ex-secretário da Fazenda de Pernambuco e ex-secretário de Planejamento de Pernambuco.

Publicado em: 07/06/2019 03:00 Atualizado em: 07/06/2019 09:00

Representar é relação entre duas pessoas. Representante e representada. Envolve, pela natureza do vínculo, dimensão moral. Pois, quem está representado, quer um bom representante. Que dignifique seu nome.

Muito bem. Tal relação é ainda mais sensível quando se trata de país. O profissional que representa uma nação, seja diplomata, cientista ou jogador, deve atestar credencial ética. Por que? Porque, no caso, abrange a superior qualidade de coletivo nacional. Cujo conceito deve ser objeto de rigoroso zelo.

Na prática, a representação nacional, que é simbólica, acentua valores. O representante do país, no seu perfil, na sua história, deve expressar tais valores. São qualidades pessoais que refletem a cultura nacional. É caráter pessoal espelhando caráter nacional.

No capítulo da seleção brasileira de futebol, quem olha a camiseta do Brasil enxerga o país. Quem vê a camiseta amarela, que corre o gramado, acredita num conjunto de atributos. Esportivos e morais. Quem olha o jogador brasileiro, vê o Brasil.

Nesse contexto, a representação compreende noção de integridade. Coisa íntegra. Integridade é expressão do que é inteiro. É manifestação de inteireza. Onde não há fratura, quebra ou jaça.

Quer dizer, o representante de um país deve ser perito no que faz. E honrado como cidadão. Integridade é isto. Exemplar em todos os aspectos. Profissional e moralmente. Para que apenas aspectos positivos se transmitam à imagem da nação representada.

Ora, o recente episódio envolvendo Neymar merece atenção. O jornal O Globo, no seu site, noticia o seguinte: o laudo da mulher, que acusa o jogador de estuprador, registra a existência de hematomas e edemas.

Por outro lado, o jogador lançou na rede social fotos íntimas da mulher com quem manteve relações sexuais, segundo ele, consensuais. Postar fotos íntimas sem consentimento do outro configura crime, conforme a lei.

Significa que, a esta altura, o jogador é investigado por dois crimes: estupro e divulgação indevida de fotos em meio eletrônico.

Por tudo isto, parecia conveniente cortar Neymar da Seleção. Preservando a seleção desse tipo de polêmica. E somente associando a imagem do Brasil a valores íntegros.

Mas os fatos ajudaram a pedagogia do futebol. Neymar está fora da Copa América por contusão. Tanto melhor. Ele terá tempo de se cuidar no físico e no jurídico. E a seleção se livra de polêmica. Em benefício de seu esperado desempenho.

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