O Seminário de Tropicologia através dos tempos

Marly Mota
Membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 16/04/2019 03:00 Atualizado em: 16/04/2019 08:23

Muito a propósito serão festejados em 15 de março de 2020, os 120 anos de vida do sociólogo e antropólogo Gilberto Freyre, cultor das relações internacionais e regionais, fundador do Seminário de Tropicologia, assentado no Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, onde, com dedicação, o poeta Mauro Mota foi o diretor executivo no período de 1958 a 1970. Mauro deu vida e projeção ao Instituto que teve continuidade na gestão de Fernando Freyre, já como Fundação Joaquim Nabuco.

Em 27 de maio de 1987 sob a presidência da filósofa, escritora e amiga Maria do Carmo Tavares de Miranda, tomei parte da sessão como membro do seminário, tendo como conferencista o sergipano Bráulio do Nascimento, autor da bibliografia do Folclore Brasileiro. Na ocasião fui solicitada a revelar o que exponho sobre a cultura popular nas minhas telas. Houve época que brinquei com os meus pincéis, colorindo o festivo mundo de temas do folclore.

Meu amigo Gilberto Freyre espontaneamente escreveu em jornais do Recife e no Diário Popular de Lisboa a crônica, A propósito de Marly Mota: No provincianamente regional de que a pintura de Marly é captação admirável, a artista não inventa: descobre, identificando-se de tal modo com o que descobre de expressivamente simples, em paisagens e gentes assim provincianas, que deixa de querer aparecer erudita para tornar-se ela própria, provinciana no seu modo de ser simples.  

Morando na pacata cidade de Bom Jardim, da minha infância, guardei a catolicidade lírica das festas religiosas dentro e fora da igreja, na companhia de Sá Ana, morando na nossa casa desde o casamento dos meus pais, ajudou com dedicação minha mãe a cuidar dos meus irmãos. Quando alguém a chamava de “velha”, furiosa rebatia: Véa é as estrada!  Não sabia ler, nem assinar o nome. Sabia contar histórias do seu pobre mundo de crenças e costumes do povo, fazia-me chorar cantando:

“Carpinteiro do meu pai não me cortes o cabelo / minha mãe me penteou / e a madrasta me enterrou / pelo figo da figueira / que o passarinho beliscou”.  
 
Na segunda edição, deste ano 2019, do meu modesto livro Pátio da Matriz, pela Cepe, nele foram impressos valiosos comentários em crônicas dos escritores Raimundo Carrero, Diario de Pernambuco e Renato Almeida, Jornal de Letras do Rio de Janeiro.  

Aos mestres amigos, o meu afetuoso agradecimento.

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