Editorial O clima e a agricultura

Publicado em: 29/04/2019 03:00 Atualizado em: 29/04/2019 05:49

O sinal vermelho acendeu na agricultura brasileira, com a previsão de arrefecimento das condições climáticas desfavoráveis para o plantio. A intensificação do aquecimento global e a volta do fenômeno conhecido como El Niño — anomalia das temperaturas da superfície do oceano e da circulação atmosférica, resultando em extremos climáticos em todo o mundo, devem impactar a safra de grãos, o que pode comprometer o setor. O surgimento do fenômeno climático cria a expectativa de grande volume de chuvas para as primeiras colheitas, mas o veranico, seca que ocorre em áreas meridionais do Brasil, caracterizado por uma estiagem acompanhada de calor intenso, forte insolação e baixa umidade relativa do ar, preocupa bastante os agricultores.

As mudanças bruscas do clima, como a seca e as prejudiciais chuvas de granizo, que acontecem intensamente em todas as regiões do país, fez soar o sinal de alerta para as autoridades e todos os envolvidos na cadeia produtiva agrícola, do agronegócio à agricultura familiar. Não são poucas as áreas que ficaram sem uma gota de chuva por mais de dois meses e há registro de crescimento no número de municípios que decretam situação de emergência ou calamidade pública, condição determinante para a renegociação de dívidas ou ações a fim de minimizar os prejuízos provocados pelos fenômenos.

Para mitigar o problema, pesquisas são desenvolvidas por centros de excelência, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e outros órgão dedicados ao desenvolvimento do campo, para que o setor possa conviver com os fenômenos climáticos. São estudados, continuamente, o aprimoramento de plantas mais resistentes, estratégias de armazenamento de água e técnicas de infiltração de água no solo para combater a erosão e perenizar os rios.

Um dos recursos de política agrícola do governo federal, à disposição dos agricultores, é o seguro, mas o valor é considerado muito elevado para a realidade rural brasileira. Não são muitos os proprietários rurais que lançam mão do seguro, para evitar o prejuízo, em caso de quebra de safra. Ao conseguir o crédito rural, o agricultor recebe orientações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento relativas à data de plantio e de cultivares para cada região, além de outras informações importantes para que o processo seja exitoso.

Os agricultores familiares têm o suporte do Fundo de Garantia Safra. O programa foi criado pelo governo federal em 2002, pela então Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário, e atendeu, no ano passado, sete milhões de produtores. O fundo garante ao agricultor familiar o recebimento de um auxílio pecuniário, por tempo determinado, em caso de perda da safra por problemas climáticos. A agricultura, com forte peso na composição do Produto Interno Bruto (PIB) e responsável pela criação de milhões de empregos, merece toda a atenção dos governantes. E a busca para o seu aprimoramento tem de ser constante, principalmente em tempos de mudanças imprevisíveis do clima.

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