Editorial O melhor presente

Publicado em: 09/05/2019 03:00 Atualizado em: 09/05/2019 06:59

Dezembro ainda está distante, mas estamos na contagem regressiva para o Natal. Sim, o Natal do primeiro semestre, o Dia das Mães, tradicionalmente a segunda melhor data do ano para o comércio. Até domingo, o varejo brasileiro espera movimentar R$ 9,7 bilhões, um aumento de 3,8% no volume de vendas em relação a 2018. A estimativa é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e já desconta a inflação do período. Significa que o ganho será real, uma injeção de ânimo na economia, tão combalida nos últimos tempos e mergulhada em expectativas de reformas e investimentos.

Boa parte dessa elevação, se confirmada, virá graças ao comportamento dos preços, que, este ano, garantem empresários, estão com remarcações menores. “Apesar da alta de cerca de 7% no dólar entre maio e o mesmo mês do ano passado, a fragilidade do processo de recuperação econômica tem, desde o fim da recessão, inibido repasses de preços ao consumidor acima da taxa de inflação em diversos segmentos”, observa a CNC. Na prática, indicam as pesquisas, o brasileiro pretende gastar menos com presentes para a data. O dado positivo é que mais gente está disposta a ir às compras. A economia agradece.

Enquanto a tão esperada retomada não se concretiza, comércio e indústria ficam à mercê do calendário de datas comemorativas que incrementam os negócios (depois das Mães, vêm Namorados, festas juninas, Pais...). São eventos importantes que estimulam vendas – e continuarão assim –, mas é preciso criar condições para ampliar a agenda dos empresários. Destravar o país passa por decisões do Congresso, voltado para as discussões da necessária reforma da Previdência. Ontem mesmo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante audiência na comissão especial da Câmara, voltou a defender a urgência de mudanças no regime de aposentadorias e reafirmou: “A velha Previdência está condenada à explosão”.

Debaixo da nuvem de incertezas e diante de sucessivas revisões do PIB, o empresariado prefere esperar, adia investimentos e acaba segurando o motor do crescimento. Para o Dia das Mães, dos cerca de 22,1 mil trabalhadores contratados temporariamente para a data, menos de 5% deve ser efetivado a partir da semana que vem, abaixo da histórica taxa média de 5% a 6%. Nesse cenário, mais que roupa, sapato, perfume, livro, celular, maquiagem ou flores, qualquer mãe adoraria ganhar de presente um emprego: para si mesma ou para o marido, um filho, neto, genro, nora, sobrinho...

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.