Mais livros e menos armas. Simples assim

Raimundo Carrero
Escritor e jornalista
raimundocarrero@gmail.com

Publicado em: 18/03/2019 03:00 Atualizado em: 18/03/2019 08:58

Vamos concordar: O massacre no Colégio Raul Brasil, em Suzano,  foi arrasador, como é da natureza de todo massacre. No entanto, tem uma coisa ainda mais arrasadora. Logo depois desta ação, um senador paulista, do indigitado PSL , declarou à Folha de São Paulo, que se a professora Marilena estivesse armada o número de mortes seria menor. Esta é a tal defesa da liberação  das armas. A professora, porém, pensava de forma inteiramente oposta. Num movimento estudantil, ela defendia que os meninos devem ter mais livros do que armas.

Na minha ingênua formação l não acredito no poder das armas nem na guerra. Até porque a guerra pode ser evitada. Imaginem um colégio onde estudantes, professores e funcionários podem entrar armados, uma guerra a cada cinco minutos. O diálogo é imensamente superior a conflito armado. Numa escola, então, não há espaço para armas, qualquer que seja a justificativa.

Não consigo entender, e jamais entenderei esta ideia de uma sociedade bélica porque há algo o Estado não está conseguindo cumprir o seu dever mais  elementar. Não é por causa disso que as praças de uma cidade se transformem em campos de batalha. Basta o sofrimento, evitável, daqueles que se envolvem solitariamente. Vamos ler mais, vamos estudar mais, vamos nos dedicar mais à tarefa do amor e da cordialidade.

Aliás, amar é a tarefa do cristão, e é o que ser insistentemente e renovadamente  pregado nas escolas, nos clubes, nas casas. Não há chance de ser cristão quem prega a vingança e o ódio. Presentear com livros é um gesto de amor. Machismo desesperado com distribuição de tiros, tapas e beijos, só ofende e maltrata.

Uma criança bem preparada sabe ouvir e negociar. Em muitos casos fala-se na falência das escolas , e não é; em certo sentido, é a falência da família; quem educa é a família, são os pais. Em casa aprende-se a viver, não é diferente. A escola auxilia, assessora, ajuda, completa. Família não é só o almoço do domingo, é mais, muito mais. É o exemplo, o comportamento, a qualificação. Sempre e sempre, sem esquecer jamais que livros são superiores a armas. Tem de ser assim.

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