Editorial Pensando no futuro

Publicado em: 09/04/2019 03:00 Atualizado em: 09/04/2019 08:49

Ao completar 100 dias, amanhã, o governo do presidente Jair Bolsonaro tem de olhar para frente, para o futuro, e não ficar preso a crises que teve de enfrentar neste seu início - umas pequenas e outras nem tão grandes - que suscitaram uma enxurrada de críticas por parte de vários setores da sociedade brasileira. O importante mesmo, agora, é arregaçar as mangas e partir para atitudes proativas, se debruçar sobre os graves problemas que afligem a nação e encontrar as soluções mais adequadas para a volta do crescimento socioeconômico. É imprescindível deixar de lado as rusgas do passado para que o país realmente consolide o caminho para o desenvolvimento sustentável e reintegre ao mercado de trabalho os mais de 13 milhões de desempregados formais.

A demissão do controverso ministro da Educação, o colombiano Ricardo Vélez Rodrígues — ele foi indicado pelo não menos controverso filósofo Olavo de Carvalho, considerado o “guru” do presidente Jair Bolsonaro — é demonstração cabal de que o Palácio do Planalto está atento e sensível às reais necessidades do país e que age para equacionar as crises que porventura surgirem. A presença de Vélez à frente de ministério de tamanha grandeza foi duramente criticada por amplos setores de apoiadores e opositores da gestão atual, e sua saída mostra claramente que o governo está disposto a trocar quem não estiver respondendo às expectativas.

Assim como decidiu pela exoneração do então ministro Vélez, o presidente Bolsonaro não se furtou em reconhecer o equívoco que seria a transferência da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, cidade disputada como capital por Israel e pelo Estado da Palestina, preferindo abrir um escritório de representação comercial na milenar e histórica cidade — a decisão prejudicaria enormemente as relações comerciais com os países árabes. Também frustrou os planos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que queria o apoio do Brasil para uma possível intervenção militar na Venezuela.

Na atualidade, todo empenho vem sendo feito para o aprofundamento do diálogo com a classe política. E o presidente da República dá sinais de que o diálogo com o Poder Legislativo deve ser priorizado quando busca uma aproximação com as lideranças partidárias para o encaminhamento exitoso da reforma da Previdência, única forma para se alcançar o equilíbrio das contas públicas, que se encontram em frangalhos. Somente com a ampla participação do Parlamento, o projeto da reforma previdenciária encaminhado ao Congresso poderá ser aprovado sem sofrer alterações que possam modificar sua essência, de preferência, ainda no primeiro semestre.

Virada a página da reforma da Previdência, o diálogo com o Congresso deve se voltar para o projeto de combate ao crime apresentado pelo ministro Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, uma das prioridades da população apontadas por todas as pesquisas de opinião. As negociações com os parlamentares devem ser priorizadas para a rápida aprovação da proposta que dará os meios eficazes para o enfrentamento ao crime organizado e à corrupção. Negociações seguindo a premissa apregoada pelo presidente da República de sepultamento da política do toma lá dá cá. Três meses e dez dias significam quase nada para se fazer tudo o que é preciso, mas o pontapé inicial foi dado e, agora, o fundamental é prosseguir com muito trabalho e determinação pensando no futuro.

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