Previdência, vermelho-hemorragia

José Adalberto Ribeiro
Jornalista

Publicado em: 12/04/2019 03:00 Atualizado em: 12/04/2019 09:03

MONTANHAS DA JAQUEIRA – A Previdência Social vivencia um estado pré-falimentar, esta é a constatação irrecusável. Como estancar a sangria desatada, é o Xis da questão. Ao longo de décadas a Previdência funcionou como usina geradora de privilégios em favor das castas, príncipes e princesas da realeza republicana. E tem sido permissiva para as fraudes e a sonegação dos grandes devedores.

Os privilégios são mantidos pela dinâmica da inércia. Hay que reverter essa dinâmica perversa, pero sem castigar os mais pobres para não aguçar ainda mais as injustiças sociais.   

O vermelho-hemorragia, o déficit, está na faixa dos bilhões de denários, extrapola ideologias.

O futuro a Zeus pertence. E também pertence à Previdência Social. Deus proteja os aposentados do Funrural! Deus proteja os macróbios do Benefício da Prestação Continuada – BPC!

O Funrural e o Benefício da Prestação Continuada – BPC não fazem parte da Previdência Social. São políticas de assistência social, tipo o Bolsa Família, independem de contribuições, e deveriam ser consideradas cláusulas pétreas, feito os privilégios das castas.

Neste Brazil do desemprego, do subemprego e da informalidade, os beneficiários do Funrural e do BPC na maioria são arrimos de família, operam o milagre da multiplicação de migalhas. O Funrural evita o êxodo rural.

Se for restabelecido o ciclo virtuoso na economia – investimentos,  prosperidade, empregos –, haverá um refrigério nas contas públicas e será estancada ou revertida a sangria desatada na Previdência. Mas, se mantidos os privilégios das realezas, as riquezas continuarão a ser apropriadas pelos goelas e não haverá salvação.

Benefícios do Funrural e BPC entram diretamente nas artérias e veias da economia e retornam para o governo, ao menos metade, sob a forma de impostos.  

A título de livre pensar, lembremos que o famigerado Fundo Partidário irá abocanhar este ano R$ 927 milhões e serve apenas para ninar raposas políticas dependentes das glândulas mamárias do governo. É o Benefício dos vivaldinos.

Se é para falar em austeridade, que tal zerar as benesses dos cartões corporativos do governo?! Este é o BPC das realezas republicanas.   

Ser presidente, ministro, deputado, senador, ser um príncipe da República é padecer no paraíso. Ganham supersalários e desfrutam de mil mordomias. É um serviço maneiro. Por acaso já passou pela cabeça de um potentado, ao menos de raspão, a ideia de reduzir os próprios salários, digamos, em 10 por cento, para transmitir uma imagem de austeridade e dar um suspiro nos cofres públicos?! Seria gesto didático e magnânimo, exemplo maravilhoso. Mas, eu estou apenas sonhando.

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