Editorial Responsabilidade de todos

Publicado em: 15/05/2019 03:00 Atualizado em: 15/05/2019 09:13

A semana mal começou e todos os holofotes se voltaram, novamente, para a economia. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem os dados do desempenho do setor de serviços, que apontam queda de 0,7% em abril e acentuam o temor de retração no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que será divulgado no dia 30. Bancos e consultorias já mostram resultado negativo em suas projeções.

Também ontem foi divulgada a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que trouxe informações que reforçam o palpite dos especialistas ao dizer que os indicadores sugerem “probabilidade relevante” de que o PIB dos primeiros três meses do ano tenha recuado ligeiramente na comparação com o trimestre anterior.

Tecnicamente, a recessão se configura pela sequência de dois trimestres de retração. Os dados preliminares de abril e maio, no entanto, são desanimadores, o que leva a crer que, a não ser que a segunda metade de maio e o mês de junho se caracterizem por surpreendente aquecimento na economia, o segundo trimestre também será de encolhimento.

Para piorar, os índices do primeiro semestre pressionam fortemente os últimos seis meses do ano. Isso porque, depois de uma série de revisões para baixo, a última pesquisa Focus, do Banco Central, estima crescimento de 1,45% para o PIB em 2019. No setor privado, a aposta mais forte gira em torno de 1%, crescimento pífio que repete a baixa performance dos últimos dois anos. Isso significa dizer que, no segundo semestre, a economia teria de reagir com força suficiente para compensar a retração do primeiro e ainda para “segurar” o resultado do ano.

Cada novo indicador ruim aumenta a urgência em se aprovar a reforma da Previdência e outras já defendidas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Não apenas pelos resultados concretos que delas virão, mas pela mudança que medidas concretas são capazes de provocar em cenários nublados e conflituosos.

A esperança é que o desenrolar positivo da agenda econômica do governo funcione como um forte vento, daqueles que levam embora a tempestade e trazem de volta os que há anos estão adiando essa viagem. Não há investidor que prefira se aventurar em mar revolto a aguardar para zarpar sob céu de brigadeiro. Estão certos. Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Onde não há confiança, ninguém se arrisca.

Cabe ao governo minimizar as polêmicas, agir pontual e emergencialmente onde for necessário e focar no principal: negociar para garantir que o futuro seja melhor que o presente. O momento pede, além de austeridade, seriedade e articulação política. A economia agoniza e, para salvá-la, cada representante eleito precisa fazer a sua parte. A responsabilidade, gigantesca, precisa ser assumida por todos.

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