Editorial Sem reforma, nada avança

Publicado em: 27/04/2019 03:00 Atualizado em: 27/04/2019 06:24

Mais de 13 milhões de brasileiros estão desempregados, vítimas da crise econômica iniciada em 2014, que levou o país à mais profunda recessão das últimas décadas. Passadas as eleições de outubro, a expectativa de um novo tempo para aliviar essa chaga não chegou. Em março, 43.196 postos de trabalho foram fechados, uma retração de 0,11% nas contratações com carteira assinada na comparação com fevereiro, com um saldo positivo de 173.139 vagas, segundo o Cadastro de Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Esse cenário desalentador é uma das causas da inadimplência, que encerrou o primeiro trimestre com alta de 0,13%. Hoje, 62,7 milhões de pessoas estão com o nome negativado, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Esse universo de devedores corresponde a mais de 40% da população adulta. Além disso, há a falta de educação financeira. Em governos passados, as pessoas foram estimuladas a contrair empréstimos e a consumir, em vez de poupar. A expansão da economia estava lastreada na venda de produtos industrializados e na agropecuária. Endividadas e sem poupança, grande parte delas sucumbiu durante a crise e não conseguiu se reerguer, em meio à depressão econômica.

A União, sem capacidade de investimentos, não consegue induzir o desenvolvimento. O Legislativo não imprime a celeridade necessária na apreciação e aprovação da reforma da Previdência. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara levou 62 dias para votar a admissibilidade da proposta de emenda constitucional apresentada pelo Executivo. Os integrantes da Comissão Especial da Câmara, que vai analisar e votar o conteúdo da proposta de emenda constitucional, deverá iniciar os trabalhos após o feriado de 1º de Maio — Dia do Trabalho.

Do lado de fora do Congresso, empresários e investidores se mantêm cautelosos. Eles têm planos e recursos para investir. Mas sabem também que, sem as mudanças na Previdência, o Brasil se torna um país inseguro. O governo federal não terá meios de implementar qualquer projeto de infraestrutura, honrar compromissos e criar melhores condições de operacionalidade para as empresas e que sejam atraentes ao capital externo.

Os prognósticos são sombrios: se nada ocorrer até o fim deste ano, em 2020, a União poderá experimentar o mesmo tormento enfrentado por muitos governos estaduais, que nem sequer conseguem pagar os servidores.O momento impõe responsabilidade dos legisladores e dos integrantes do Executivo. O Brasil precisa virar essa página, e não há outro caminho senão por meio do crescimento econômico, que assegure pleno emprego e dignidade aos cidadãos.

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