O fato único

José Luiz Delgado
Professor de Direito da Universidade Federal de Pernambuco

Publicado em: 13/04/2019 03:00 Atualizado em: 15/04/2019 08:26

Há um fato único na história. Fato que nunca aconteceu antes nem tornará a acontecer. Só aconteceu uma única e solitária vez. Por isso mesmo, é o fato absolutamente decisivo – tão decisivo que nos interpela e exige de nós uma posição.  

Depois de três anos de íntima convivência, em que assistiram a alguns milagres espantosos praticados por aquele mestre que os convocara inexplicavelmente e dele aprenderam lições surpreendentes e notavelmente superiores, muito além de tudo quanto a sabedoria humana viera construindo ao longo dos tempos, aqueles anos sublimes acabaram de repente com a realidade brutal da prisão, condenação e morte, pregado numa cruz. O mestre, que tanto os encantava, estava indiscutivelmente morto. E eles, os discípulos, amargamente desiludidos.

Três dias depois, porém, o morto ressuscitou.

Pode-se imaginar o que é isso? Ver ressuscitado, indubitavelmente ressuscitado, alguém que morrera, indubitavelmente morrera, e que eles, segundo o costume, haviam depositado num túmulo aberto na rocha? O que faríamos nós diante de semelhante maravilha? É claro que os apóstolos ficaram fascinados, completamente tomados de entusiasmo por Aquele que os reunira e os viera instruindo e agora, ao cabo, fora morto mas espantosamente ressuscitara. Não somente Ele era diferente de todos os outros homens (o que eles já achavam que era)  – mas era superpoderoso, a ponto de se desprender da morte por conta própria, fazer consigo mesmo o que fizera com alguns outros mortos, Lázaro, por exemplo, poucos dias antes. Se aquilo, a ressurreição de Lázaro, já era portento inacreditável, quanto mais o próprio morto, por sua própria força (como, força de um morto?), levantar-se da morte! Donde, Ele era de fato Deus, o filho de Deus, como dissera, aquele que falava “Abba”, paizinho, e dizia “quem me vê, vê o Pai”, e de si mesmo assegurara: “Eu sou a ressurreição e a vida”.

Portanto, Deus mesmo, vivo e verdadeiro, estivera com eles, três anos eles haviam passado na amizade, na proximidade, de Deus! Não podiam ter dúvida alguma dessas duas verdades absolutas: o Mestre de fato morrera, pregado numa cruz; e três dias depois reaparecera, vivíssimo, e passara com eles mais 40 dias, e não era nenhum fantasma, mas concreto e real, como eles próprios, no qual podiam tocar, e que falava e comia com eles.

Não têm, não podem ter, aqueles discípulos, outra coisa a fazer doravante senão sair proclamando esse acontecimento, o único Acontecimento. Dar testemunho. Gritar, por toda parte, a todas as gentes, que Deus esteve entre nós. Enfim, fazer o que o mestre mesmo mandara: irem por toda a terra, batizar todos os povos, a todos levar a boa nova. E por causa disso eles se dispersarão por todos os lugares e enfrentarão todas as potestades. E admitirão ser mortos como Ele foi e não terão mais nenhum medo da morte – porque sabem que Jesus ressuscitou.

A salvação dos homens, a reconciliação com Deus, foi o sacrifício da cruz que fez. O que a ressurreição faz é não deixar dúvida nenhuma sobre a identidade dEle. Ela é essencial para a nossa fé. Como dizia São Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé”. Ela é o fato único e inigualável da história: Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos.

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